Mostre-me um exemplo TRIBUNA DE URUGUAIANA: Emburrecimento, por Gbriel Novis Neves

4 de mar. de 2015

Emburrecimento, por Gbriel Novis Neves


Emburrecimento 
Acho difícil compactuar com posições ideológicas estanques diante do que impõem as leis da dinâmica mundial. 
Em 1960, por exemplo, os mais esclarecidos lutavam contra as chamadas “forças ocultas”, nosso grande inimigo. 
Com a chegada da economia de mercado e da sociedade de consumo tivemos uma visão diferente do que realmente move o mundo atual. 
Lamentável que algumas mentes menos esclarecidas, e não são poucas, continuem obcecadas por aqueles mesmos ideais que não representam um mundo radicalmente mudado, ainda que com desigualdades sociais em níveis galopantes. 
O mesmo pode ser criticado em pessoas de pensamento mais conservador que, por ingenuidade ou má fé, apoiaram e continuam apoiando, ainda que veladamente, os vinte desastrosos anos de ditadura que tivemos no Brasil, em cujos porões tanta barbárie aconteceu. 
Bom senso tem de prevalecer e não podemos nos transformar em fantoches dessa ou daquela ideologia. 
Sentimentalismos baratos, apenas levados por arroubos emocionais, são os grandes responsáveis por esse verdadeiro entrave ao desenvolvimento como um todo. 
Sempre me assusto ao encontrar pessoas que afirmam não terem se arrependido de qualquer um dos seus atos do passado. 
 Isso só denota uma absoluta falta de inteligência, uma vez que deveria ser justo o contrário, aproveitarmos as vivências negativas para não repetir os mesmos erros do passado. 
O sectarismo - seja ele político, social ou religioso - é sempre um grande entrave para que ocorram as mudanças necessárias à dinâmica mundial. 
Na política vemos alguns de nossos representantes com posições ideológicas fora de qualquer julgamento, pontuando as condutas mais esdrúxulas e condenáveis apenas para justificar as suas ideias pré-concebidas, pétreas, fechadas ao livre diálogo. 
Infelizmente estamos na crista de várias crises, a econômica, a social, a hídrica, a elétrica e, principalmente, a de identidade, em que não mais são discutidos valores. 
A ética e a moral seguem princípios básicos de sobrevivência e desrespeitá-los é negar a própria existência no planeta. É a apologia do vandalismo cultural. 
O discurso humanitário foi abandonado e vivemos um clima de salve-se quem puder. 
Os velhos conceitos de pátria, família e propriedade nos parecem tão obsoletos quanto os atuais de tudo consentir em nome de que “os fins justificam os meios”, sejam eles quais forem. 
O roubo e a corrupção não podem ser justificados através de conceitos semânticos como mecanismo impulsionador da economia. 
Vemos na mídia pessoas importantes do meio empresarial confessando publicamente que nenhuma obra no país é feita sem propina. 
Essa é a cultura do caos e da desesperança e não pode ser considerada como trivial. 
Não se trata mais de discursos de direita, de centro ou de esquerda. 
O momento é muito mais grave. Temos de nos atentar para os rumos equivocados que os detentores do poder estão traçando no momento, pois, se não forem revistos, poderão ameaçar a própria soberania do Estado. 
A meu ver faltam nos dicionários dois verbos muito importantes: “EMBURRECER e INTELIGENTIZAR”. 
Eles apenas dizem respeito à nossa capacidade de discernimento na colocação de valores que queremos para nós e para a sociedade em que vivemos. 
Aliás, a definição universal de inteligência nos diz que: “Inteligência é a capacidade de resolver os problemas práticos e teóricos da vida”. 
Com certeza, essa é a hora da escolha... 

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