Mostre-me um exemplo TRIBUNA DE URUGUAIANA: MARTITA

17 de dez. de 2011

MARTITA


A história não é minha, mas quem me contou jura ter acontecido em tempos nos quais ser gay ainda só era tolerado, ou melhor, tal definição ainda nem existia. No linguajar fronteiriço rude e objetivo, seres do sexo masculino, mas suaves e saltitantes eram chamados de fresco, maricão e outros adjetivos hoje impublicáveis por irem de encontro á legislação vigente e, principalmente, contrariar os hipócritas conceitos de correção política. E, do jeito que vão as coisas, dentro em breve, possivelmente, ser gay será algo assim como o serviço militar: obrigatório aos dezoito anos. Em todo caso vamos a nossa historinha.

Naqueles idos da segunda metade do século passado nossa Uruguaiana podia gabar-se de ser uma, ou talvez a única, cidade gaúcha desprovida de preconceito quanto às tendências sexuais de seus habitantes a começar pela tolerância e até admiração pelo precursor das drag-queens brasileiras, o inesquecível Ivo Rodrigues, reconhecido com uma atração turística local, sendo que até respeitáveis personalidades aqui, se não saiam do armário, disfarçavam mas não escondiam suas inclinações. Havia um desses precursores, conhecido pelo apelido de Doutor, que sendo ativo membro da alta sociedade, exercia liderança no nosso soçaite adorando receber em sua residência, um belo palacete, a nata da intelectualidade e da beleza para festas inesquecíveis onde costumava homenagear personagens destacados de suas relações. Coisa fina...

Sua casa, ou castelo, como costumava chamar, ocupava quase que todo o quarteirão, sendo cercada por um muro alto onde se destacava um pórtico que dava acesso a veículos e pedestres. Mas eram os jardins internos, localizados nos fundos da propriedade, onde costumava receber seus amigos, o palco das mais brilhantes comemorações longe das vistas da arraia miúda, que espreitava diante do portão sempre curiosa e excitada com chegada dos seus convidados.

Martita era um jovem homossexual bastante conhecido pela gurizada da época. Cheio de trejeitos, ás vezes, suprema audácia, travestia-se durante o carnaval imitando em tudo seu ídolo, o Ivo, a quem prestava pequenos serviços no seu famoso cabaré.

Nos dias em que percebia pela movimentação de serviçais que aconteceria alguma festa no castelo Martita, desde cedo, rondava o portão principal tentando adivinhar o que se passava no interior da propriedade para mais tarde, durante a festa ir até casa de uns amigos vizinhos do castelo e de onde por um basculante do banheiro do segundo andar conseguia, se espichando todo, vislumbrar parte daquele jardim das delicias do castelão. Era então que aquela alma feminina num corpo de marmanjo semi-analfabeto, fantasiava sonhando com o dia em que se juntaria a aquela plêiade de gente fina e elegante. E como sonhos, ainda mais de gays, não conhecem limites Martita já sabia até com que roupas iria ingressar em tão seleta confraria.

Do invejado vizinho ele, de tanto xeretar, sabia tudo inclusive seu amor por uma cadelinha pequinês (os poodles ainda não eram os preferidos das dondocas), nervosa e esganiçada, a Marquesa que passa quase que o tempo todo sendo mimada no colo do dono.

Naquela manhã o movimento começou cedo com a chegada de entregadores e serviçais prenunciando uma grande festa para mais tarde. Até na rua o movimento de veículos aumentou deixando o transito um tanto confuso diante do castelo. Martita, junto ao portão principal a cada veiculo ou pedestre que entrava esticava uma olhada para o interior da propriedade tentando vislumbrar alguma coisa. Foi numa dessa aberturas que a cadelinha saiu em disparada para o meio da rua seguida pelo grito desesperado do doutor: - “Marquesa!!!” vendo sua querida na eminência de ser atropelada por um caminhão. Martita num gesto heróico jogou-se diante do veiculo a tempo de resgatar o animalzinho são e salvo devolvendo-o aos braços de seu dono que, se debulhando em lágrimas agradeceu:

 - “Muito obrigado, meu herói, por salvar minha filhinha”. Foi quando reconheceu Martita como uma das mais ardorosas fãs das vigílias junto ao seus muros.

- “Olhe, como paga pelo seu nobre gesto, quero te convidar para a festa de hoje à noite. Ou melhor, a festa será em tua homenagem. Hoje, as nove...”

E para uma Martita muda diante da perspectiva de realização do seu maior sonho, ainda fechando o portão, o doutor recomendou:

- “Oh!... Black-tie, queridinha!”

E Martita, deslumbrada e ignorante, agradeceu:

- “Blequetai pro senhor, também!”

  



17 comentários:

Anônimo disse...

por essa e por todas que sou mais a VALERIA.

cAPITÃO JAIME, o senhor abriu um arquivo rico em detalhes, nada contra, coisa de intelectuais que nós povão não temos acesso.

Linda Valéria, vais encerrar o ano como tu merece, linda e faceirA, pois esta postage m do capitão colega do tenente altino não muda em nada o brilhatismo da nosso bela VALERIA no no contexto QUE tu es nossa inspiradora.

MaS que foi bola fora do capitão, foi.

Anônimo disse...

Bãaaah mas o das 7,51 tá fumado

Anônimo disse...

Soccorro que texto cansativo. Um favor nao coloque texto deste tamanho em pleno final de ano.

Anônimo disse...

"E, do jeito que vão as coisas, dentro em breve, possivelmente, ser gay será algo assim como o serviço militar: obrigatório aos dezoito anos..."
- Não seria má ideia. Talvez assim, seríamos poupados da existência de textos deste tipo -
Era para ser cômico? E onde está a graça? Ah, sim... No uso da palavra "tolerância" ao falar da orientação sexual ou identidade de gênero quando não sendo a hetero-normativa? Ou o cômico estaria no fato de que o personagem não sabe o que é "black-tie", por que isso, segundo o texto, faz dele um ser humano inferior e, portanto, motivo de riso?

Desculpas ao anônimo das 7:51, mas não há nada de intelectual no texto acima, aliás, está muito longe disso. Foi "bola fora" sim, e bota "bola fora" nisso!

Anônimo disse...

Resulta do texto-depoimento que seu autor era sim parte de tais festanças. Nada contra. O 'EU INTERIOR' TRAIU o autor, falou mais alto a gansa que há anos queria se soltar.

O RIO DE JANEIRO nÃO tem culpa nenhuma. Prova que não basta ser gaucho aguerrido e forte.

Ou é ou não é.

Anônimo disse...

Isso é uma crônica que relata fatos ocorridos em Uruguaiana. Onde está o problema? Ou vamos negar o passado e o quanto o Ivo foi importante para a formação sexual de várias gerações uruguaianenses?

Anônimo disse...

Hum!
Crônica do que?

Os defensores da cronica jaime, da causa ivo e da pedagogia sexual dos uruguaianenses deve ser um fuzileiro naval daqueles que frequentava aquele bordel segundo ele educativo.

vai te deitá vinagre. vai procurá tua turma.

erro de fato e de direito, pois a suruba em tela se refere, segundo o testemunho do declarante, era num castelo com uma ponte na frente. só isso.

quem tava lá na festa. quem gostava desse tipo de festa não interessa. cada qual cada qual.
mas que jaime abriu o coração, isso é fato.

Anônimo disse...

7:51 fruta descascada
20:23 analfabeta de pai e mãe
07:19 boiolísima

Anônimo disse...

secretario da saude..nos livre dos mosquitos passe um fumace pela cidade...sei q o sr ta lendo..

Anônimo disse...

Concordo plenamente com o anônimo das 14:59, embora haja um porém: há modos e modos de se criar um texto narrando fatos "ocorridos"... Embora haja mais um outro porém: entre fatos "ocorridos" e a ficção que deles se apropria, o caminho além de longo é um tanto truncado...

Anônimo disse...

Hipócritas.
Essa é a socidade que vivemos.
"doutores" que mandam, que decidem a vida do povo dizendo: FAÇAM O QUE EU MANDO MAS NÃO FAÇAM O QUE EU FAÇO.

DIZ o autor desta tal cronica: '"...MEMBRO ATIVO DE NOSSA SOCIEDADE (dele, do cronista jaime)...'"

diz também ... seus automóveis, portico de entrada ... ou seja, jaime não fala de pobres.
só de formadores de opinião.

Logo, as polícias nunca chutaram tais pórticos pois reunidos reconhecidos 'DOUTORES'.

isso não é fato novo claro. lembrar sodoma e gomorra, a história antiga, grandes vultos da literatura, gente que dizem ter engrandecido nossa história.

O recente Brasil Império que o diga.onde a sacanagem era a regra nos salões onde gritavam independencia ou morte.

e o pobre escravizado.

aqui no SUL, NO TEMPO DA REVOLUÇÃO FARROUPILHA, quantas tafonas podem testemunhar as orgias de tantas autoridades.

enfim, manda quem pode e os escravizados que cumpram.

Anônimo disse...

o doutor era edgar..aquele que frequentava castelos na Inglaterra? adorei a crônica...o estilo...o espírito...parabéns

Jayme del Cueto disse...

Bem, pelo visto, se acabaram os machos ai na fronteira... Um monte de comentários anônimos e estapafúrdios sem ninguém com coragem para dar a cara a tapas.
Deve receio de que eu resolva contar o que sei sobre eles ou seus ancestrais.
Quero lembrar ao anônimo das 20/12/11 07:28 que o que escrevi foi uma piada, da qual tem todo direito de gostar ou não. Recuso-me a ser sociólogo e, muito menos, político.

Anônimo disse...

o brasil inteiro sabe que a busca pela prática da dignidade, pelo que e justo continua sendo o perfil dos cidadãos de boa vontade.

não te engana não CAPITÃO. não perde a compustura. respeita a gente de nossa fronteira que não tem a oportuinidade de morar
noutro oriente

Por certo estes anônimos não julgam oportuno e educativo "mostrar a cara" para um debate tão sem horizontes.

Mas medo ninguém tem CAPITÃO amigo de altino.nas
Cabe escrever que, todos os serem humanos nascem simpáticos as transformações ficam por conta e risco da maturidade ou imaturidade.

Talves o artista não saiba, mas como todos os grupos sociais, Uruguaiana tem pessoas boas e/ou pessoas que lutam para serem limpas e purificadas, mas ...

ninguém tem medo de ameaças, em especal a distancia. cada um faça de sua vida o que bem entender mas não se pode exigir que as pessoas sejam o que nunca foram.

Deus conhece todos os seus filhos. Mas o maligno nunca desiste. Um dia todos prestaremos contas de nossos atos.

quem tem rabo preso até pode temer suas ameças, mas aqui na FRONTEIRA há sim pessoas melhores e/ou piores, cada um escolhe as festas que mais lhe agradem, mas ao final, que
cada DOUTOR pague pelos atos praticados.

CAPITÃO, não ameaça, solta o verbo, conta tudo,seus conhecimentos por vezes poderão ter alguma utilidade para seus conhecidos envolvidos.

Mas haverão muitos que nunca participaram de tais orgias tão apreciadas e frequentadas como o nobre morador da zona sul ameça revelar.

REVELA, capitão, ator, jornalista, quem ameaça tem que cumprir do contrário perde credibilidade.


Em sendo uma piada não tem porque fazer ameças e insinuar condutas duvidosas a todos os cidadãos da cildade que já te porporcionou ganhar o pão de cada dia.

Por fim dizer, feliz de quem pode ficar no RIO DE JANEIRO e nunca mais voltar.

UM tfa.

Anônimo disse...

Assim são tratados os filhos de Uruguaiana que cometem os pecados de fazerem sucesso e, mesmo longe, tentarem contribuir com a vida cultural dessa quina de mundo.
Quem pode dá pérolas aos porcos. Estes, simplesmente as comem, por que não sabem pra que servem...
Que desperdício!

Anônimo disse...

Os filhos de Uruguaiana merecem respeito.
Nem todo o sucesso do mundo dá direito de desrespeitar uma cidade.

Diga ao seu amiguinho que ele não se engane não, aqui em Uruguaiana tem MACHO sim, não acabaram não, ao contrário, e tem muito enrustido que já se mandou daqui. Diga a ele que é muito fácil ele comprovar, sem estardalhaços.

Quina de mundo é a tua casa, a tua vida. Nós, Aqui preferimos viver e conviver em fraternidade.

Aos salmofadinhas podemos dizer que, não precisamos de pérolas pra viver e nem pra dar aos porcos.

Talvez tenhamos tanta cultura quanto voces mas a grande diferença é que buscamos viver uma vida JUSTA, lIMPA, PURA E PERFEITA.

Anônimo disse...

Alto lá!

Desrespeita Uruguaiana quem quer esconder o passado, a história de seu povo de forma estúpida e tacanha, apelando para uma falsa moral demodé e perniciosa. 17:20 sua visão é, no mínimo, obtusa.

Aqui, somos (quase) todos humanos: tentamos, erramos, lutamos. São nossas imperfeições que nos fazem melhores.

"Vida justa, limpa, pura e perfeita"? Nem no céu, nem nesta terra que fica na beira de três fronteiras, portanto numa quina sim, Uruguaiana. É geografia, vais alterá-la também?