Mostre-me um exemplo TRIBUNA DE URUGUAIANA: abril 2021

20 de abr. de 2021

Danço eu, dança você - Fábula Fabulosa de Valéria del Cueto


Danço eu, dança você

Texto e foto de Valéria del Cueto

Que o raio de luz do luar, esse que invade sua cela, querida cronista voluntariamente isolada do outro lado do túnel, seja suficiente para iluminar sua alma e gerar o perdão que agora, euzinho, Pluct Plact, o extraterrestre, peço por minha ausência, cada vez mais prolongada. Juro (humanamente) que vou mudar de atitude.

Seu amigo está exausto de tanto interlocutar! Quantas vezes procurei um tempo para atualiza-la sobre os últimos eventos planetários. Não consegui abrigo num pôr do sol que estimulasse o exercício (tão prazeroso antigamente) de procurar assuntos que fisgassem sua imaginação e funcionassem como estímulo à manutenção do seu fio terra.

Foi nele que me enrolei nessa tarefa hercúlea de intermediar os contatos entre os seres intergalácticos que chegam e os locais. Não consigo desenrolar o mapa mundi do panorama mundial com a mesma clareza e generosidade que você, cronista, me aplicou nos nossos diálogos pela janela da cela. Não há luz do luar para dourar a pílula dos fatos que por aqui se desenrolam.

Não tem sequência de jogada de xadrez tridimensional capaz de provocar uma mexida tão radical no tabuleiro quanto as que tenho registrado meticulosamente. Haja nuvem e capacidade de combinação no banco de dados.

Para começar, existimos oficialmente! Reconhecidos pelo Pentágono. Também, como permanecer incógnito depois do deslumbrante desfile dos faraós pelas ruas do Cairo? Todas as divindades ali, a céu aberto, solenemente conduzidas pela avenida cenograficamente iluminada... Não, não foi um desfile de carnaval (tá com saudades, é? Pois vai ficando). Foi à vera, foi real e atraiu energias poderosas, desconhecidas para terráqueos. Nem você, cronista aluada, imagina o que aconteceu com o equilíbrio dos visitantes. Tipo um gole único e completo numa dose dupla de Jack Daniel’s. Bateu e voltou.

Enquanto batia e, na embriaguez as naves pirilampearam despidas de discrição em vários pontos do planeta, a galera liberou geral. No sentido mais amplo e irrestrito da expressão. Até o ex-presidente Lula recebeu passe livre, acredite! A chacoalhada energética produziu outros fenômenos numa cadeia improvável de modelagem (anda na moda com os estudos estatísticos da covid-19) inalcançável, como um desvio de trajetória ocasionado por um acidente de percurso.

E voltou. As coisas iam de mal a pior com o “coiso do meu”. Meu exército, meu poder, meu (des)governo encaminhando o país da pandemia ao pandemônio anunciado e, sabemos, inevitável, garante a modelagem (de novo ela). Povo na corda bamba, economia no V de vão sem fundo, inflação que nem pipa em vento ascendente, falta de hospitais, médicos, insumos, vacina, vergonha na cara. E o Centrão centrão. Sugando o sangue coagulado da facada eleitoral no povo, pra variar, bucha de canhão.

Com a boiada ambiental passando sob os olhos coniventes de quem jurou defender o Brasil e a Amazônia vendados por cargos comissionados da estrutura do governo, dançaram as florestas, os índios, as riquezas naturais. E não é um minueto. É o funk do quadradinho com todas as expressões sexuais que se aprende no TikTok. Estão arrombando a festa!

Então, antes que você me pergunte, com seu olhar de Capitu enluarada, por que estou desenrolando esse babado? Mando na lata: agora é a hora do miudinho! Chamaram na chincha a diretoria do governo genocida.

Aqui, tem CPI pelo conjunto da obra negacionista xexelenta no gerenciamento da pandemia. 375 mil mortes depois...

Na Cúpula do Clima, convocada pelos USA, diante das maiores nações do mundo, sob o peso de um aumento de 216% de desmatamento na Amazônia Legal em relação a março do ano passado, haverá 3 minutos de “explicação” do inexplicável e promessas minúsculas, diante dos estragos e o desmonte feitos na estrutura de proteção ambiental nos últimos 2 anos.

Tudo isso de pires na mão diante de quem, até outro dia, contrariando os princípios da diplomacia, o que fazia o negacionista? Negava. Justamente a lisura da eleição alheia. É palpite infeliz que chama a música?

Cronista, estou quase humano. Estou usando você. Transformando essa cartinha numa isca para ouvi-la gritando aos quatro cantos da cela em sua imaginação enclausurada por suas paixões viscerais. As águas, o Pantanal, A Amazônia, matas, rios, o meio ambiente. Enlouquecidamente!

Essa energia gerada da indignação é a única capaz de trincar os escudos da maldade acumulada que sustentam a cunha da destruição planetária. Só esse grito gutural e uníssono de amor e preservação tem poder para impedir a outra opção disponível. E tem que ser pra já. #ClimateAction. Se não forem os próprios humanos, estamos em prontidão para salvar a Terra do perigo eminente.

E você, cronista visionária, sabe perfeitamente qual será o primeiro inimigo a vencer na batalha pela vida no planeta. Aqueles que a ameaçam e destroem...    

*Valéria del Cueto é jornalista, fotógrafa e gestora de carnaval. Da série “Fábulas Fabulosas” do SEM FIM... delcueto.wordpress.com

Studio na Colab55

19 de abr. de 2021

Índios, vagabinha de Valéria del Cueto


Soa à toa
Ecos recorrentes de pungentes lamentos.
Atento aos murmúrios da floresta?
Choram a dor de perdas permanentes,
insurgentes resíduos recicláveis.
Macerados a cada avanço,
triturados ao som de cantos, dons e saberes.
A mata reclama a presença de seus protetores.
Os Deuses não estão por perto.
Quem pode ajudar?
Persiste a batalha interminável.
Cobiça, (in)justiça, realidade.
Soa à toa,
Vem garimpo, passa boiada,
Trator e corrente.
Ninguém escuta a pergunta.
Resposta vazia.
Soa à toa.
No tranco, na luta, caem os guardiões.
Gritos estrangulados.
Não sobrou ninguém.
Índios?
Eu, heim?

Vagabinha compridinha de Valéria del Cueto, para a série Parador Cuiabano
Studio na Colab55