7 de mar. de 2009
Amor de carnaval
- Cê tá sozinha?
- Hein?
- Você está sozinha?!
O olhar surpreso.
- Claro que não. Num tá vendo esse tanto de gente aí, no bloco?
O sorriso sem graça, a vontade aguçada, espirituoso.
- Onde? Num to vendo mais ninguém aqui.
- Quem é você? Nunca te vi...
- Sou um Pierrô Carioca perdido nesse carnaval fora do tempo...
Os olhares se agarram, ignoram a marchinha e dançam colados um ritmo imaginário.
- É sua primeira vez aqui?
- Com você é. E você?
- Eu sou daqui. Uma Colombina que gosta de BRINCAR CARNAVAL!
- Eu TAMBÉM. Quedê o seu Pierrô?
- Sou da liga das independentes no carnaval...
O mundo dá uns passos coreografados à frente. Corpos se esbarram e se distanciam levados pela onda disforme e anárquica.
O refrão é cantado com entusiasmo, corações revigorados.
- Achei que ia perder você...
O sorriso convida.
Lábios, dentes e línguas, regados a suor e saliva.
Tempo suspenso.
A onda passa. Se agarram no efêmero momento eterno.
Da folia só fica a lembrança dos gemidos. Da cuíca?
A esperança:
Ano que vem?
Você vem?
Na marcação do surdo...
Quem sabe...?
Isso é tudo pessoal...
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