Mostre-me um exemplo TRIBUNA DE URUGUAIANA: O difícil momento, por Gabriel Novis Neves

15 de mai. de 2015

O difícil momento, por Gabriel Novis Neves


O difícil momento 

Fomos educados para o trabalho como forma digna de vida. “Só o trabalho dignifica o homem”, ouvíamos quando crianças. 
O lazer, o descanso e o ócio não eram aceitos, e quando os praticávamos tínhamos a sensação de ter feito algo errado. 
O prazer teria de ser punido. 
Esse modelo educacional foi o responsável por uma infinidade de neuróticos dessa verdadeira fábrica de pessoas com baixa autoestima. 
O trabalho braçal é que caracterizava o trabalho dito aceitável, quando sabemos que o maior de todos é o ato de aprender. 
Vivemos em um país de analfabetos exatamente porque é preciso de muita dedicação e horas de estudo para alcançarmos nossos objetivos. 
Todo trabalho intelectual, artístico, cultural, científico é visto com ressalvas, só aceito quando o sucesso é o seu resultado. 
Entende-se, atualmente, como sucesso, o ganho de muito dinheiro, único indicador de valorização das pessoas - pelos bens materiais capazes que se locupletarem. 
O pior, é que os trabalhadores de ofício são tão mal remunerados que os seus salários são inacreditáveis. 
Imediatamente vem a estúpida comparação  com os gênios da música, ciência, esportes, artes, que são um ponto na constelação dos bilhões de habitantes do planeta Terra.
Compreender que somos, com o tempo, ultrapassados é o novo desafio para entender a necessidade da aposentadoria como uma dádiva, e não, um castigo após anos de intensa labuta. 
Não fomos treinados para viajar, pensar, ficarmos sozinhos, apreciarmos a natureza, ouvir o cântico dos pássaros, o silêncio da noite e até mesmo desfrutar de novos relacionamentos. 
O momento de parar de trabalhar é quando temos a oportunidade de cuidarmos de nós mesmos. 
É uma decisão inevitável, mas traumática para muitos de gerações passadas.

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