Achados e sempre encontrados
Texto e foto Valéria del Cueto
É com letrinhas apertadas e diminutas que desenho esse texto fim de caderninho. É assim ou terei que inaugurar uma nova prática depois de tantos cadernos findos de escrevinhação. A de começar uma crônica num volume e termina-la inaugurando um novo caderninho.
Vim tão distraída que nem reparei as poucas páginas que faltavam para passar deste para um igual, com capa diferente. O que não poderia ser melhor. Do jeito que está, está bom demais!
Estabelecida e registrada a troca do suporte em que resenho a vida que vai passando por essas crônicas, vamos ao conteúdo da vez.
Não me refiro as novidades que atravessam o cotidiano, mas a seleção dos papéis e badulaques que vou acumulando entre as folhas e a capa do caderninho que se vai e o que seguirá para o próximo.
Sempre rola uma limpa no que está engordando e dificultando o escrevinhar. A saber e pela ordem das descobertas exploratórias no montinho de lembranças:
O cartão da advogada que está cuidando da cruzada da aposentadoria (essencial até a conclusão, ainda sem previsão, do processo); um roteiro base das atualizações a serem feitas no site carmnevalerio.com; o panfleto dos serviços fotográficos onde preciso mandar fazer a manutenção do equipamento; uma receita tábua de salvação do antibiótico em caso de urgência (é só não a ter por perto que dá ruim).
Inclua na lista meus adesivos preferidos, os que nunca colo nos caderninhos que vão passando por mim. De uma loja de tatuagem; da Harley Davidson; do Caipirinha Appreciation Society, o podcast de música brasileira comandado pelo meu irmão MdC Suingue e Kika Serra, baseado em Barcelona e os urgentes mis para coisas urgentes.
Um cartão cogumelinho lindo que ganhei na praia, em Ipanema, e dois postais com fotos de vitórias-régias do pantanal de Cáceres da divulgação do projeto “História Sem Fim... do Rio Paraguay – o relatório” (pra me lembrar que ainda tem muitas aventuras pra contar dessa viagem).
Também encontrei uma relação de nomes de artistas do carnaval que trabalharam e beberam na fonte de Severo Luzardo, carnavalesco uruguaianense que brilhou em escolas de samba do Rio de Janeiro e de sua cidade, na fronteira Oeste do Rio Grande do Sul. Ela foi feita para uma matéria que ainda não terminei sobre sua trajetória. Dela fazem parte: Guilherme Estevão, André Rodrigues, Rodrigo Meiners, Clebson, Tarcísio Zanon e Júnior Pernambucano. (A primeira providência a respeito para retornar o assunto será atualizar a lista das escolas onde os carnavalescos estão atuando pelo Brasil).
Entre os papéis, aparecem duas notas fiscais de limpeza e materiais fotográficos (essas podem ser descartadas, são de 2020!)
A próxima folha são planos de um sonho, agora, impossível. Um mega giro pela Grécia, Itália e Espanha, com uma passada em Amsterdã, abortado anos atrás, em cima da hora, por motivo de força maior. Nunca se sabe, vai que se abra uma nova janela de oportunidade.
Finalizando, caiu a ficha com a série de ginástica que sempre carrego comigo, caso a memória de atleta de academia falhe ou fique com preguiça. Basta abrir o caderninho, olhar a ficha que meus músculos vibram de vontade de malhar...
De tudo isso, pensando bem, só vou dispensar as duas notas fiscais e um dos cartões de visita porque está duplicado.
O restante, junto com o saquinho plástico da lente de aumento de máquina fotográfica (charmosa, mas que nunca lembro de juntar aos achados e sempre encontrados) e um imã marcador de páginas com caracteres japoneses, seguirá pra próxima morada entre a última folha e a contracapa do caderno que iniciarei daqui a quinze dias, caso consiga manter (o que pretendo) o ritmo das crônicas.
Dando esse texto por encerrado considero vencido o desafio de não cair na tentação de ser mais uma a tentar destrinchar os eventos relativos aos últimos acontecimentos nacionais e internacionais.
Não por incompetência, mas por reconhecer a incapacidade coletiva de previsões sobre suas consequências no que diz respeito, por exemplo, a guerra tarifária com os EUA.
No más, diante do viés politico que a mesma tomou, só posso dar minha humilde sugestão, finalizando esse texto com uma hashtag recorrente: #SEMANISTIA
Ela diz tudo!
*Valéria del Cueto é jornalista e fotógrafa. Da série “Não sei onde enquadradrar” do SEM FIM... delcueto.wordpress.com
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