Mostre-me um exemplo TRIBUNA DE URUGUAIANA: Academia Uruguaianense de Letras - Sessão Solene

24 de jul. de 2009

Academia Uruguaianense de Letras - Sessão Solene

Na quarta-feira, dia 22 de julho, às 18h, no Salão dos Espelhos, no Clube Comercial, em reunião presidida pelo escritor e poeta Ricardo Pereira Duarte, a Academia Uruguaianense de Letras (AUL), realizou Sessão Solene de Diplomação e Posse de Acadêmicos. Além do presidente da Academia, Ricardo Duarte, integraram a Mesa Oficial, o advogado e escritor Vilson Ferreto, remanescente da Academia fundada em 28 de agosto de 1957; o prefeito de Uruguaiana, Sanchotene Felice; o vereador Rafael Alves, representando a Câmara Municipal de Uruguaiana; o secretário de Cultura, Antônio Augusto Brasil Carús; e o secretário da AUL, Tukano Netto (João Antonio Greco Neto). O advogado Vilson Ferreto diplomou e empossou o presidente Ricardo Duarte; que prosseguiu a cerimônia, onde receberam homenagem especial, o escritor Humberto Feliciano de Carvalho, idealizador e fundador da Academia, representado por uma neta e duas bisnetas; o cronista, poeta e jornalista Alci Soares Tubino (recentemente falecido) e representado por uma neta; e o poeta Vinícius Pitágoras Gomes, residente em Santa Maria, e que foi representado por seu irmão, desembargador César Tasso Gomes. Também, o prefeito Sanchotene Felice recebeu do presidente Ricardo Duarte, o inédito título de Membro Benemérito da AUL, por proposição do acadêmico Gennaro Alfano. Após, foram diplomados e empossados os acadêmicos: Gennaro Alfano, Vidal Faria Ferreira, Luiz Machado Stabile, Daniel Fanti, Carlos Fonttes, Carlos Omar Villela Gomes, Rafael Ovídio da Costa Gomes, Rubens Montardo Junior, Francisco Alves, Gelsa Soares Verdum, Jacy Vitorino e Fernando Pereira da Silva Filho. A Academia, com apoio do prefeito Sanchotene Felice, foi reativada em 27 de junho de 2006, sendo presidente a escritora Vera Ione Molina Silva. Fundaram a Academia Uruguaianense de Letras, em 28 de agosto de 1957: Alberto de Lemos, Alci Soares Tubino, Argeu Veiga, Elpidio de Moraes Gomes, Hermelindo Cavalheiro, Humberto Feliciano de Carvalho, João Fagundes, José Carlos Abbad, Manoel Adolpho Soares, Mario Dino Papaléo, Octacílio Guimarães, Pedro de Oliveira Júnior, Urbano Lago Villela e Vilson Ferreto.

5 comentários:

Anônimo disse...

Vão trabalhar, isso sim!!!!

Anônimo disse...

Esqueceram de convidar o Acadêmico Sarney, o autor de Marimbondos de Fogo!

Lidia Albuquerque disse...

Procuro a poesia de Ubirajara Raffo Constant, o Retorno do Bravo e não encontro o original, escrito por ele, acho por outras pessoas.

Anônimo disse...

Estão trabalhando, sim, pela cultura.

pram / ric disse...

(será essa?) Retorno bravo
Ubirajara Raffo Constant
gentileza de Carlos Bolli Mota

Ali na porta do rancho, junto ao cusquito nervoso,
o velho guasca orgulhoso olhava o filho partir.
Também desejava ir com a mesma disposição,
levando a lança na mão, p'ra se unir aos farroupilhas
e pelear pelas coxilhas em defesa do rincão.

Porém já velho e arquejado perdera a força no braço,
tinha no lombo o cansaço do peso de muitos anos,
mas era um dos veteranos com orgulho do passado,
por ter a lança empunhado combatendo os castelhanos.

Que gana tinha de ir, aquele velho guerreiro,
de novo para o entrevero como gaúcho pelear,
mas ficava a se orgulhar que embora velho e cansado
tinha um filho ja criado partindo no seu lugar.

E ali na porta do rancho, cheio de orgulho e pesar,
viu o filho se afastar com garbo e disposição,
montando um flor de alazão, o laço preso nos tentos,
o poncho revoando ao vento e a lança firme na mão.

Depois, com a estrada deserta, a noite foi se chegando,
o pampa foi silenciando nas grotas e nos banhados
e o velho guasca cansado no catre foi se arrimando,
em silêncio memoriando entreveros do passado.

Assim, a poeira dos dias cobriu o catre vazio
do paisano que partiu do rancho para a guerrilha,
levando na alma caudilha de guasca continentino,
a fibra, a glória e o tino de campeador farroupilha.

Já muitos dias depois um xirú trouxe a notícia:
- A farroupilha milícia em que seu filho marchou
peleando se dizimou. Morreram mas não recuaram
e entre os bravos que tombaram dizem que o moço ficou.

Num sentimento profundo o velho ficou calado,
mas o seu rosto enrugado não pode a dor esconder,
deixando livre correr, do fundo da alma ferida,
uma lágrima sentida que ele não pode conter.

Tristonha caiu a noite e mais triste a madrugada.
Latia ao longe a cuscada, na quincha gemia o vento,
e sem dormir um momento, ali no catre estirado,
o velho ficou atado na soga do pensamento.

Lembrou o filho em criança
correndo o pampa em retoço,
a melena em alvoroço soprada ao vento pampeano.
Recordou ano por ano até que o piá ficou moço
e ali da porta do rancho partiu p'ra revolução,
montando um flor de alazão,o laço preso nos tentos,
o poncho revoando ao vento e a lança firme na mão.

Estava assim recordando, quando lá fora um gemido
lhe fez apurar o ouvido e despertar-lhe a atenção.
E quando ouviu uma mão, naquela hora tão morta,
forcejar de encontro a porta como querendo arrombá-la,
sua visão ficou clara, voltando-lhe a luz e o brilho;
num ímpeto caudilho a porta abriu com vigor
e estarreceu-se de horror ante a figura do filho.

Cambaleante, ensangüentado,
as vestes feitas em frangalhos,
o corpo cheio de talhos dobrado pelo cansaço,
já sem força em nenhum braço, já sem poder ver direito,
e com o meio do peito aberto por um lançaço.

Fitando os olhos do filho o velho ficou calado.
Estarrecido, espantado, vendo-o ali em sua frente.
Então gritou gravemente: - Meu filho, por que voltaste?
Por que?
Por que não tombaste onde tombou nossa gente?
Maldito sejas, covarde, tu já não és mais meu filho!
Não tens o sangue caudilho, não agüentaste o repuxo,
deixaste teus companheiros, fugiste dos entreveros,
tu já não és mais gaúcho!

Então a face do guasca que peleando não tombou,
como um lançaço estampou a ira do coração.
Prostrando-se rudemente, naquele gesto inclemente,
desfalecido no chão, o moço sentindo a morte
roubar-lhe o sopro da vida, com a alma triste e ferida,
ali prostrado no chão, sem rancor no coração
olhou para o pai a seu lado, e já num último brado
fez a brava confissão:

- Meu pai, eu não fui covarde,
honrei meu poncho e minha adaga,
fiquei coberto de chagas mas agüentei o repuxo.
Fui valente, fui gaúcho, peleei com todo o ardor,
e se aqui vim escondido foi p'ra salvar do inimigo
o pavilhão tricolor.

Abrindo a camisa ao peito, tirou em sangue banhado
aquele trapo sagrado que até o fim defendeu,
e beijando-o estendeu ao pai, num último esforço,
e depois, curvando o dorso, o bravo guasca morreu.