Mostre-me um exemplo TRIBUNA DE URUGUAIANA: Dores à distância, por Gabriel Novis Neves

11 de nov. de 2014

Dores à distância, por Gabriel Novis Neves


Dores à distância 
A medicina relata inúmeros casos de fetos gemelares univitelinos - aqueles que são fecundados por um óvulo e um espermatozoide gerados no útero materno em uma única bolsa e placenta. 
Geralmente são do mesmo sexo e apresentam a mesma carga genética. 
Quando adultos são muito parecidos fisicamente e, mesmo à distância, quando um deles é acometido de algum sintoma o outro também apresenta.
É o caso de um jovem nessas condições genéticas morando no Brasil acometido de uma apendicite aguda e seu irmão no exterior também. 
Tudo aconteceu no mesmo ano, dia, mês e hora, embora um não soubesse o que se passava com o seu irmão univitelino. Ambos estavam no centro cirúrgico em terras distantes. 
Assim, como no fato descrito, conhecemos milhares de outros semelhantes em que as dores são sentidas à distância. 
A medicina, não sendo uma ciência exata, acredita na genética para justificar esses casos. Tudo bem. 
E como explicar dores outras que acometem pessoas sem nenhum laço de parentesco, que não foram criadas juntas, moradoras de cidades diferentes e separadas por milhares de quilômetros, que se conheceram tardiamente, terem essa reciprocidade de aflições? 
Nesses casos a genética não explica, pois sentimento não é doença, mas uma sensação subjetiva de alegria, dor, paixão, medo etc. 
É, antes de tudo, vontade incontrolável de sentir tristeza e dor que atormenta seu parceiro à distância. 
Os espiritualistas têm suas explicações. Deixarei de discuti-las por se tratar de religião e que deve ser respeitada. 
Os neurocientistas, tão valorizados hoje no mercado de trabalho, com certeza, têm as suas análises que, infelizmente, desconheço. 
Que é estranha essa manifestação de sentimento, isto é. 
Não é solidariedade, que é mais um sentido moral de vínculo e ajuda mútua. Ou será? 
Creio que seja a incorporação das aflições momentâneas de alguém que estimamos muito e que sabemos preocupados e sofrendo com situações vivenciais passageiras. 
O amigo receptador passa a “incorporar” esses problemas como se seus fossem, sofrendo na mesma intensidade. 
Em psiquiatria aprendi que certos psicóticos leem o pensamento alheio, o que não acontece nesta narrativa. 
“O médico que só sabe de Medicina, nem de Medicina sabe”. Tozatti 
Fica o esclarecimento para a ciência: “que é ficção científica onde a única fronteira para a imaginação é a realidade”. Goran Hellekant 

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