Mostre-me um exemplo TRIBUNA DE URUGUAIANA: A verdadeira fotografia, por Gabriel Novis Neves

4 de nov. de 2014

A verdadeira fotografia, por Gabriel Novis Neves


Impressionou-me muito, não só a obra grandiosa, mas a história de vida desse fotógrafo brasileiro chamado Sebastião Salgado. 
Da sua jornada de vida, quarenta e três anos foram dedicados à fotografia, gerando um dos maiores acervos de que se tem notícia sobre os mais diferentes acontecimentos que marcaram a humanidade de 1970 até os dias de hoje. 
Suas fotos, diferentes das glamorosas às que estamos habituados, sempre enaltecendo a vaidade, vão muito além da imagem conseguida. 
É o relato verdadeiro, e algumas vezes cruel, do que acontece no planeta Terra nas suas diferentes dimensões. 
A força de suas imagens é tamanha, que seus estudos deveriam fazer parte dos currículos escolares, em detrimento de tantas outras matérias totalmente desnecessárias à vida futura. 
Suas estadas dedicadas à fotografia em diversos lugares e eventos se estenderam algumas vezes a anos de vida. De certa feita, passou cerca de sete meses fotografando as montanhas do Himalaia. 
Na maioria das vezes, acompanhado pela mulher, viveu experiências inéditas, seja cobrindo a brutalidade da guerra da Bósnia, seja em expedições à Antártida, seja na floresta Amazônica em busca das tribos indígenas ainda desconhecidas pelos brancos, seja  em fotos impressionantes de animais  no Pantanal ou nas ilhas Galápagos. 
Suas explicações, vinculando a fotografia a uma total imersão no planeta, são fascinantes. 
Segundo ele, os animais têm uma inteligência muito semelhante à nossa, razão pela qual só conseguimos fotografá-los cara a cara, se entendermos isso. Suas imagens, por exemplo, de jacarés, são impressionantes, tal a proximidade conseguida com os mesmos. 
Relata que só conseguiu isso se tornando ele próprio um jacaré, na postura e na movimentação. O mesmo com a organização familiar dos chipanzés, muito semelhante à nossa. 
Como um estudioso do marxismo (além de antropologia, biologia e economia) sua maior preocupação foi sempre com a classe trabalhadora cujas fotos são o alvo de sua imensa obra. 
As fotos, que falam por si próprias, principalmente após a revolução industrial, são arrepiantes. 
Sua entrevista ao jornalista Roberto D´Ávila foi uma das melhores matérias produzidas pela mídia televisiva. 
Quem não viu... Procure ver o que vai além da imagem, o momento inserido num contexto histórico. 
Um profissional que vai ficar para a posteridade.

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