Mostre-me um exemplo TRIBUNA DE URUGUAIANA: Marques Acunha - 70 anos - Uruguaiana.

27 de ago. de 2013

Marques Acunha - 70 anos - Uruguaiana.


Marques Acunha
Marques Acunha partiu como chegou. Sem medos ou receios. Sem dramas ou ressentimentos. Sem queixas ou reclamações. Foi ao encontro do Criador quem tanto por Ele falou. Era o pai dos pobres. Era – como dizia minha mãe- a quem o pobrerio recorria. Sua voz acalentava corações nas manhãs desta terra. Como ninguém conseguia tirar leite de pedra. Numa hora estava contando uma piada. Daí a pouco contava um drama. Quem se socorria do “microfone da solidariedade” geralmente eram mães em busca de remédios e alimentos ou roupas para os pequenos. Às vezes eram desempregados em busca de trabalho. Nunca vi ninguém sair sem nada.
Quem não lembra do projeto Anjos da Guarda. Projeto totalmente voluntário, sem nenhum tipo de apoio oficial, quando ainda nem se falava em bolsa família, liderado pelo Marques que buscava produtos descartados em supermercados, ele mesmo cozinhava e ele mesmo ia as vilas distribuir sopão aos pobres, que por algum motivo, doença às vezes, não podiam irem apanhar o alimento.
Esse era o Marques Acunha. Um Anjo da Guarda. E Anjos não morrem.
Marques fez da sua vida algo maior que a própria vida: A solidariedade. O corpo se foi. Seus ensinamentos e o que aqui deixou não passarão jamais. Em nome dos desamparados abriu mão de cuidar da sua saúde. Desistiu impoluto do luxo e do conforto. Na catarse que vivia com o povo seus pequenos prazeres se resumiram a um cigarrinho, vicio que lhe acompanhou até o final, e uma cervejinha eventualmente.  Alem de futebol, colorado fanático que era, daqueles de se jogar no chão no meio da rua quando o Inter ganhava tinha mais um hobbie. Colecionava rádios velhos.
Marques Acunha era briguento. Com a coragem dos fortes e a bravura dos heróis travou muitas batalhas. Venceu algumas. Perdeu outras. Mas sempre foi honesto. Sempre lutou o bom combate.
Assim era o Marques. Era um homem simples mas não era um homem comum.
Enfim Marques silenciou. Entregou-se aos braços da história. Isso sim. Mas só isso. Porque ele podia não ter nada material, nenhum bem de alto valor.  Mas sua voz e sua conduta nortearam o caminho de muitos outros homens de bem que o conheceram. Mesmo que com ele não simpatizasse, até porque santo ele não era, era impossível desconhecer sua ligação umbilical com os menos favorecidos. Sim seu corpo partiu. Mas só o corpo. Sua voz, sua risada ainda podem ser ouvidas. As marcas que aqui deixou são indeléveis em mentes e corações.
Seu particular e peculiar jeito de comunicar é difícil de ser encontrado. Algumas pessoas falam e algumas ouvem. Com Marques era diferente. Ele falava e todos ouviam. Suas manifestações eram motivos para outras discussões.
Me faltam palavras para definir como Marques se comunicava. Mas sinto como se ele falasse de coração para coração. Assim diretamente. Sem outras interferências. Como ele fazia isso? Não sei. Não consigo entender e menos ainda explicar.
É claro que é doloroso perder um amigo, um familiar, um conhecido. Mas no caso do Marques Acunha penso que a gente tem que agradecer a Deus por ter permitido tê-lo tanto tempo conosco. Acho que tivemos muita sorte ter cruzado com ele nesta dimensão. Na gaveta de nossa memória ele ficará guardado para sempre.
Marques é uma daquelas pessoas que deveriam ser eternas.
Querido Marques, saudade é uma palavra que Deus criou, não para dizer que estamos longe, mas para lembrar que um dia estivemos juntos.
Na mais absoluta certeza de que nosso adeus não é para sempre, querido amigo, vá com Deus.
Obrigado por tudo.
Lauro Farias
Coordenador Sistema 3411-1000

Obs.: Marques Acunha, faleceu na madrugada de quarta-feira, dia 21 de agosto de 2013, aos 69 anos de idade, em Uruguaiana. Ex-vice-prefeito, ex-vereador, ex-presidente da Câmara Municipal de Uruguaiana e ex-secretário municipal de Ação Social, Hildebrando Marques Acunha  foi quem implantou o Projeto Anjos da Guarda, beneficiando milhares de pessoas carentes. Foi duramente perseguido pelo ex-prefeito Sanchotene Felice e teve que trabalhar em uma rádio de Paso de los Libres. TODAS as rádios de Uruguaiana fecharam-lhe as portas.

7 comentários:

Anônimo disse...

Realmente o Marques foi perseguido, e ninguém levantou um dedo para defende lo, agora querem fazer sensacionalismo em cima da morte do nosso guerreiro.Agora é tarde mano, o que passou não volta mais, pra este mundo nunca mais(como dizia um samba do Marduque).Façam, defendam, valorizem a pessoa em vida, nome de rua de praça, de nada vai adiantar.

Anônimo disse...

e toda a família também foi perseguida pelo grande Canalha

Anônimo disse...

QUANTOS DITOS POLITICOS DE URUGUAIANA, APROVEITARAM-SE DA BONDADE DO MARQUES PARA SEREM ELEITOS, O FAMOSO GERENTE, DEPOIS QUE O MARQUES FOI SEU VICE, SE ELEGEU GRAÇAS A ELE, NUNCA MAIS GANHOU ELEIÇÃO NENHUMA. OUTRO COM A SUA SENILIDADE, PERSEGUIU ATÉ QUE ELE FOSSE PARA LIBRES. DEUS NÃO DORME, HOJE NÃO TEMOS MAIS O MARQUES. A VERDADE ESTÁ APARECENDO MOSTRANDO A SITUAÇÃO DE URUGUAIANA DEIXADA PELO IMPERADOR

Anônimo disse...

Disse tudo Lauro!!

Anônimo disse...

Hey que texto.
De chorar.
Janaina

Lauro disse...

Mas ah tocaio.
Saudade dos bons tempos em que escrevias no Cidade.
Lauro

newtonjacques disse...

Lembro do Marques Acunha, de quando jogou na lateral esquerda do E.C. Uruguaiana (juvenil), que tinha muita gente boa de futebol (Mario Mugica, Caio Saldanha, Paré e outros)