Conversamos com o escritor uruguaianense Benhur Bortolotto, que lançou no dia 13/11, às 18h30min, seu primeiro romance O Arcanjo Inconfidente, em Porto Alegre.
Primeiro A nave das borboletas, e, de repente, este O Arcanjo Inconfidente: como foi que o livro mudou de nome?
Uns dias antes do meu aniversário eu fui à editora pegar o livro e pedir que não mandassem ainda para a diagramação porque eu queria fazer algumas alterações. Foi então que o professor Carlos Appel me disse que alguém o havia alertado para o fato do título ser parecido com A nau dos insensatos, que eu, aliás, não li. Mas há a ex-pressão, e o quadro… A mim, a princípio, não pareceu nada demais, mas ele pediu que eu sugerisse outro título, para que ele fizesse uma sondagem com quem leu o livro. Sugeri este, que eu já cogitara. Quando eu voltei, ele me disse que todos preferiam O Arcanjo Inconfidente. O novo título tem outra perspectiva, mas gostei disso e acabei optando por ele.
Por que tu escreves dessa maneira, sem pontos de interrogação e exclamação, sem aspas, travessões, apenas vírgulas e pontos finais?
Escrevo assim porque é necessário. Tive influências que são facilmente identificáveis, mas minha preocupação era o que eu faria com elas. Fiz este livro, que se trata da percepção. Tudo está relacionado à linguagem e à percepção, ao modo como as coisas são ditas, à força da palavra, do idioma, sobre aquilo que vivemos, e as palavras percorrem um caminho do qual eu não abdico. O livro no qual estou trabalhando agora é assim também, e é o oposto d’O arcanjo inconfidente. Escrevi sobre este velho que vai morrer, agora escrevo sobre um homem que vai viver.
Quanto tempo tu levaste escrevendo e como foi este processo?
Comecei a escrevê-lo em 22/julho/2007.Terminei no final de novembro do ano seguinte. Depois fiz muitas alterações, mas da primeira letra ao último ponto foram estes meses. E não houve um processo constante. Não sou muito disciplinado. É preciso ter muita disposição para escrever um romance como este, é cansativo. Há dias em que não queria ler nem escrever nenhuma linha.
E inspiração?
Não sei de inspirações. Sei de disposição, é preciso ter disposição. Por outro lado, não posso não escrever, por isso que preciso de disposição, senão é terrível. Mal havia terminado este, ainda estava às voltas com releituras, ajustes, e já ia para a cama atormentado por um novo ensaio.
Por que tu chamas o livro de “ensaio”? Porque é um ensaio. Alguns pintores ensaiam antes o quadro que vão pintar. Eu ensaiei o romance que nunca vou escrever.
Mas é um romance… E o ensaio de uma tela também é uma tela…
Não quer dizer também com isso que o livro pode ser lido como um ensaio sobre a morte, ou sobre a linguagem, da “força da palavra sobre aquilo que vivemos”?
Sim.Mas e não veremos então, por este caminho, os romances todos como ensaios? Não todos, mas posso citar ao menos uma dúzia de romances de autores contemporâneos que são ensaios magníficos. Li agora um livro que é exatamente isso, chama Lavoura Arcaica. Raduan Nassar. Não sei se há algum autor brasileiro contemporâneo que tenha chegado próximo do que é este livro.
Falaste de um novo livro. Quando fica pronto? Não sei, pode ser daqui a um ano, pode ser daqui a um ano e meio ou dois.
Primeiro A nave das borboletas, e, de repente, este O Arcanjo Inconfidente: como foi que o livro mudou de nome?
Uns dias antes do meu aniversário eu fui à editora pegar o livro e pedir que não mandassem ainda para a diagramação porque eu queria fazer algumas alterações. Foi então que o professor Carlos Appel me disse que alguém o havia alertado para o fato do título ser parecido com A nau dos insensatos, que eu, aliás, não li. Mas há a ex-pressão, e o quadro… A mim, a princípio, não pareceu nada demais, mas ele pediu que eu sugerisse outro título, para que ele fizesse uma sondagem com quem leu o livro. Sugeri este, que eu já cogitara. Quando eu voltei, ele me disse que todos preferiam O Arcanjo Inconfidente. O novo título tem outra perspectiva, mas gostei disso e acabei optando por ele.
Por que tu escreves dessa maneira, sem pontos de interrogação e exclamação, sem aspas, travessões, apenas vírgulas e pontos finais?
Escrevo assim porque é necessário. Tive influências que são facilmente identificáveis, mas minha preocupação era o que eu faria com elas. Fiz este livro, que se trata da percepção. Tudo está relacionado à linguagem e à percepção, ao modo como as coisas são ditas, à força da palavra, do idioma, sobre aquilo que vivemos, e as palavras percorrem um caminho do qual eu não abdico. O livro no qual estou trabalhando agora é assim também, e é o oposto d’O arcanjo inconfidente. Escrevi sobre este velho que vai morrer, agora escrevo sobre um homem que vai viver.
Quanto tempo tu levaste escrevendo e como foi este processo?
Comecei a escrevê-lo em 22/julho/2007.Terminei no final de novembro do ano seguinte. Depois fiz muitas alterações, mas da primeira letra ao último ponto foram estes meses. E não houve um processo constante. Não sou muito disciplinado. É preciso ter muita disposição para escrever um romance como este, é cansativo. Há dias em que não queria ler nem escrever nenhuma linha.
E inspiração?
Não sei de inspirações. Sei de disposição, é preciso ter disposição. Por outro lado, não posso não escrever, por isso que preciso de disposição, senão é terrível. Mal havia terminado este, ainda estava às voltas com releituras, ajustes, e já ia para a cama atormentado por um novo ensaio.
Por que tu chamas o livro de “ensaio”? Porque é um ensaio. Alguns pintores ensaiam antes o quadro que vão pintar. Eu ensaiei o romance que nunca vou escrever.
Mas é um romance… E o ensaio de uma tela também é uma tela…
Não quer dizer também com isso que o livro pode ser lido como um ensaio sobre a morte, ou sobre a linguagem, da “força da palavra sobre aquilo que vivemos”?
Sim.Mas e não veremos então, por este caminho, os romances todos como ensaios? Não todos, mas posso citar ao menos uma dúzia de romances de autores contemporâneos que são ensaios magníficos. Li agora um livro que é exatamente isso, chama Lavoura Arcaica. Raduan Nassar. Não sei se há algum autor brasileiro contemporâneo que tenha chegado próximo do que é este livro.
Falaste de um novo livro. Quando fica pronto? Não sei, pode ser daqui a um ano, pode ser daqui a um ano e meio ou dois.
4 comentários:
Benhur Bortolotto, falas com um tom interessante ao leitor, muito interessante.
Irei ler.
Estou lendo este livro maravilhoso e encantado com a genialidade do autor. Achei uma foto do rapaz na internet, acredito que seja dele mesmo, ele é um menino. Um menino que aos 20 anos vem com um romance de peso para se inseir no cenário literário gaúcho como um grande nome. Estou comovido. MEus parabéns à Editora que o publicou, e ao Jornal que dá espaço para a divulgação deste talento.A Literatura e a Cultura sobrivem no respirar deste guri que veio honrar nossos pagos.
Já acompanho o que ele escreve há tempos... E mal sabe ele como mudou minha vida. Srta Z.
sim ele é fantástico um presente para nossa literatura...
Postar um comentário