Mostre-me um exemplo TRIBUNA DE URUGUAIANA: Utilidade, por Gabriel Novis Neves

17 de nov. de 2015

Utilidade, por Gabriel Novis Neves

Utilidade
O velho, aquele ser humano que ultrapassou os 80 anos de vida, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) não tem mais utilidade laboral. 
Muitos pensam que ele ocupa o que resta de seu tempo em atividades menores, quando não, administrando a solidão. 
No entanto, ao ingressar nesse seleto grupo, continuo produzindo as minhas crônicas diárias, indo duas vezes por semana ao consultório e, o mais importante, cuidando da minha vida. 
Descobri que o velho (não confundir com idoso) é muito solicitado para proferir palestras e conferências. Fui convidado a participar, por exemplo, das festividades relativas aos 73 anos de atividade social e educacional do Hospital Geral Universitário (HGU). 
Os cursos de Agronomia e Geologia acabam de contemplar 40 anos de existência, produzindo recursos humanos para o desenvolvimento deste Estado. 
Logo teremos as bodas de ouro do curso de Economia. A lista é grande e, em dezembro, a Matriz (UFMT) completa 45 anos. 
Nesses eventos o velho é sempre lembrado e valorizado, pois não temos memórias escritas da epopeia vivida na segunda metade do século XX no Estado ainda não dividido. 
A verdadeira história dessa conquista pertence aos velhos, que estão desaparecendo. 
Sempre nesses encontros uma verdade - ou uma mentira repetida que acaba se tornando verdadeira - é rememorada e fica para os arqueólogos o papel de decifrar o que houve no Cerrado do Coxipó. 
Como representante desse grupo em extinção tenho comparecido a essas reuniões e deixado, quando possível, detalhe da nossa história oral. 
Pelo menos para isso os velhos saudáveis, não portadores da Doença do Alemão, servem, ou seja, para acrescentar algo da identificação das nossas origens. 
A geração que ignora a história não tem nenhum passado e nenhum futuro, como já dizia Roberto Heinlein, escritor americano. 

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