Mostre-me um exemplo TRIBUNA DE URUGUAIANA: Criança triste, por Gabriel Novis Neves

2 de jul. de 2015

Criança triste, por Gabriel Novis Neves

Criança triste 
A criança só adquire o legado da miséria humana após os primeiros anos de vida. 
Até então, são seres alegres, brincalhões, criativos. Passam o dia viajando nas suas fantasias, o que lhes causa grandes alegrias. 
Quando encontramos uma criança prematuramente triste, acreditamos que ela foi sensibilizada pela maldade humana, fazendo-nos pensar na inviabilidade das raças. 
Isso ocorre quando são obrigadas a trocarem brinquedos e folguedos infantis por tarefas de responsabilidades impróprias e prejudiciais à sua faixa etária. 
Nas populações marginais essas crianças são exploradas em missões de alto-risco, como no tráfico de drogas. 
Ordens são disponibilizadas para fazerem a comercialização do pó maldito ou entrarem para o exército de proteção aos criminosos infratores, bloqueando suas fortalezas, fortemente armados, dispostos a matar ou morrer em luta contra gangues rivais e contra a polícia, isto por absoluta falta de alternativa de vida. 
Vivendo neste mundo cão, sem leis e ausência de políticas públicas, esses menores se transformam em criminosos de alta periculosidade - a grande maioria tem menos de dezoito anos de idade. 
Tornam-se crianças tristes sem presente e, muito menos, futuro.  
Neste momento transita no Congresso Nacional uma lei que diminui a idade para punir o menor infrator de dezoito para dezesseis anos. 
Seria a solução ideal para nossas crianças tristes que há muito são mortas-vivas? 
Acredito que o remédio ideal para esse tipo de mal social seria a construção de belas e confortáveis escolas, com ensino de qualidade, para abrigarem em tempo integral essas crianças, velho sonho de Brizola e Darcy Ribeiro. 
Cadeia não é centro de ressocialização, e sim, lugar de aprimoramento da bandidagem. 
Enquanto existirem pelas nossas ruas menores perambulando, sem casa, família e apoio social, continuaremos a encontrar crianças delinquentes, dependentes químicas, vítimas da miséria dos homens, tenham elas oito ou dezoito anos. 
Cadeia também não educa, e retira a última chance de recuperação de um menor em perigo. 
Repito.  Escola para todas as crianças carentes em tempo integral com atendimento multidisciplinar é o único jeito capaz de atenuar este grave quadro social que vivemos. 
Diminuição da maioridade penal é uma invencionice dos nossos despreparados e inabilitados gestores públicos que não entendem que criança é criança e, como tal, merece toda a atenção do estado.

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