Mostre-me um exemplo TRIBUNA DE URUGUAIANA: Apertando os cintos, por Gabriel Novis Neves

29 de mai. de 2015

Apertando os cintos, por Gabriel Novis Neves

Apertando os cintos
Não estou nada contente em ter de pagar o aluguel de uma sala, ou de uma casa, para manter partidos políticos. 
Mesmo com eles aparentemente afinados, o que não acontece, pois nenhum deles permanece fiel às suas propostas eleitoreiras, o meu desapontamento é tal que, para esse fim, a retirada de um centavo do fruto do meu trabalho já me deixa exasperado.
Acho que nessa posição está a grande maioria do povo brasileiro.
Num momento em que estamos todos “apertando os cintos”, premidos pelos inúmeros equívocos políticos de nossas autoridades por uma prática perdulária e corrupta, esperávamos por atitudes  de contenção total da classe dirigente.
Está havendo uma inversão de valores nas relações entre políticos e eleitores. É preciso que eles se conscientizem de que são pagos por  nós, e a altíssimo custo.
Por que razão nós devemos pagar casa, locomoção, inclusive para familiares, absurdas verbas de representação, aposentadorias precoces astronômicas, enfim, mordomias de todo tipo  se nada de volta conseguimos obter em função desses cargos criados?
Não nos sentimos representados por pessoas que uma vez eleitas passam a defender interesses pessoais ou de pequenas minorias econômicas que os elegeram.
Como em todas as grandes crises, fala-se, assustadoramente à população em “apertar os cintos”, enquanto que, de uma maneira desastrosa, o próprio governo aumenta em 300% a verba dos partidos.
Num ato de insanidade, o governo, para não cometer o suicídio político, foi incapaz de avaliar as contradições do momento, em que um ajuste fiscal drástico se anuncia como única medida possível.
A impotência do poder mais uma vez minimiza a sua legitimidade.
Todo esse quadro me fez lembrar a frase do grande escritor português José Saramago: “Tentei  fazer na vida  nada que envergonhasse a criança que existe em mim. Se tens um coração de ferro, faça bom proveito. O meu é de carne e sangra todos os dias”.

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