Mostre-me um exemplo TRIBUNA DE URUGUAIANA: O vai da valsa na Flotropi - crônica de Valéria del Cueto

9 de nov. de 2018

O vai da valsa na Flotropi - crônica de Valéria del Cueto

O vai da valsa na Flotropi

Texto e foto de Valéria del Cueto

A floresta que nos resta está um reboliço! Nada que o tempo não resolva. Depois de uma anta e de um morcegão, vem aí mais uma mudança na chefia do reino. Mas e a catreva? Continua a mesma.

Tudo com a torcida batendo palminhas e fazendo um estardalhaço, como se a troca significasse a redenção e solução de todas as mazelas e o fim da influência dos maus espíritos. Não os de porco e javali que esses continuam ali, juntinho com os chacais e as hienas, garantindo o entorno e mantendo a distância a patuleia.

Ora, senão vejamos: o papagaio de pirata aparece em todas as fotos e registros jurando que o filho é dele. Agora lhe cabe o papel de pregador mor tocando clarim e orando para que o Deus do ódio e do preconceito proteja uns e castigue os que, por um ou vários motivos, discordem do tom da zoeira que ensurdece a bicharada e impede o diálogo. A sintonia da Flotropi agora, querem eles, que tenha uma nota só!

O escolhido pela maior parte da bicharada que não é a maioria (parte da fauna se absteve de dar seu pitaco na escolha), impõe suas ideias através das redes de comunicação florestal. É uma barulheira infernal que acaba deixando todo mundo animal endoidecido com seus conceitos pré-estabelecidos e obtusos, já que ele não voa, não nada e não é lá essas coisas quando o assunto é uma boa corrida.

Pelo sim e pelo não, passou o período de campanha recolhido depois de ter sofrido um providencial e oportuno chega pra lá. Quase um sossega leão. Mostrando sua valentia se encolheu e, contrariando as regras do jogo, se limitou a brincar de telefone sem fio teleguiado por conselheiros ocultos que, como pingo no espelho d´água, expandiam e ampliavam mensagens de preconceito, ódio e... medo.

A floresta regride e se auto agride enquanto segue a bateção de cabeça institucionalizada. O que um conselheiro diz o futuro rei não assina e desdiz. Os candidatos a “assistontos” são justamente aqueles que em reinados passados rapinaram as matas e estão mais decorados do que pau de galinheiro.

A dura realidade é que o rei realmente está acreditando na roupa que seus costureiros venderam à bicharada para que ele fosse escolhido o maioral do pedaço. Pensa que é mito, o mico. Se julga ungido pelo Deus da floresta e bota fé na sua missão redentora. Nem que, para isso, tenha que mandar pro paredão ou pro xilindró da selva espécies inteiras.

Mas alto lá!!! Isso só depois da sua coroação oficial ano que vem. Até a posse se dedica a aparar seu topete na lua minguante (duas vezes em dois dias), excluir representantes de suas reuniões para passar seus informes e, na falta de mobiliário adequado, apoiar seu sistema de comunicação nos adereços marítimos da prole esportiva.

Também capricha na escolha dos asseclas. Na vice, um exemplar da mesma espécie, só que mais categorizado. Esse, diga-se de passagem, já avisou que vai colar no titular e pretende ser positivo, operante e, claro, não largar o cipó.

Para garantir a crença que não crê e a moral que nunca praticou convidou o representante mor da limpeza florestal. O mesmo que enquadrou os que praticavam mal feitos no reinado que caiu, mas não puniu nin-guém do mandato do regente. Aquele conhecido morcegão em vias de ser deslocado da clareira real e que, claro, por uma questão midiática seria o próximo defenestrado.  Caso não arvorasse para si a missão de adiantar o trabalho sujo do reinado em troca de um confortável esquecimento nos dias so(m)brios que virão. Como isso será possível? Simples. A intenção é continuar batendo no cachorro morto que, todos sabem, é o alvo principal do imaginário da bicharada.

Como a Flotropi sobreviverá a um tamanho sacode? Só o tempo dirá. Já que, entre outras preciosidades, em nome do enxugamento das mamatas o rei, agarrado no cipó, pende para um lado e para o outro na intenção de misturar o correntão com a defesa da flora e fauna do matagal.

No vai pra lá, volta pra cá, já tem bicho arrependido da escolha. Afinal, macaquice tem limite, apesar da claque continuar levando fé e acompanhando com entusiasmo as promessas do milagre florestal...

* Valéria del Cueto é jornalista, fotógrafa e gestora de carnaval. Da série “Fábulas fabulosas” do SEM FIM...  http://delcueto.wordpress.com

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