Mostre-me um exemplo TRIBUNA DE URUGUAIANA: Joga pedra na Geni (Editorial do TRIBUNA, dia 16/05).

21 de mai. de 2009

Joga pedra na Geni (Editorial do TRIBUNA, dia 16/05).

No Brasil, quando um problema se avoluma, constituímos uma Comissão, seja ela parlamentar de inquérito ou não, para analisar e dar seu competente parecer. Esta máxima é creditada ao ilustre mineiro Tancredo de Almeida Neves, nossa “porcina” da presidência, pois foi eleito e não conseguiu sequer assumir o posto. Morreu num episódio nebuloso e não tomou posse jogando, pelos revezes do destino, Sarney – o Imperador do Maranhão – na cobiçada cadeira presidencial. Somos o país da hipocrisia, da presepada, da patacoada, do cinismo. Fomos “descobertos” pelos portugueses, fizemos alianças espúrias com os espanhóis pelo território, dizimamos os índios, escravizamos os negros, expulsamos holandeses e franceses e, para deleite dos humoristas, a monarquia foi derrubada por militares sabidamente monarquistas e que gozavam de benesses do imperador D. Pedro II, o grande estadista do século XIX. Na República Velha, maldizemos a política café com leite, liderada por mineiros e paulistas. Em 1930, a gauchada rumou de cavalo e pilchas para atar os pingos no Obelisco carioca. Por 15 anos, Getúlio Vargas fez o que bem quis no Brasil, trazendo grandes benefícios aos trabalhadores, mas privilegiando muitos amiguinhos, na política de pai dos pobres e mãe dos novos ricos. Depois foi combatido pelo famoso Carlos Lacerda, uma figura polêmica, que mesmo puxando saco dos golpistas de 64, foi defenestrado da vida pública, justamente pelos militares. No período da ditadura “branda” (1964-1985), com a imprensa amordaçada e a presença de apenas a oposição consentida, os escândalos pouco afloraram mas, tivemos a Coroa Brastel, as orgias de Delfim em Paris, o caso da mandioca, os coronéis nordestinos, liderados por Antônio Carlos Magalhães e José Sarney, as jóias do ministro Ibrahim Abi-Ackel, a construção da Transamazônica, a implantação das usinas nucleares em Angra dos Reis, para citar algumas “obras”.
Em tempos recentes, a queda de Fernando Collor, os processos de privatizações na esfera nacional e estadual, os mensalões do presidente Lula, o Clube da Cidadania do PT gaúcho, o processo de reeleição de Fernando Henrique, os anões do orçamento, a crise nos governos Collares e Rigotto, o escândalo no DETRAN-RS e, agora, a compra da casa da governadora Yeda Crusius e denúncia de caixa 2 em sua campanha eleitoral, em 2006. Deste pequeno número de escândalos e denúncias que ganharam o noticiário brasileiro, afora a renúncia de Collor, como terminaram? Quem foi punido? Quem foi preso? Quem foi inocentado? Quais as implicações na vida dos culpados e o que foi feito para resgatar a dignidade dos acusados? Estamos na época em que todos querem jogar pedras na “Geni”, imortalizada na canção do genial Chico Buarque. Quem for culpado deve ser punido, mas de forma vertical, que ninguém por muito dinheiro ou influência política possa cair no “esquecimento”, coberto pelo manto da impunidade. Curiosidade: quanto em verbas publicitárias o governo Yeda está destinando ao grupo RBS?

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