Mostre-me um exemplo TRIBUNA DE URUGUAIANA: Exclusivo: Arqueologia e Pré-História da Fronteira Oeste - Uruguaiana

18 de fev. de 2017

Exclusivo: Arqueologia e Pré-História da Fronteira Oeste - Uruguaiana

Por Jeremyas Machado Silva – Doutorando em História, arqueólogo, historiador, professor e pesquisador e Jessica Fernanda Mezadri – Mestranda em Letras, professora e pesquisadora.

Os registros arqueológicos nos indicam que os primeiros habitantes da Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul ocuparam a respectiva região há mais de 12.000 - arqueologicamente “antes do presente”. Para tanto, as mudanças climáticas ocorridas no período de transição da última glaciação do Pleistoceno (última era do gelo) para o Holoceno (clima equilibrado com estações bem definidas) há aproximadamente 12.000 A.P foram determinantes para as alterações do relevo, da vegetação e da fauna. Do mesmo modo, tais transformações, foram categóricas no desenvolvimento cultural e social dos grupos que ocuparam o Pampa.

Estes grupos de paleoíndios, nômades, ocupavam áreas próximas ao Rio Uruguai e afluentes e viviam da coleta de frutos, raízes e da caça de pequenos, médios ou grandes animais denominados “megafauna”. Exemplos: a preguiça gigante (megatherium) com mais de 4 metros de altura e o tatu gigante (doedicurus) extinto há aproximadamente 10.000 A.P.

Mais tarde, outros grupos nômades de caçadores-coletores ocuparam as planícies pampianas vivendo em pequenos bandos de mais ou menos 30 pessoas. A principal atividade destes grupos era a caça. Utilizavam o arco e flecha, lanças e outros artefatos de arremesso manual como as boleadeiras. Os remanescentes arqueológicos destes grupos possuem uma grande variação de artefatos chamados por nós, arqueólogos, de indústria lítica. Entre estes artefatos, destacam-se as pontas de projétil, utilizadas na caça, pesca e guerra. Além disso, talhadores que serviam para destrinchar ossos e dividir a caça, raspadores utilizados para separar a carne do couro dos animais, lâminas e outros objetos cortantes.

A chegada dos Guaranis por volta de 2.000 A.P causou um forte impacto cultural nas etnias indígenas que ocupavam o Pampa. Os Guaranis falavam outro idioma e introduziram novos elementos culturais na região, como, por exemplo, a produção e a utilização da cerâmica e o uso da agricultura extensiva. Esta população de origem amazônica realizou uma constante migração e povoou extensões de terras ao longo das bacias dos rios Uruguai e Jacuí. Os Guaranis, além de serem horticultores, também eram excelentes caçadores e extraíam a sua proteína da carne de caça.

Atualmente, a cerâmica Guarani é muito evidente nos sítios arqueológicos desta tradição, outrora, era utilizada para auxiliar na alimentação, no preparo e armazenamento de alimentos, bebidas e como urnas funerárias. Os Guaranis que hoje vivem no Rio Grande do Sul são descendentes diretos daqueles que em conjunto com outras etnias foram reduzidos nas missões jesuíticas dos séculos XVII e XVIII e que, na Pré-História, introduziram a agricultura em nosso Estado.

A Fronteira Oeste é rica em memória e patrimônio.  Quando elegemos e preservamos este patrimônio estamos reivindicando ou resguardando do esquecimento a nossa própria identidade. Nesta perspectiva, há de se evidenciar a importância de preservar este patrimônio, uma vez que a este estão arraigados valores anteriores à pós-modernidade, ressemantizados a cada período histórico, alicerçados sob o prisma da arqueologia que possibilita a exploração do passado.

Studio na Colab55

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