Mostre-me um exemplo TRIBUNA DE URUGUAIANA: Novos Tempos, por Jussara Aymone.

1 de set. de 2009

Novos Tempos, por Jussara Aymone.

Lembro da alegria que ficava na minha infância quando meus pais anunciavam a viagem para Porto Alegre.
Hospedávamo-nos no Hotel La Porta, na esquina da rua da Praia com Uruguai. Ainda sinto na boca o sabor gostoso do café com leite e pão com manteiga, servidos de manhã pela camareira no quarto.
Depois me debruçava na sacada para ver o movimento da rua da Praia e sua magia. Mulheres bem vestidas e homens de terno caminhavam, olhavam as vitrines e muitos compravam. As lojas mais “chics” da cidade ali estavam como Sloper, Lyra, Krae, Louro, Americanas, Relojoaria Masson, Livraria do Globo, Alfaiataria Aliança, Pernambucanas, Bazar Bromberg e Galeria Chaves.
Em frente ao Hotel tinha as Americanas, cheia de novidades que encantavam quem era do interior. Esperava ansiosa pela hora de andar nas escadas rolantes e ainda lembro o brilho de meus olhos na banana “split” servida em sua sorveteria.
Era a rua onde faziam o “footing”, encontros, passeios na saída da escola. Havia também a esquina dos politizados que discutiam na rua da Praia com Borges de Medeiros, e ali erguiam um palco para manifestações e levantavam sua bandeira. Até hoje é chamada de “Esquina Democrática”.
Mais adiante, encontrávamos a Livraria do Globo que era também uma editora e os livros eram distribuídos em vários andares, por categoria, onde visitávamos de elevador. No final, a Livraria ficou reduzida ao térreo com entrada pela rua da Praia onde tinha sofás com muita gente escolhendo e lendo livros. E se estendia até a Praça XV com papelarias especiais para estudantes e escritórios.
A Galeria Chaves, com sua imponência, lembra os palácios renascentistas e tinha lojas de roupas de marca, de música erudita e instrumentos musicais. Havia um fotógrafo que tinha seu laboratório na Galeria que costumava bater fotos dos que passavam ali na frente.
A Relojoaria Masson vendia o que havia de melhor em jóias, ótica, relógios, prataria, cristais e objetos de decoração e seu grande relógio exterior era a marca de hora certa.
O Bazar Bromberg tinha louças, enfeites, prataria, cristais e muita novidade para presentear e enfeitar o lar num prédio lindo com estilo “art nouveaux”.
Lembro também de um restaurante moderno perto da Praça da Alfândega, com o nome Ryan e se comia sentado em banquinhos altos e não era servido por garçons e meu pai não gostava e preferia ir ao Espaquetelândia da Borges.
Agora tudo foi substituído, a rua continua importante, pois é o centro de muitos escritórios e consultórios, as lojas se tornaram mais práticas, voltadas para o consumo atual como lojas de R$ 1,99, de eletrodomésticos e roupas baratas. Os camelôs invadem as calçadas no fim de tarde tentando vender seus produtos e bijuterias artesanais.
As Americanas continuam ali, mas atualizada com produtos de fácil venda e loja na internet também.
Senti um choque quando me dirigi a Livraria do Globo e encontrei uma sapataria fazendo ofertas de estação. Onde antes tinha A Masson tem agora uma loja de departamentos chamada Casas Bahia, a antiga Bromberg foi dividida em várias lojas,restaurantes e cafés.
Encontrei a cidade toda gradeada com sinais de temor pela violência e cuidados com os novos tempos.

19 comentários:

Anônimo disse...

Ju, estás te revelando uma grande cronista. Que bela crônica, leitura agradável, muito boa mesmo. Tenho orgulho de ser tua amiga. Siga em frente! Ainda, mais no Tribuna que é o melhor jornal da cidade.

Anônimo disse...

Meu Deus Jussara, há quanto tempo tu não ías a Porto Alegre.

Anônimo disse...

JUSSARA,PORQUE NÃO FAZES UM COMENTÁRIO DE URUGUAIANENSE PARA URUGUAIANA,COMENTANDO O FAUSTO DA DÉCADA DE 50 EM DIANTE,DIZENDO O QUE TÍNHAMOS E COM O PASSAR DO TEMPO FOMOS PERDENDO.SÓ PARA TE AJUDAR QUE A NOSSA CIDADE POSSUI O MAIOR CEMITÉRIO DE CASAS VELHAS EM PLENO CENTRO,SEM FALAR,NAS CONSTRUÇÕES EMBARGADAS À ANOS E QUE "MISTERIOSAMENTE"DA NOITE PARA O DIA,O QUE ERA PARA SER DEMOLIDO,POIS ESTAVAM CONDENADOS POR INFILTRAÇÕES,OS DONOS "CONSEGUEM"CONTINUAR A OBRA,(LEIA-SE,PRÉDIOS AO LADO DA CAMARA DE VEREADORES.PRÉDIO AO LADO DA D.POLICIA,CFC.E O PIOR "CONSEGUEM" O HABITE-SE.É ,JUSSARA,TENS MUITO O QUE ESCREVER DA NOSSA CIDADE,ESSA CIDADE DE DOIS PESOS E DUAS MEDIDAS...

Anônimo disse...

Falando em casa velha, vcs sabem quanto vai custar verdadeiramente para o municipio a despropriação da casa onde está a Biblioteca (Santana com 15 de novembro, Ex irmãos Almeida). Uma fortuna, mais de 1000.000. Mas que tá bem pintada tá.

Anônimo disse...

anônimo das 18:24. a Jussara sabe o preço que vai custar,prá nós,que pagamos impostos.Afinal ela é parte da família Almeida(irmã)e quanto ao valor exatamente:1100.000.E durma-se com um barulho deste...Em tempo:falando-se em casarão,como ficou a transação do antigo Nacional,que foi intermediada,pelo vereador do Bispo EDIR MACEDO,a prefeitura já está usufruindo a casa que ganhou na troca,rua 13 quase esquina presidente.Que cara de pau!eles nem "piam",mas que tem rolo tem...voltaremos...

Anônimo disse...

Atenção 11:53, estamos em sintonia. Quanto ao assunto do Nacional, ele o Felice de sua própria boca disse que chantageou os dois lados. Entrou no negócio atirando o prêço lá embaixo e depois exigiu uma casa no valor de 240.000. "Querem fazer negócio, me deem a casa". Eu escutei, mas parece que fui só eu. Tche não me copia o voltaremos, que eu já copiei do Anonymus Gourmet. Fui...

Anônimo disse...

Parabéns pelo lindo texto e pela mensagem saudosa. Você escreve "gostoso"...bom de ler.
A gente se vê junto com você nos lugares descritos. Devia escrever mais.

Anônimo disse...

Jussara querida, parabéns pela crõnica, tomei a iniciativa de enviar para amigas que viveram esse tempo áureo aqui em Porto Alegre! Realmente, saber expressar sentimentos em uma escrita é uma arte, um dom! Mais uma vez te parabenizo pelo texto!

Anônimo disse...

Amei Ju, é do jeito que falastes. Também me hospedava no La Porta e tudo que colocastes me lembro bem. Salvei nos meus arquivos. Maravilhosa!

Margarete disse...

É sempre muito gostoso saborear as suas crônicas...Essa está bem interessante, a gente se delicia com as descrições e sensações de antigamente. E também não dá para deixar de sofrer no final, com essa realidade crua e sem poesia que o capitalismo instituiu em nossas vidas.

Professor Nascimento disse...

No que diz respeito à parte artístico-literária, está ótima, como todas as outras de sua autoria. Sabe que sou seu fã.

Anônimo disse...

Devorei tua bela crõnica, tens um jeito próprio de dar vida e sabor ao que escreves.
Gostei muito do teu olhar atento e sensivel de cronista em relação as mudanças que o tempo impôs a nossa capital. Parabéns!

Anônimo disse...

Li teu texto e fiquei feliz em saber que ainda temos pessoas que conseguem "ver" história e vida onde os outros enxergam apenas ruas, prédios, calçadas. Que seria de nós se não tívessemos lembranças?
Bueno, estou aguardando as próximas...

José Newton disse...

Olá prima muito querida, li a descrição da rua da Praia e está perfeita! Parabéns!

Newton Alvim disse...

Um belo texto que me comoveu, vou publicar no jornal daqui de São Luiz Gonzaga. Parabéns!

Renato Sólon Indá disse...

Jussara tocou em minhas lembranças de quando,na adolescência,morei em Porto Alegre...Linda crônica, fantástico! Andei no passado por alguns momentos ..Parabéns à Tribuna [ e ao Fred] por tê-la como cronista!!!!

Unknown disse...

Jussara, sua crônica me deixou em clima de nostalgia pois conheci Porto Alegre em 1995 e nunca mais voltei. Senti saudade das avenidas largas, limpas e floridas. Também me lembrei do Supermercado Castelão; onde ia para fazer algumas compras. Não sei se ele ainda existe, mas sei que ficou marcado na minha memória. Parabéns amiga! Mais uma vez vc. mostrou toda a sua sensibilidade ao criar sua crônica.

Néca Monjeló disse...

Querida Amiga me sinto tão feliz cm você,mostrando a sua inteligência e sabedoria p/ escrever essa crônica linda sobre nossa capital.
E você, ainda tem dúvidas disso? Então confira outros depoimentos q/já foram verdadeiras lições d/ vida,para quem conheceu a antiga e saudosa capital,maravilhosa,linda tua crônica,estou vendo q/breve teremos uma nova escritora Uruguaianense vai firme amiga mostra teu talento,serás mto bem aceita,tu
és uma arte na literatura,adorei boas lembranças veio na minha mente em ler uma obra assim criada por alguem q/teremos mto orgulho,parabéns amiga e um abração n/Fred em deixar voce escrever na tribuna como crônista,amei,mais uma vez a Jussara Aymone e seus talentos em circulação.

Américo do Sul disse...

Belíssimo texto... Pude passear de mãos dadas com a cronista, respirando cada lugar, em suas lembranças...