Uruguaiana, em 01|05|2010
Tenho lido e ouvido repetidas vezes que as indenizações a perseguidos políticos durante a ditadura militar já custaram mais de 3 bilhões de reais aos cofres públicos, e que custarão mais não sei quanto caso venham a ser abertos os arquivos da ditadura. De fato, causa certa estranheza que algumas pessoas enfrentem um regime totalitário que persegue cidadãos de maneira atroz e discricionária e, anos depois, venham pedir a conta por terem recebido o tratamento previsível. Mas há casos em que o argumento financeiro só testemunha em favor de uma absurda insensibilidade. Com critérios equivocados e uma política mal definida, mal discutida e descompromissada com propósitos mais éticos (tudo baseado numa lei de anistia cujo teor vizinha de porta com a estupidez e a injustiça), a Comissão de Anistia concedeu indenizações e pensões injustificáveis. Se o general Leônidas Pires alega, às vezes tranquilo como se navegasse em verdades embrionárias, de lógica indiscutível, noutras exaltado, ríspido e grosseiro (variando de acordo com a ousadia do interlocutor), que não houve exilados, e sim fugitivos, que poderiam ter ficado para enfrentar a Justiça – que mesmo nas ditaduras, pela desfaçatez característica, conserva este nome –, não está de todo errado. Embora use as palavras de maneira grotesca, está certo ao atribuir responsabilidades. E, as responsabilidades, convém que sejam assumidas: com dignidade, por aquele que sofre o exílio, que não participa nem reconhece a justiça fajuta, que não compactua com o patriotismo insano e com a opressão, e que enfrenta os riscos da luta pela liberdade e da honestidade com aquilo em que acredita; com austeridade e resiliência pelo Estado que promoveu o desterro, a humilhação, a tortura e o crime. A anistia não pode igualar oprimidos e opressores, nem suprimir a história e a verdade. Que se conheça e se assuma estas nuances mais obscuras da história do país, e que a verdade e a liberdade sejam a principal compensação às vítimas e à memória das vítimas. Num país que paga por ideais, não é de se estranhar que demorem tanto para fazer o óbvio.
12 comentários:
Esse cara definitivamente não gosta de milicos.
Tens razão.Quantos que abriam seus espetáculos protestantes, garbosos, donos do mundo e da nacionalidade,senhores da razão, cantando enfaticamente o Hino Nacional, mais forte ainda no trecho -VERÁS QUE UM FILHO TEU NÃO FOGE À LUTA-,acabavam seus comícios piqueteiros cantando emocionados e reverentes os versos de Vandré:Vem,VAMOS EMBORA, que esperar não é saber,
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer.E foram embora mesmo, em fuga, ganhando o status de exilados; publicidade garantida; momentos de fama;retorno heróico, e muitos, com direito a polpudas indenizações e pensões vitalícias.Agora, há um pecado de entendimento falso em tuas assertivas.Anistia não é perdão e nem mesmo nivelamento entre oprimidos e opressores.Se bem que no caso, quem seriam os opressores?Quem defendia regime de opressão e restrição à liberdade?Anistia, voltando, nem mesmo perdoa e nem mesmo examina o mérito.Anistia por lei, comporta o mais literal conceito de ESQUECIMENTO.Depois dela,nada mais a fazer.A h istória sim, reserva espaço em suas laudas temporais para regitros de atos e vontades; de opiniões e acontecimentos.Entretanto, que ninguém esqueça que ela, a história, é sempre feita de verdades e mentiras, e mais propriamente, do balanço entre elas.E ainda assim, com direito ao instituto do revisionismo passados 50 anos ou mais.
Este cara é muito inteligente...
Concordo com este senhor,as pessoas corajosas,foram as que sofreram perseguições ,foram mandadas para o exterior,sofreram tortura ou ainda foram mortas ,assassinadas cruelmente.Os militares submeteram pessoas ao máximo da humilhação e do sofrimento.Queremos que jamis uma ditadura militar impere no nosso pais,e que jamais esquecemos que irmãos nossos morreram por idéias de liberdade e igualdade.
O advogado Dr. Gennaro Alfano foi perseguido pela revolução. Perdeu o cargo de Professor de OSPB no D. Hermeto. Acho que também merece uma indenização.
Teve um agente da revolução com o codinome Bomba que retirou os pneus de todos os aviões do aeroclube, deixando só um em condições de uso, caso as forças revolucionárias precisassem.Depois ele se esbaldou em cargos de confiança em quase todos os níveis.Trabalhou em fundações e começou a mudar de partido como quem muda de camisa.Uma vez ele teve a candidatura impugnada, cassada, porque não tinha ficha assinada no partido em que concorria.É que havia falecido um candidato acho que em 76.
Alguns foram impedidos de trabalhar pela ditadura. Outros, pegaram em armas para tentar impor outro tipo de ditadura e hoje, indenizados, dizem que lutaram pela democracia.
Eu fico com a minha dita dura.
Ben-Hur volta para o cinema.
Ben-Hur dá préfixo e sai do ar.
Este Benhur deve ter sido perseguido pela ditadura, por isso não gosta dos de verdes.
Sofrimento é sofrimento ,a pessoa que é impedida de ir e vir ,de se expresssar livremente ,de ver cerceados seus direitos sofre ,se é presa sofre ,se é torturada sofre mais ainda e se é morta seus familiares jamais os esquecem !!!!!!!!!!.Quando o sofrimento é dos outros nos parece menor,mas quando temos o sentimento chamado compaixão em que nos colocamos no lugar das outras pessoas sentimos a dor destes e então podemos avaliar o profundo sentido da palavra sofrer!.É o que falta na nossa triste realidade é compaixão!.Os truculentos dizem:"Esses caras vão ganhar reparação economica!" ,inveja da coragem alheia,do que não fizeram.Imaginem Uruguaiana em que os fazendeiros sempre nortearam os rumos políticos e que agora já lhes escapa das mãos o redil!.A direita conservacionista de Uruguaiana fica irritada ,irada,irracionalmente irada !,mas a fila anda!,o mundo evolui e o direito também.Todos tem que concordar houve uma ditadura ,restaram da brutal situação mortos e feridos,vamos lutar para esquecer!
Postar um comentário