Mostre-me um exemplo TRIBUNA DE URUGUAIANA: Pingado federal, por Valéria del Cueto

9 de mai. de 2016

Pingado federal, por Valéria del Cueto

Texto e foto de Valéria del Cueto
Pingado é café com leite. Além de ser aquela mistura particular e intransferível de um pouco de café e muito leite, ou vice versa, no balcão do botequim.  Dizem que também é, nas brincadeiras infantis, aquele que não está na roda pra valer, faz só figuração. Fica lá no meio, vendo a bola passar de um lado pro outro, o pegador correndo atrás dos seus amigos...
Estamos, agora, com uma nova categoria política, que já se alastra e se apresenta no executivo e no legislativo. São os presidentes pingados. Dilma e, finalmente, Cunha. Tudo café com leite. Usam casas no tabuleiro do jogo, com direito a liturgia e rapapés. Mas de verdade não tem mais voz ativa.
Esse é o quadro atual e, como tudo, pode mudar ali na frente. Cunha deve ir cuidar de suas numerosas defesas em diversos processos. Caiu meio sem ter tempo de respirar (por incrível que pareça) numa ação espetacular dentro do Supremo. Recebeu a notificação em casa, antes das 8 da matina. Um climão.
Foi pego de surpresa nas malhas de uma representação antiga do Procurador Geral da República, Rodrigo Janot. A acusação de usar o cargo para intimidar pessoas e atrasar a operação Lava Jato estava aninhada no colo do ministro Teori Zavascki desde dezembro. Deu liminar e unanimidade entre os ministros do pleno do Supremo Tribunal Federal em questão de horas.   
O agora ex-presidente fez seu papel no momento, mas já avisou que há mais coisas entre a Presidência da Câmara dos Deputados e as barras dos tribunais do Supremo, ou quem sabe, do Juiz Sérgio Moro (onde já estão na fila mulher e filha aguardando o desenrolar de alguma fase da operação Lava Jato) do que supõe não apenas a filosofia, mas outras ciências. Exatas, humanas ou exotéricas.
Dilma, lá pelo Alvorada, verifica suas possibilidades de deslocamento nos seus dias de julgamento no Senado Federal e manda ver no “entra e sai” do Diário Oficial. E inaugurou Belo Monte... Danada!
Avalia-se quem saiu ganhando na queda de braço dos presidentes tentando definir quem chegou primeiro ao castigo. Mais importante será verificar quem terá parceiros, amigos e plateia nos conturbados dias que estão por vir.
Já o ainda vice Michel Temer precisa mostrar serviço e agradar a muitas correntes e vertentes. E a base... Ah, a base. Faz seu papel de sempre, sem notar que o modus operandi atual é carta marcada para o fracasso nacional. O sacode que começou no topo da pirâmide tem que se expandir para as instâncias inferiores. Parece que ainda tem gente que não entendeu que a banda não vai mais poder tocar na cadência atual.
Falando em cadência, agora, além de música, é lei, sancionada pelo Senado, o ensino de artes visuais, dança e teatro. Vamos esperar pra ver cumprir...
Aí, ela reagiu! Só nos últimos parágrafos da crônica Pluct Plact, o extraterrestre, conseguiu uma reação, no caso, a sonora gargalhada da amiga encarcerada e quase catatônica de tédio diante das extraordinárias novidades narradas.
Riu por lembrar como comemorou e acreditou quando a obrigatoriedade de música nas escolas virou lei, anos atrás. E nada aconteceu... A única música que a educação toca é a das moedas nos bolsos dos que se corrompem para roubar do ensino público de um país tão sem educação. Em São Paulo é na merenda. Em Mato Grosso, na construção de escolas! Crimes hediondos...
Só rindo, pra nãos chorar ao receber uma última informação do viajante intergaláctico enguiçado por aqui. A de que o Motosserra de Ouro, Blairo Maggi, mais uma vez, era o cara para o Ministério da Agricultura. Devendo se filiar ao PP, após ter debutado no PPS, passado no PR e ter sido um quase membro do PMDB! Desistiu do partido do vice jurando que ficaria no PR até as eleições de 2016.
“Não, não fui eu!”, garante a cronista, sob o olhar sideral de um Pluct, Plact desolado. “Pode espalhar por aí!”
E ele obedeceu, pingando a negativa por aí...  
Valéria del Cueto é jornalista, fotógrafa e gestora de carnaval. Crônica da série “Fábulas Fabulosas” do Sem Fim...

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