Mostre-me um exemplo TRIBUNA DE URUGUAIANA: Dezembrol, por Gabriel Novis Neves

25 de dez. de 2014

Dezembrol, por Gabriel Novis Neves


Dezembro 
Assim como as pessoas, os meses também apresentam suas peculiaridades. 
Dezembro é o mês das festas de confraternização onde, quase sempre, reina a hipocrisia. Nunca se finge tanto como nos últimos dias do ano. 
São votos de felicidades pra cá, abraços de alegria pra lá, troca de presentes sempre elogiados com sorrisos forçados. 
Beijinhos de Judas, abraços de tamanduá e palavras sem compromissos com a realidade reforçam o falso cenário de solidariedade com decoração tradicional. 
A festa do amigo oculto e o décimo terceiro salário são instrumentos para alegrar o consumismo induzido pela mídia. 
Cuiabá tem onze mil pessoas com renda mensal inferior a setenta reais - considerado pelo governo federal como de extrema pobreza. Não contando vinte e cinco mil e quinhentas vivendo com recursos do Programa Bolsa Família e outras tantas já cadastradas e na fila de espera para receberem o benefício. 
No mês em que os cristãos comemoram o nascimento de seu Cristo Jesus, a ajuda mútua entre pessoas inexiste. 
Para alguns, dezembro é mês de alegria e comemorações. 
Para mim, período de tristeza por observar tanta futilidade com aspecto de deslealdade. 
Devemos ser iguais sempre, e não apenas artificialmente caridosos no mês-rei do consumismo. 
A melancolia me maltrata neste período do ano, pois fica exposta a desigualdade entre as diversas camadas da nossa sociedade. 
A reflexão necessária nesses dias ficou profanada pelo consumismo das promoções do comércio, com fundo musical das músicas natalinas. 
O roliço profissional Papai Noel de barbas brancas, roupas e gorros vermelhos, carregando sacos de presentes, completam a alegria dos empresários e a ilusão das crianças. 
Dezembro deveria ser um mês sagrado, e não apenas de idolatria ao consumismo inconsequente e profano. 
Os vendilhões da felicidade um dia foram expulsos do templo por Cristo. 
Nesse dezembro o que me encantaria mesmo seria vislumbrar dias com menos mentiras e mais realizações, coisas das quais o nosso país anda tão ressentido. 
“... ponde no coração do homem a compaixão e a caridade!” – assim rogava Cáritas. 
Que o Papai Noel não traga presentes, mas traga ESPERANÇA. 

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