Mostre-me um exemplo TRIBUNA DE URUGUAIANA: Gatão de Meia Idade - Sentimentos de uso pessoal

30 de out. de 2010

Gatão de Meia Idade - Sentimentos de uso pessoal

13 comentários:

Anônimo disse...

sobre sentimentos:

Não faças versos sobre acontecimentos.
Não há criação nem morte perante a poesia.
Diante dela, a vida é um sol estático,
não aquece nem ilumina.
As afinidades, os aniversários, os incidentes pessoais não contam.
Não faças poesia com o corpo,
esse excelente, completo e confortável corpo, tão infenso à efusão lírica.

Tua gota de bile, tua careta de gozo ou de dor no escuro
são indiferentes.
Nem me reveles teus sentimentos,
que se prevalecem do equívoco e tentam a longa viagem.
O que pensas e sentes, isso ainda não é poesia.

Não cantes tua cidade, deixa-a em paz.
O canto não é o movimento das máquinas nem o segredo das casas.
Não é música ouvida de passagem, rumor do mar nas ruas junto à linha de espuma.

O canto não é a natureza
nem os homens em sociedade.
Para ele, chuva e noite, fadiga e esperança nada significam.
A poesia (não tires poesia das coisas)
elide sujeito e objeto.

Não dramatizes, não invoques,
não indagues. Não percas tempo em mentir.
Não te aborreças.
Teu iate de marfim, teu sapato de diamante,
vossas mazurcas e abusões, vossos esqueletos de família
desaparecem na curva do tempo, é algo imprestável.

Não recomponhas
tua sepultada e merencória infância.
Não osciles entre o espelho e a
memória em dissipação.
Que se dissipou, não era poesia.
Que se partiu, cristal não era.

Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário.
Convive com teus poemas, antes de escrevê-los.
Tem paciência se obscuros. Calma, se te provocam.
Espera que cada um se realize e consume
com seu poder de palavra
e seu poder de silêncio.
Não forces o poema a desprender-se do limbo.
Não colhas no chão o poema que se perdeu.
Não adules o poema. Aceita-o
como ele aceitará sua forma definitiva e concentrada
no espaço.

Chega mais perto e contempla as palavras.
Cada uma
tem mil faces secretas sob a face neutra
e te pergunta, sem interesse pela resposta,
pobre ou terrível, que lhe deres:
Trouxeste a chave?

Repara:
ermas de melodia e conceito
elas se refugiaram na noite, as palavras.
Ainda úmidas e impregnadas de sono,
rolam num rio difícil e se transformam em desprezo

Anônimo disse...

É, pensando bem caro âncora...
Que bom que falam de mim!
Realmente, o maior castigo é o desprezo...

Anônimo disse...

"Aqueles que desprezam o homem não são grandes homens"

Luc de Clapiers, Marquis de Vauvenargues

Queixa disse...

Um amor assim delicado
Você pega e despreza
Não o devia ter despertado
Ajoelha e não reza
Dessa coisa que mete medo
Pela sua grandeza
Não sou o único culpado
Disso eu tenho certeza
Princesa
Surpresa
Você me arrasou
Serpente
Nem sente que me envenenou
Senhora e agora
Me diga onde vou
Senhora serpente princesa

Anônimo disse...

Recorram a Nietzsche, Heidegger, Rorty, Sloterdijk para saber mais leiam: O desprezo das massas. Brilhante!!

Anônimo disse...

11:51:Concordo em parte com Luc de Clapiers, Marquis de Vauvenargues. Assim , vai o meu desprezo aos que maltratam os animais!

detesto piada disse...

No tribunal, o juiz pergunta ao réu:

— No momento do furto, o senhor não pensou nenhum instante na sua mãe, na sua mulher?

— Pensei sim, seu doutor! Mas na loja só tinha roupas pra homem!…

Anônimo disse...

Eu anônimo das 11:51, não desprezo nem um centavo!!!
kkkkk!

Anônimo disse...

Desprezo é um sentimento de superioridade.
Por isso caríssimo âncora, EU posso!

Anônimo disse...

É impressionate a forÇa que as coisas parecem ter quando elas precisam acontecer. Para colaborar: existem sentimentos diversos,de uso e abuso. Nota dez pro Tribuna!

Anônimo disse...

O desprezo é uma arma poderosissíma.

Anônimo disse...

Recomendo: Assim Falou Zaratustra, um livro para todos e para ninguém.

Anônimo disse...

Zaratustra é algum Secretário? O Babão?