Foi na encruza de Duque de Caxias que a esperança acendeu e firmou o ponto no carnaval 2022. |
“Fala Majeté! Sete Chaves de Exú” mostrou que o caminho para o título tão almejado nunca foi o do luxo e dos famosos que fazi am a fama da Grande Rio.
O pote de ouro no final do arco-íris estava bem ali, nas ruas, nas feiras, no carnaval, nas encruzilhadas, na história de Estamira, a catadora de lixo com problemas mentais, retratada no documentário de Marcos Prado, no Aterro Sanitário de Jardim Gramacho, que conversava com o orixá pelo telefone.
Confeccionado com restos de material do barracão, o carro da Grande Rio é uma obra de arte. |
Seu desfile seduziu o público presente no Sambódromo da Marquês de Sapucaí. Ficará na memória como um dos mais empolgantes do… século!
A forte mensagem do Salgueiro: Resistência! |
Não foi exatamente um carnaval tranquilo. A começar pelos problemas de estrutura, o que é de se estranhar depois do período conturbado de Marcelo Crivella na Prefeitura do Rio. Quem pensou que Eduardo Paes pegaria o trem na estação onde desembarcou no final de seus 8 anos de prefeitura perdeu feio a aposta.
Do credenciamento conturbado, passando pela falta de segurança no entorno e a precariedade do sistema de transporte, até chegar a estapafúrdia novidade, a iluminação milionária da pista, o que se viu foi uma sequência de erros e equívocos inaceitáveis para quem não era marinheiro de primeira viagem.
Mesmo assim, Dudu Boa Praça fez a fama e se sentiu à vontade pontificando em cada escola mostrando sua intimidade com o povo do samba.
A nova iluminação da pista cantada em verso e prosa é, para dizer o mínimo, um desconforto para o público nos intervalos entre as apresentações. Ninguém via ninguém entre as idas e vindas erráticas dos fachos de luzes e a troca das cores performáticas do equipamento composto por 144 moving lights, 144 projetores de led, duas mesas de controle DMX, rede de controle, 24 quilômetros de fibra, etc, ao custo aproximado 16 milhões de reais.
Nos desfiles a luz fixa, mas irregular, dificultou os registros de vídeos e fotos e, com desenho luminoso antes e depois das escolas, se perdia a profundidade das imagens. Prejuízo geral. Especialmente para quem pagará a extravagância desnecessária gerada por meio de uma Parceria Público Privada: o povo carioca.
No quesito sonorização, em vez de excesso, houve ausência de qualquer melhoria no sistema. Esse, sim, um gargalo que a organização do carnaval não consegue solucionar, apesar de ser elemento essencial ao desempenho das agremiações e solicitação recorrente.
As deficiências foram minimizadas pelas saudades sentidas por milhares de componentes e o público, ávidos por sentirem, novamente, brotar a energia do amor incondicional que o Desfile das Escolas de Samba desperta em cada folião.
DESFILE DAS CAMPEÃS
A forte mensagem do Salgueiro: Resistência! |
Foi por um décimo que o Salgueiro ficou entre as 6 escolas do desfile das campeãs. Desbancou a Mangueira, com o mesmo número de pontos da Mocidade, mas uma posição acima pelo critério de desempate. “Resistência”, o enredo de Alex de Souza, é um libelo à força da raça, à luta do povo negro e suas conquistas.
Lucinha Nobre e Marlon Lamar, o casal da Portela. |
Iaiá do Cais Dourado, do samba enredo de Martinho, representada pelas baianas da Vila. |
Eita família animada! Dandara Ventapane, porta-bandeira do Paraíso do Tuiuti, se diverte na homenagem a seu pai, Martinho da Vila. |
Ludicidade na concepção visual da história de amor do Pierrô da Viradouro. |
Recado do Quilombo Beija-Flor sobre racismo e democracia. |
Oxum é destaque na criação de Alexandre Louzada, carnavalesco da Beija-Flor. |
Ordem dos desfiles: Salgueiro, Portela, Vila Isabel, Viradouro, Beija-Flor e Grande Rio.
*Valéria del Cueto é jornalista, fotógrafa e gestora de carnaval. Da série “É carnaval”, do SEM FIM… delcueto.wordpress.com
A pomba-gira e a sedução do povo de rua |
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