Mostre-me um exemplo TRIBUNA DE URUGUAIANA: Qualidade de vida, por Gabriel Novis Neves

3 de dez. de 2014

Qualidade de vida, por Gabriel Novis Neves

Quanto mais estudo ciências sociais, mais me sinto frustrado. Estamos caminhando há séculos por estradas vicinais ao desenvolvimento humano. 
Enquanto nações pobres conseguem nos ultrapassar em qualidade de vida pela estrada da correta educação, permanecemos em estado de verdadeira letargia, mentindo para nós mesmos. 
De acordo com os últimos dados sociais e econômicos divulgados pelos organismos competentes, tenho a nítida impressão de que estamos a caminho do empobrecimento, sobre todos os aspectos. 
O cidadão brasileiro não conhece os seus direitos, logo, não vivemos em uma democracia que expresse a opinião nacional.
Na hora de votar cada eleitor está pensando em sua sobrevivência.
Quem define o resultado das eleições são as nossas necessidades, e isso tem um preço altíssimo.
Nosso maior vexame continua sendo a péssima qualidade do ensino.
Apenas o ensino fundamental que está, equivocadamente, universalizado. O pior é que a nossa escola não ensina cidadania às crianças.
Há oferta de uma infinidade de disciplinas que não “abrem a cabeça do aluno”, afastando-o do aprendizado. É um crime contra a pátria.
Sabemos que quem decide eleições em países como o nosso, considerado em desenvolvimento, são aqueles maiores de dezesseis anos, que não tiveram oportunidade de acesso a uma boa escolaridade.
A nossa atual escola cria, em sua maioria, desigualdades sociais, e hoje carregamos esse troféu no grupo dos países marginalizados do desenvolvimento social e econômico.
Esse é o nosso presente, onde ainda estão vivos na nossa memória fatos como a saída do Collor do governo, o mensalão e, recentemente, o assalto à Petrobrás.
Recordamos com emoções extremamente penosas esses momentos que ainda, de muito recentes, não passaram à nossa história. 
A opinião pública não elege presidentes. Quem tem bolsa família vai se incomodar com a corrupção ao votar?
Mais sensíveis aos assaltos cometidos por agentes públicos contra o erário público e sobre o comportamento aético dos nossos políticos e governantes, são os pertencentes à classe média, os profissionais liberais, enfim, todos muito sobrecarregados com os altos impostos pagos.
Com a população educada, informada, independente das bolsas para sobrevier, nasce a opinião pública capaz de mexer no tabuleiro do xadrez político alterando seus resultados. 
O governo, porém, nega este instrumento à nossa gente, com o propósito único de se perpetuar no poder.
O Brasil precisa criar uma identidade. Precisamos urgentemente do surgimento de figuras modelares para se tornarem heróis nacionais.
Consta que temos apenas um herói nacional – Tiradentes.
Outros que aparecem nos livros escolares são contestados.
Mitos povoam nossa imaginação, a começar por aquele que diz que o povo brasileiro é cordial.
Acreditamos viver em uma República Democrática. República é virtude, bom governo. Democracia é inclusão social. 
Avançamos um pouco no terreno democrático. No entanto, na república, não progredimos muito, e os escândalos de corrupção estão aí para comprovar.
Conquistamos o direito ao voto para elegermos nossos representantes. Mas, todos sabem que não é bem assim.
Não é um direito, é uma obrigação – um convite à corrupção. 
Obrigatório deveria ser o ensino e a cidadania, caminhos únicos para alcançarmos a qualidade de vida para todos. 

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