Mostre-me um exemplo TRIBUNA DE URUGUAIANA: 31 de dezembro, por Gabriel Novis Neves

27 de jan. de 2016

31 de dezembro, por Gabriel Novis Neves

31 de dezembro 
De todos os dias do ano este é o mais envolvido em crenças, superstições e tradições. 
Para cumprir com todos os rituais que a nossa cultura nos impõe teríamos de seguir uma liturgia quase impossível de ser executada. 
A começar pelo vestuário: qual a cor da roupa a ser usada nesta noite para nos trazer saúde, paz, amor, dinheiro e muita felicidade no ano que está alvorecendo? Parece que o branco da paz e o amarelo da fortuna são os preferidos. 
E o tipo de comida para a ceia do Réveillon? Comer carne de animais que ciscam para trás, como a galinha, estão vetadas para os supersticiosos, pois atrasam a vida das pessoas.  
A carne de suínos, que é um animal que fuça pra frente, é a preferência nacional.  
Comer peixe na virada do ano também se tornou uma tradição, pois faz bem para a saúde e deixa o organismo mais leve – principalmente depois da comilança do Natal. O bacalhau emplaca o topo desta lista. Ostra e camarão têm os seus simbolismos: as ostras atraem coisas boas e camarão simboliza o riso fácil. 
Sementes de romã e de uva, em número de sete, têm de ser chupadas e seus caroços guardados na carteira de dinheiro até o próximo dia 31 de dezembro. A uva simboliza boa sorte e a romã dinheiro e bênçãos. 
Outro prato tradicional são as lentilhas, pois abrem caminho para a fortuna.  
As frutas são muito bem vindas como sobremesa. Uma grande bandeja com frutas frescas variadas, principalmente as amarelas e alaranjadas – segundo reza a crença elas lembram moedas de ouro e atrai dinheiro e sorte. E, de acordo com as tradições orientais, não podem faltar as tangerinas, que representam o sol, o grande doador da vida e da luz.  

As frutas secas ou cristalizadas, como figo, pêssego, ameixa, damasco e maçã, por exemplo, significam sorte e fartura para o próximo ano. 
A bebida, lógico, é o vinho espumante, ou champagne. O vinho é considerado sabedoria e vida. E, de preferência, servido em taças de cristal para purificar as energias espirituais. 
Lançar ao mar flores, sabonetes, perfumes ou qualquer outro presente para Iemanjá na virada do ano faz com que os nossos problemas sejam levados para o fundo do mar. 
E por que devemos pular sete ondas? Segundo os gregos, o mar tem poder espiritual para renovar nossas energias. Sete é um numero espiritual. Pulando sete ondas você invoca iemanjá, e ela que dará forças para vencer as dificuldades do ano que se inicia. 
Passar o ano em ambiente fechado ou aberto? Orando ou dançando? Em casa, clube ou molhando os pés nas águas salgadas ou tomando banho de cachoeira? 
Entrar o ano pisando com pé direito ou não? Brindar com champanhe ou água natural? Com música, fogos, abraços e beijos, ou simplesmente dormindo? 
Essa crueldade cultural que herdamos dos nossos antepassados nos traz, muitas vezes, preocupações desnecessárias.  
Seria tão mais simples crermos somente que o primeiro dia de janeiro é dia de esperança.   
Neste dia celebramos o Dia Mundial da Paz e a festa da Santa Mãe de Deus. E, nada além dos cumprimentos e desejos de felicidades aos amigos e parentes, deveria ser o ritual a seguir.  
Crenças, superstições e tradições. Por eles o primeiro de janeiro de cada ano é marcado. Tudo voltado para a busca da riqueza, prosperidade e paz. 
Confesso que cumpro alguns desses rituais. Mas, não para buscar riqueza ou prosperidade. Faço minhas mandingas em busca da paz.  
A paz que devemos buscar insistentemente, todos os dias do ano. Principalmente a paz conosco mesmo. Entendo que nenhum ser possa ser feliz se estiver mal consigo mesmo.  
No entanto, nada conseguimos sozinhos. É necessário que estejamos receptivos para podermos receber toda a ajuda possível. Ajuda, principalmente, do Alto. 

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