Não fui eu
Texto e foto
Valéria del Cueto
Ando correndo de
problemas. Mas, parece, eles correm atrás de mim! Não só da minha humilde
pessoa. De todos que tentam olhar o mundo com uma certa sensatez. Quando posso,
desvio dos embates. Pelo menos, dos pequenos.
Usando as armas do
arsenal valeriano: a caneta e um caderninho (novo!!!), me encarapitei na rede
da varanda pronta para desenrolar mais uma crônica no meio do mundo. Eis que
escuto o som do motor do cortador de grama... Como é domingo, dia de jogo do Mengão
contra o Inter, estou determinada a não entrar em demanda e guardar as energias
pra partida de logo mais.
Solução? Seguir o
conselho do velho ditado “os incomodados que se mudem” e levantar acampamento
em direção da cascata que jorra água na piscina vazia, do outro lado da casa. Que
receba o primeiro respingo quem se arrisca a um mergulho nessa friaca. No
máximo, uma ducha assustada e rapidinha no veranico que se aproxima.
O barulho da água
batendo no cimento e escorrendo em direção ao ralo aberto abafa o som do motor
da roçadeira. De lambuja fica no ar o cheiro da grama recém aparada do outro
lado do rio que invade a atmosfera e quase me desvia do objetivo inicial do
texto: os problemas meus, seus e nossos. Aqueles que não podemos solucionar
nem, tampouco, ignorar.
Uns alheios a nossa
realidade próxima como o genocídio incontrolável na Palestina, os conflitos na
África, Asia e Europa, pra começar.
Outros aqui, embaixo
dos nossos narizes, provocados por atitudes voluntárias e com sérias consequências.
Como enfrenta-las? Em que momento devemos apenas observar, se omitir ou agir?
Que a maré não está
para peixe, os ânimos pra lá de exaltados e os acontecimentos se sucedendo sem
previsão ou controle de danos, é evidente.
Todos os estímulos nos
levam a excessos. Comprar mais, postar mais, se expor mais... mesmo quando não
temos nada a acrescentar. Simplesmente para mantermos o “engajamento”. E tem os
cortes!
Então, o mundo fica atolado
num lamaçal de tolices que camuflam e diluem o que é, realmente, essencial e
digno de ser notado, devidamente registrado e, se possível, solucionado.
Se possível porque
algumas ações são, a princípio, incorrigíveis.
Um exemplo que assombra
e assolará a população cuiabana por um tempo é a eleição do atual prefeito.
Ao escolhe-lo fizeram
um bem enorme à Câmara dos Deputados, apesar de sua função a frente da
prefeitura de Cuiabá não ter garantido sua ausência total no cenário federal. Ele
esteve presente, por exemplo, pra se solidarizar no deplorável episódio da
tomada da mesa diretora e do plenário que visava impedir - e chantagear – o ordenamento
da pauta dos trabalhos da casa.
O que não é bom para o
Brasil não tem sido proveitoso a Cuiabá. A capital de Mato Grosso pagará caro
por sua escolha. Seus habitantes sofrerão por alguns anos os reflexos do
resultado das urnas eleitorais.
Todos, todas e todes
são testemunhas e vítimas do equívoco do jeito de governar adotado pelo atual
mandatário. Foi em frente a prefeitura que ele passou mais um recibo do desempenho
de sua gestão, vital para o cotidiano da cidade.
Ao apagar as palavras artisticamente
escritas num tapume mandou, mais uma vez, a liberdade de expressão (defendida
ferozmente como um mantra por sua corrente política) às favas e confundiu a
arte popular do grafite com a contravenção da pichação.
Como jurei desviar de
problemas, não farei um registro do conjunto da obra que se desenvolve pros
lados do Palácio Alencastro.
Foi a maioria do
eleitorado da antiga Cidade Verde que decidiu seu destino até 2029! Nas
próximas eleições que as escolhas sejam melhores, cuiabanos. Mais cuidadosas
para com a urbe que os abriga.
Pra ilustrar a crônica,
agora sim, uma piXação (essa, com X) que viralizou nos muros, paredes e tapumes
há um tempinho aqui no Rio com uma mensagem sem distinção de gênero.
Sabe o que ela dizia? “NÃO
FUI EU”.
E tenho dito...
*Valéria del Cueto é
jornalista e fotógrafa. Da série “Parador
Cuyabano” do SEM FIM... delcueto.wordpress.com
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