Mostre-me um exemplo TRIBUNA DE URUGUAIANA: 16 de julho, por Gabriel Novis Neves

30 de ago. de 2015

16 de julho, por Gabriel Novis Neves

16 de julho 
Tinha acabado de completar quinze anos de idade, quando, em um domingo à tarde, lutava para que o imenso rádio da minha casa conseguisse sintonizar a Rádio Nacional do Rio de Janeiro. 
A emissora, então líder de audiência no Brasil, operava em AM e, com a tecnologia da época, o “chiado” dificultava, e muito, a qualidade do som recebido nos mais distantes rincões deste país. 
Estava preparado, naquele longínquo 16 de julho de 1950, para ouvir pela primeira vez a transmissão de uma final de Copa do Mundo no recém-construído Estádio Municipal do Maracanã, no Rio de Janeiro. 
O Brasil era o franco favorito. Com um simples empate se consagraria campeão diante do Uruguai, seu adversário, tecnicamente inferior. 
No maior estádio de futebol do mundo, duzentos mil apaixonados torcedores aguardavam ansiosamente o início da partida. A vitória estava a noventa minutos... 
O país literalmente parou para a grande festa naquela tarde que prometia ser inesquecível. 
Pelas gerais, arquibancadas e cadeiras cativas, faixas, camisetas e bonés do Brasil eram vendidos com o título de Campeão Invicto do Mundo. 
A nossa seleção era dirigida pelo técnico do Clube de Regatas Vasco da Gama, do Rio de Janeiro. 
Era uma seleção carioca, com seis jogadores do Vasco, dois do Flamengo, um do Fluminense, um do São Paulo e um do Palmeiras.
Alguns gênios do nosso futebol esquentavam o banco de reservas, como o imortal Nilton Santos, campeão carioca em 1948 pelo Botafogo de Futebol e Regatas. 

Nosso fraco adversário era comandado pelo líder Obdúlio Varela e dez guerreiros. 
Aquilo que parecia fácil foi se tornando, à medida que a bola rolava, em uma agonia. O primeiro tempo terminou empatado, sem nenhum gol. 
No início do segundo tempo nosso ponta direito marca o gol da ilusão. Os uruguaios não se abateram e viraram o jogo contra o vencedor antecipado, pelo clássico placar de 2x1. 
Nunca duzentas mil pessoas haviam chorado juntas, transformando o Maracanã em um imenso cemitério. 
Em Cuiabá o adolescente desligou o rádio e, como nunca, transformou-se num inveterado torcedor do Fogão. 
O domingo terminava com o sonho desfeito da conquista da Copa!

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