Mostre-me um exemplo TRIBUNA DE URUGUAIANA: Prova, por Gabriel Novis Neves

19 de mai. de 2015

Prova, por Gabriel Novis Neves

Prova 
Uma das provas mais emocionantes, especialmente para os felizardos que estão na quarta idade, e pela possível surpresa dos resultados, é submeter-se a uma bateria de exames laboratoriais. 
Depois dos cinquenta anos apresentamos alterações em nosso organismo consideradas normais. 
Nossas artérias perdem a sua elasticidade juvenil tornando-se mais espessadas, com calcificações depositadas em suas paredes. 
Por isso o coração precisa trabalhar com maior vigor para fazer o sangue circular. 
A pele perde vitalidade dando lugar ao aparecimento de celulites, rugas e estrias. 
O rosto fica com menos tecido gorduroso. Em algumas pessoas surgem buracos, hoje preenchidos pelos cuidadores da estética. 
Óculos, atualmente mais decorativos, fazem parte da indumentária dessa faixa etária. 
Atividades esportivas são substituídas por aulas de fisioterapia, pois os ossos tornam-se mais frágeis e as articulações mais sólidas. 
O paciente responsável, anualmente, sabendo que essas alterações repercutem no aumento da pressão arterial, glicemia, gordura no sangue, diminuição acentuada da acuidade visual, faz seus exames de rotina, verdadeiras provas de saúde. 
Mesmo pessoas assintomáticas sentem um friozinho na espinha quando o médico da sua confiança inicia a leitura dos resultados, verdadeiro ato de perícia médica para avaliar nossa saúde - o maior presente que recebemos. 
A expressão dos doutores durante a interminável leitura é observada em seus mínimos detalhes pelos ansiosos clientes. 
Pior é quando o paciente é médico e, antecipadamente, dá uma olhadela nos exames... 
Passei por essa situação recentemente. Para meu alívio, confirmei que não tenho doenças, embora use medicamentos para controle da pressão arterial, anti-glicemiantes, antiplaquetários, redutores da gordura visceral e uma dieta de mil e quatrocentas calorias. 
Não tenho doenças, apenas sou velho, tendo, portanto, de administrar o desgaste inevitável do meu organismo.
Já me acostumei a ouvir de amigos que há tempos não encontrava o famoso “como você está bem”! 
As gentilezas como prioridade nos embarques de avião e sempre uma mão generosa a me ajudar subir um degrau, não mais me surpreendem. 


Felizes daqueles que conseguem assumir que são velhos saudáveis após passar pela difícil prova dos exames clínicos e laboratoriais, o que lhes permite acreditar em um futuro, quem sabe, promissor.

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