Mostre-me um exemplo TRIBUNA DE URUGUAIANA: Coluna Dito e Feito, por Valéria Del Cueto

3 de set. de 2009

Coluna Dito e Feito, por Valéria Del Cueto

A onda que leva, traz
Segunda feira, 2 da tarde. Estou na Ponta. Ainda. Usando o meu biquíni mais antigo. Aquele que de top de linha de alguns anos atrás virou diário, até ser substituído por outros que vinham na fila. Verdade seja dita, fui em busca desta peça antiga por razões totalmente justificáveis.Quero me sentir em casa. No meu canto. Íntima. Usual, contumaz, tipo mobiliário permanente. Mesmo que, vez por outra, como agora, precise me ausentar.
A raposa que me habita palpita. “É, está ficando mais frio, o inverno está chegando”, me diz, tentando o quase impossível: transformar essa luz perfeita, este espaço aberto e o murmúrio do mar nas uvas verdes de La Fontaine.
Não cola. Quando estou quase convencida o barulho das bandeiras dos clubes, penduradas nas armações de lona dos barraqueiros, acrescenta um novo elemento aos sons - que penso conhecer de cor e salteado - da minha ponta de mundo. Se junta ao bater das asas de alguns pombos que se esforçam para alçar voo, embalados pelo mesmo vento que cutuca as bandeiras.
Lá vai minha concentração - e quase concordância - no argumento do lado raposa, esmagada pela paisagem que me circula e o gemido do mar, acrescido dos elementos sonoros acima expostos.
Tá muito mar. Alto, mexido, cheio de valas e correntezas. Um surfista solitário espreita além da linha de espuma suja por causa da maré, trazida do outro lado da Pedra do Leme. Isso não é novidade. Novidade vai ser o que a moça a minha frente vai sentir, quando descobrir, provavelmente num quarto de hotel, o estado lastimável das suas costas. Antes, branquinhas, agora, rosadas e mais tarde, num tom definitivamente vermelho.
Assim é a vida, uma troca de pele constante. Às vezes traumática, como é o caso da moça. Outras, nem sequer sentimos. Mas elas, nossas camadas epiteliais, de uma forma ou de outra, se vão.
Eu prefiro fazer minhas trocas de uma maneira intermediária, sem muito sofrimento, mas não de maneira que eu não note essa renovação. Chico Amorim, um tipo de sábio pós-moderno cuiabano, me ensinou a reconhecer o tempo da seca em Cuiabá observando nossas mãos descascar, sempre na mesma época do ano. Depois, a secura piorava castigando nossa nova epiderme e deixando ela no ponto para o tempo das águas, o tal do inverno matogrossense.
Tudo isso, pra dizer que estou de partida. Outra vez. Um pouco mais tarde esse ano, porém, o tempo de ir apresentou-se.
E é de biquíni velho e alma lavada pela gratidão de aqui estar, que saboreio esse momento (que se repete muitas vezes na minha vida muito tempo), aquele em que digo a mim e a minha raposa: “A melhor coisa de ir, é poder voltar”.

10 comentários:

Anônimo disse...

Valérias, Valérias, menas, menas, como dizia o Antonio Souza.

Anônimo disse...

Nada disso, as Valérias são maravilhosas. Continuem com muito talento. José Antônio Alves.

Anônimo disse...

A questão de serem maravilhosas, a Valéria Surreaux, realmente É, a outra eu não conheço.

Anônimo disse...

Parabéns Valerias. Dignas de um kikito de verdade!!!

Anônimo disse...

Cuida pra q o teu brilho nao ofusque as OTORIDADES locais, senao tu vai pra Libres, ah vai!!!! Fazer o sucesso no Exterior!! Hehehehe

Anônimo disse...

A Valéria Surreaux é lindíssima, uma deusa. A outra não conheço.

Anônimo disse...

Se fores cantar o hino de Uruguaiana, nao deves cantar com glamur,cante de preferencia como Vanusa cantou o Hino Nacional.
Aqui nesta terra , até o momento, só uma pessoa ( primeira e unica) canta o nosso Hino na mais perfeita harmonia.

Anônimo disse...

O Hino da nossa querida Uruguaiana pode ser dividido em duas eras:
A?EBF e D/E ou seja. Antes Elisabete "Bete" Bretas Felice e Depois de Bete.

Anônimo disse...

Mas eu nunca vi ela cantar, donde essa? Uns já dizem que ela vai lançar um cd...

Anônimo disse...

Vai lançar sim, no centro de lançamento de Alcantara!!!!!