Mostre-me um exemplo TRIBUNA DE URUGUAIANA: Valores, por Gabriel Novis Neves

23 de set. de 2015

Valores, por Gabriel Novis Neves

Valores
Educar é muito mais do que ensinar. Educar é, essencialmente, passar valores. 
O mundo moderno, onde tudo é consumido e descartado muito rapidamente, vive um momento atípico causado pela velocidade das mudanças em todos os níveis. 
Tudo foi transformado muito mais intensamente nesses últimos setenta anos do que nos últimos quatro mil anos. 
Somos uma geração que conseguiu sobreviver razoavelmente bem a essa enxurrada de novos conceitos e alta tecnologia. 
Estamos falando, não somente dos valores tradicionais, tais como ética e moral, a maioria já obsoleta, mas, de um dos que considero da maior importância para a vida adulta, a autoestima. 
Quantos de nós não vivenciamos a cultura do “não” e do sempre “insuficiente”? 
Por mais que nos esforçássemos, estávamos sempre sendo cobrados por uma melhora, num aperfeiçoamento quase sempre inatingível. 
Essa cultura repressiva, em que questões comportamentais não são discutidas e valores são passados sem questionamentos, continua ainda vigente em muitas escolas e lares pelo mundo afora. 
Resultado: adultos inseguros, infelizes e com baixa autoestima, sempre descontentes com os patamares de sucesso para os quais foram programados. 
Ao contrário, os incentivos elogiosos às iniciativas pessoais e à criatividade, produzem na vida adulta pessoas autoconfiantes, aptas às alternâncias e instabilidades que fazem parte do cotidiano, em que tudo é dinâmico em todos os momentos e nem sempre a nosso favor. 
A autoestima e o conhecimento são, a meu ver, os maiores legados que podemos deixar para alunos ou familiares.  
Isso é tão patente que nos nossos relacionamentos logo reconhecemos os vitoriosos, os seguros de si mesmos, ainda que aparentem pouca intimidade com o “rebanho”, sempre muito submisso. 
Essas reflexões me reportam a Oscar Wilde, quando se dizia muito preocupado quando concordavam com ele: era sinal que deveria rever seus conceitos. 
Realmente, a humanidade não é preparada para a especulação. Ela prefere ficar numa zona de aparente conforto em que conceitos, mesmo arcaicos, devem ser seguidos sem maiores questionamentos, ainda que muito dolorosos no futuro. 
Esse costuma ser o comportamento das massas.  Daí os modismos de todo tipo, sejam eles estéticos, sociais, sexuais, comportamentais. 
O “todo” costuma englobar o “pessoal”.  
Nos dias atuais, em que nos chega tanta tecnologia, tanta informação e, também, tanta desinformação, é preciso ficar atento a que tipo de adultos a educação atual está formando - se totais submissos a dogmas e mitos ou seres pensantes, aptos ao novo, acreditando-se como transformadores do universo. 
Isso é o que esperamos das escolas e, principalmente, da capacidade familiar de não minimizar as aptidões de seus descendentes.

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