A Califórnia da Canção Nativa atraiu, em apenas uma edição, um público de mais de 60 mil pessoas em Uruguaiana. Em seus 38 anos de história, sediou apresentações dos principais expoentes da música nativista, foi palco de shows de artistas consagrados da MPB e latino-americanos. Reconhecida como verdadeiro modelo de divulgação da música regional gaúcha e por seu pioneirismo, recebeu em 2006, o título de Patrimô-nio Cultural do RS pelo Governo do Estado. Atualmente vive momentos de turbulências, rivalidades e dívidas.
O Jornal Tribuna conversou com seu criador e atual conselheiro, Colmar Pereira Duarte para saber a sua opinião sobre o panorama atual e identificar quais são os novos rumos do festival.
Tribuna – A Califórnia está passando por um momento de reflexão?
Discordo. Eu acho que não existe reflexão nenhuma nesta situação que nós estamos vivendo. A Califórnia sempre teve dificuldades para se realizar e passou por grande turbulência, há mais ou menos três anos, com problemas de administração, músicos que não foram pagos, compromissos que não foram atendidos. Isso conferiu um descrédito muito grande para o festival. O Conselho, formado pelos ex-presidentes do festival, se reuniu e tomou uma decisão. Foi nomeado um colegiado com pessoas idôneas e reconhecidas pela sociedade para dar crédito ao evento. No ano passado, preparamos nova edição da Califórnia, seria abril/2009 na Pastoril. No entanto, aconteceu uma eleição no CTG Sinuelo do Pago. Já tínhamos R$ 400 mil aprovados pela Lei Rouanet para a realização da Califór-nia. Eu sei que esta turma que quer fazer a Califórnia não tem lei de incentivo. Dizem que vão fazer com verbas de empresas de Uruguaiana, o que acho muito difícil, ainda mais nessa época de crise.
Tribuna – Esta eleição estava prevista?
Não, foi uma eleição extraordinária em dezembro/2008. Ocorreu que nós tivemos que depor o patrão anterior e em função disso foi feita nova eleição. E nela foi eleito o patrão atual, só conhecemos seu nome no dia da eleição, com chapa única. E ele, ao ser eleito, numa atitude autoritária e prepotente, se auto-nomeou presidente da Califórnia e se auto-indicou, indo contra toda a jurisprudência que havia. Sempre o Conselho da Califór-nia indicava o presidente. Pedimos uma reunião com ele e não apareceu. Disse que ia mudar a gestão e que estávamos sendo destituídos. Para nós do Conselho, foi uma atitude prepotente e autoritária, desprezando mais de 30 anos de história. Depois disso, descobrimos que a eleição dele foi irregular, porque na chapa dele existiam pessoas que não eram sócias da entidade. O estatuto prevê que para ser votado e votar, as pessoas têm que ser sócias há mais de três meses. O Conselho não vê legalidade em suas atitudes. Tentamos dialogar, ele nem respondeu nossa correspondência, apesar de protocolada extra-judicialmente. Atualmente, não podemos ter diálogo com a direção do Sinuelo, nem com ele, que se intitula presidente.
Tribuna – O senhor nunca se distanciou do movimento?
Sempre estive envolvido. E quando penso que vou me aposentar, acontece um evento como este ano e não dá para aturar. É como criar um filho de 30 anos e ver ele se desregrar e sair para outro lado.
Tribuna – O senhor frequenta o Sinuelo?
Nessas condições eu não frequento o Sinuelo. No dia que fui para as eleições já me senti muito mal vendo pessoas que eu não têm nada que ver com a entidade.
Tribuna – Já se sabia que a Califórnia estava com dívidas?
Muita gente pensa que as dívidas do Sinuelo vêm da Califórnia. Pelo contrário, muitas vezes a Califórnia socorreu o Sinuelo. O CTG sempre teve dívidas e muitas foram para a Califórnia. Mas, assim como tinha dívidas, tinha patri-mônio. Era proprietária de um terreno na BR 290 que foi comprado na gestão de Carlos Alberto da Rosa. A ideia era fazer ali uma sede para o evento. Mas teve um pedaço dentro do terreno que não quiseram vender, sendo depois vendido por outro patrão, e o dinheiro usado para a reforma da sede.
Tribuna – Então a Califórnia não tem dívida, e sim, o Sinuelo?
A Califórnia não tem dívida quem tem é a Associação Amigos da Califórnia, fundada para administrar as verbas destinadas à realização da Califórnia.
Tribuna – Sua opinião sobre a possível venda do evento para o Grupo RBS?
Entendo não existir condições, porque quem poderia vender, que é o Conselho da Califórnia, não vende. Nós já tivemos uma reunião em Porto Alegre com a RBS, e acho que é honesta a proposição deles. Mas, não existe forma de fechar, porque nossos interesses são quase antagônicos. Para uma TV o que interessa é o número de pessoas. A Califórnia existe para preservar nossa cultura, é um dos únicos festivais que preserva a autonomia dos artistas, não colocando publicidade no palco. A RBS tem sido nossa parceira na divulgação e na transmissão do evento. Acredito que uma coisa bem feita poderia gerar uma parceria, nunca mais do que isso.
Tribuna – Afinal, a Califórnia vai acontecer este ano?
Duvido. Porque essa pessoa que se diz presidente da Califórnia não conseguiu fazer a Festa Campeira, que é bem mais simples de ser feita. Pela 1ª. vez na história do Sinuelo, a Festa Campeira não foi realizada. A Califórnia é bem mais complexa. E todo o Rio Grande está sabendo disso ai, e a Califórnia depende da aceitação e aprovação de músicos e artistas.
Tribuna - Qual é sua expectativa em relação à situação atual?
Eu acho que a Califórnia não vai se realizar. O Movimento Tradicionalista Gaúcho sabe da irregularidade acontecida na eleição desse senhor. O Conselho de Ética está tratando disso e vamos aguardar o que o mesmo vai resolver sobre o assunto. Provavelmente ele achará que nós devemos fazer uma nova eleição. Eu e cerca de 20 sócios do Sinuelo fizemos uma correspondência para o MTG encaminhando documentos, como as tentativas de comunicação com o patronato que não foram atendidas. Fechou as portas, nos virou as costas e não quis mais assunto conosco. Acredito e espero que o MTG não aceite esta eleição.
Tribuna – E estas novas eleições que o senhor aguarda devem ocorrer ainda em 2009?
Eu não sei, está nas mãos deles (MTG). Mas acredito que eles virão a Uruguaiana examinar a situação, levantar depoimentos e apurar a veracidade dos fatos.
Tribuna – O que significa para o senhor a Califórnia?
Ela me deu muito mais do que um dia imaginei. Quando inventei de fazer foi mais uma reação de um cara incendiário, porque tinham pisado meu poncho, menosprezado um trabalho artístico de minha autoria, porque era uma coisa regional, que não tinha valor popular. Na época foi um sonho maluco. Todo o mundo tem um pai ou avô no campo e no momento que sentiram que alguém estava cantando com seriedade o que se passava, resolveu participar. Ser gaúcho era uma coisa feia, mate não se tomava, nem bombacha se usava. Os jovens se identificaram com o movimento que foi criado com a Califórnia. Criou-se uma nova forma de ver as tradições. Hoje se vai à faculdade de bombacha ou a uma festa de gala. Quando eu vejo no Maracanã ou Morumbi o pessoal cantando o Hino do Rio Grande, tenho certeza que a Califórnia tem a ver com isso.
Tribuna – O senhor acha que essa fase de turbulência vai passar?
Claro que passa. As pessoas passam, a Califórnia vai ficar.
13 comentários:
AQUI EM URUGUAIANA É SEMPRE ASSIM, ENTRAM NAS COISAS, AFUNDAM, E QUANDO APARECE ALGUEM PR TENTAR REERGUER REAPARECEM OS DONOS.OS MORALISTAS DE PLANTÃO.
Não é bemmmm assim.Será que não está na hora de indagarmos de o perfil da califórnia não cansou?Ainda haveria público interessado diretamente na Califórnia?E o que mais importa, ainda teríamos músicas capazes de seduzir as atenções?Sabe-se que muitas vezes as "tertúlias" atraiam mais público do que o próprio festival.A borracheira e a farra também.
Concordo com o anônimo do meio dia.Não foi a atual presidencia quem afundou a Califórnia.Fazem muuuitos anos que a coisa começou.Aliás,desde o início,quando traziam o famoso ballet de BRANDSEN.E por baixo dos panos era um "forró".Toda a cidade sabia do interesse deste ex presidente que agora quer se fazer de ofendido,já que perdeu a teta da califórnia.Quem deveria estar ofendido era o seu ZÉ MÁRIO,que pegou a coisa e nunca foi ajudado pelo pessoal,quando tentava levar adiante o festival mesmo com todos os problemas de gestões anteriores.Acredito que o atual presidente também esteja fazendo o melhor para salvar a festival.ESSE CARA É BOM,ÓTIMO PAI DE FAMÍLIA,PROFISSIONAL ÍNTEGRO.DEIXEM O HOMEM TRABALHAR!
Infelizmente na nossa cidade as pessoas integras, já não são mais respeitadas.O meu conselho a essas pessoas de carater que cuidem da familia, e deixem de pensar em Uruguaiana, as pessoas não querem ver a NOSSA CIDADE CRESCER,ELAS QUEREM QUE CONTINUE SENDO A CIDADE DE LÁ TINHA, Carnaval,Usina, california, luz, agua,e acima de tudo RESPEITO.
O seu julinho é - prepotente, presunçoso e personalista.
Peguntem aos que convivém com ele.
Nem bombacha esse índio usava.
Que onda de ser bom pai de família - não é prêmio paternidade e sim habilidade pra gerir o espetáculo. E mais, não tem um anjo sequer nesta estória. Em lado algum
Lamentável que o maior patrimônio cultural desta cidade e exemplo ao Rio Grande tenha se transformado em uma mera briga, envolvendo gente que nem do meio nativista é. O poeta Colmar Duarte, um dos principais mentores do festival, merece respeito e consideração, por tudo que fez por este evento. Parece que o atual presidente terá via curta e voltará às "lojas" lotéricas.
Por que ninguem fala do outro Julinho que largou 400.000 de cheques pelo Brasil inteiro, e agora é mimoso do prefeito?
Pessoal, parece que o prefeito Felice depois de dar apoio ao golpe para destituir os antigos dirigentes da Califórnia, agóra já se cruzou com Julio Teixera porque este se cruzou com Julio Machado. Esta informação é quente, só não posso revelar a fonte porque aí ele perde a teta na prefeitura. Aguardem.
A grande verdade é que Sr.Prefeito quer ser sempre o CENTRO DE TUDO, isso é problema de personalidade eu acho,desde gurizinho na época de escola, ele era o dono da bola do jogo, tudo tinha que ser como ele queria, qualquer coisa ELE RECOLHIA A BOLA E TERMINAVA COM O JOGO.Quem foi colega dele sabe.
O prefeito era o dono da bola e das camisetas. Era conhecido por BOMBA. Era gordinho, coxa pegada e não jogava nada. Virou um baita recalcado e voltou para se vingar da sociedade que ele não frequentava.
Em resumo.Com um Julio que Texeira e outro Julio que é Machado, estás cheirado e cortado e zhé fhinni.
Acho que encontrei a solução para a Califórnia: a Dra. Elizabete Bretas Felice para a presidência. Felice sózinho substitui o corpo de jurados.
Sim, pois de jurado e comissão ele entende muito bem.
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