Mostre-me um exemplo TRIBUNA DE URUGUAIANA: A beleza do simples, por Gabriel Novis Neves

15 de nov. de 2014

A beleza do simples, por Gabriel Novis Neves

A beleza do simples 
Consegui amenizar a amargura que tomou conta de mim em uma dessas tardes em que a mídia me afrontou, sem dó nem piedade, com as distorções escandalosas do nosso sistema político. 
No caso em questão, foram notícias sobre um acréscimo de mimos para a classe judiciária já tão privilegiada, enquanto que a maior parte do país sofre um dos maiores arrochos de sua história. 
Mas, como que para compensar tanto desencanto com a nossa classe dirigente, recebi como um bálsamo a entrevista que assisti à noite com o fantástico compositor Carlos Colla. 
Com suas modestas duas mil e seiscentas músicas, aliadas à sua figura de simplicidade contagiante, fez-me esquecer por alguns momentos da mediocridade que nos cerca. 
Advogado por formação, ele abandonou a atuação na OAB para se tornar um músico feliz nas ruas de Paris. 
Seu olhar é tranquilo, sua voz calma e melodiosa, e tem uma postura avessa ao estrelismo. 
Suas músicas foram gravadas e interpretadas pelas vozes mais eminentes do Brasil, e o transformaram em um compositor de primeira linha. 
Fiquei pensando no absurdo da necessidade da fama procurada freneticamente  pelos imbecis e pelos pobres de espírito. 
Lembrei-me imediatamente do também glorioso Baden Powell.  Um de seus versos dizia: “o homem que diz sou não é, porque quem é mesmo não diz...”. 
Homens iluminados conseguem brilhar, apesar da imbecilidade vigente. 
Existem pessoas que não necessitam e nem anseiam pelo reconhecimento público. São aquelas com elevada autoestima e que têm a certeza do seu valor e capacidade, e são felizes. 
Outras há, no entanto, que precisam trilhar os caminhos da exposição constante e da mediocridade, e são, no mais das vezes, infelizes. 
Tudo na contramão do momento atual, em que alguns infelizes se atropelam e se matam  por um minuto de fama. 

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