Mostre-me um exemplo TRIBUNA DE URUGUAIANA: Coluna do escritor Benhur Bortolotto.

21 de ago. de 2009

Coluna do escritor Benhur Bortolotto.

Quatro recomendações e um alerta exagerado

Foi o meu amigo Rônei Rocha quem mandou o vídeo de uma música curiosa, e já a tinha esquecido quando pude ver a Lígia Molina Silva cantando aquelas palavras com um riso profético, espontâneo e, é de se dizer, sádico, porquanto “Chatterton” é um encontro que me proporcionaram essas duas pessoas. É preciso fazer uma concessão aos exageros da Ana Carolina, que, neste caso, até que foram mais adequados. Vale a pena ouvir.

O Carlos Appel, meu editor, me presenteou com um livro do Donaldo Schüler, publicado pela Movimento, Fronteiras e Confrontos, em que ele faz um apanhado geral dos temas do último fórum Fronteiras do Pensamento, realizado aqui em Porto Alegre. A capacidade de abstração de Donaldo tem, à disposição, sua cuidadosa formação cultural, que o permite fazer associações nas quais podemos encontrar rudimentos essenciais a uma exegese mais honesta e responsável dos temas propostos. De Donaldo, algumas vezes, discordei com estarrecida admiração, pois nem poderia discordar dele antes de atentar para certos aspectos que me passavam despercebidos até que me fossem apontados pelo indicador instigante de sua erudição: é o tipo de intelectual que torna o debate mais vernacular.

Jorge Luis Borges, num dos brilhantes ensaios que podem ser encontrados no livro Outras Inquisições, situa a importância de Pascal em seu devido lugar. Ultimamente, tenho visto muita gente recorrer a Pascal para suas dissecações, mas, como nos lembra Borges: “Vi-os, antes, como predicados do sujeito Pascal, como rações o epítetos de Pascal. Assim, da mesma forma que a definição quintessence of dust não nos ajuda a compreender os homens a não ser o príncipe Hamlet, a definição roseau pensant não nos ajuda a compreender os homens, mas sim um homem, Pascal”. No livro ainda se pode ler um ensaio que estabelece a Opção de Jesus como suicídio. Sem dúvida, o suicida mais célebre da história – poderia estar incluído em Chatterton.

Martha Argerich Conversa Noturna é um documentário de Georges Gachot em que a pianista argentina fala de sua relação com a música e com os compositores que interpreta. É, para mim, de Martha Argerich a melhor gravação do Rach 3, uma de minhas peças preferidas. E sua existência me parece complementar a de Chopin, que era muito menor antes dela.

Gibran Khalil Gibran tem um pequeno conto sobre um uma cidade cuja população enlouqueceu após ter sua fonte de água contaminada por, se não me engano, um feitiço. O rei, talvez um sultão, que bebia de outra água, permanecia lúcido diante do arrebatamento geral de insanidade, e os súditos preocupavam-se com o soberano que perdera a razão. Sem vislumbrar melhor alternativa, este soberano bebeu a água enfeitiçada e o povo comemorou que o soberano houvesse recobrado a razão. Às vezes, têm-se a impressão de que é o povo quem precisa, diante das circunstâncias, ir beber deliberadamente da água enfeitiçada.

3 comentários:

Anônimo disse...

De tanto ouvir conversas com vozes femininas, com vozes masculinas e com vozes mais ou menos que brotam do Café da Praça a água do lago da praça ficou enfeitiçada.Cuidado, não deixem que algum narciso passe por perto, principalmente se for um narciso que tenha mando.

Anônimo disse...

Amigos do BLOG: este enígma deverá ser desvendado.Aguardamos mais pista digo indícios senão vão pensar que é pista de canha reta.

Anônimo disse...

Parece que a Mãe do Monumento foi vista um dia chorando e no outro dia já estava rindo.Será que ouviu desgraças e depois coisas muito engraçadas?O único que permanece bem quieto é o Barão.Será que por estar mais longe não ouve?Uma voz Imperativa meses antes disse horrores de um legislador e da administradora que mora na capital.Quase 15 pessoas ouviram em uma grande mesa.Mas tem uma administradora daqui que também mora na capital, ainda que não tenha cargo semelhante em grandeza.