Mostre-me um exemplo TRIBUNA DE URUGUAIANA: Mar de lama, por Gabriel Novis Neves

15 de dez. de 2015

Mar de lama, por Gabriel Novis Neves

Mar de lama
Literalmente, o ano de 2015 foi inundado por um extenso mar de lama, seja no meio político, seja no meio social, seja no ambiental.
Na política, figuras eminentes do nosso cenário, chafurdaram em transações escabrosas, estando algumas presas e outras ameaçadas de perda de seus mandatos.
Só mesmo aqui na terrinha, paraíso das mordomias, tanta dificuldade para prender os ladrões de gravata.
Em Nova York, por exemplo, há algum tempo, por muito menos, um prefeito saiu de seu gabinete algemado e ninguém considerou nenhuma calamidade, já que o não cumprimento rígido das leis por parte de quem tem obrigação de defendê-las é muito mais grave do que o fato de um cidadão comum não fazê-lo.
Revoltante viver num país em que seus cidadãos, políticos ou não, desprezem as regras sociais básicas de conduta moral.
Em decorrência dessa falta de probidade, companhias de alto risco, tais como as mineradoras, aqui se instalam visando apenas os altos lucros auferidos, totalmente alheias aos danos ambientais que delas possam advir.
A tragédia com o rompimento da barragem de Mariana em Minas Gerais, já considerada um dos cinco maiores desastres ambientais do mundo, cobre-nos de vergonha e de horror, já que foram absolutamente negligenciados todos os contingenciamentos possíveis para essa tragédia anunciada.
O descaso dos nossos dirigentes para com a população mais pobre e menos aculturada é revoltante.
Cidades do Espírito Santo,  como Baixo Guandu, Colatina e Linhares, agonizam, na medida em que sua flora e sua fauna, fontes de renda da população,  foram totalmente destruídas  pela lama que, no seu trajeto de morte, chega célere ao oceano.
Só mesmo autoridades oligoides da nossa administração, após dias de descaso, conseguem ver o Rio Doce, hoje falecido, melhor no futuro.
Todo o Brasil agoniza, não somente as regiões atingidas, diante de um quadro tão grave e que trará graves consequências econômicas e sociais nas próximas duas décadas para todos nós.
Os efeitos tardios de toda essa tragédia ainda não foram divulgados, nem foram tomadas providências quanto à contaminação das águas do Rio Doce e de seus afluentes por metais pesados, altamente maléficos à saúde, a curto e longo prazo.
Ao que se sabe, as multas ridículas impostas a essas empresas nem sempre são pagas, já que seus advogados tratam de livrá-las judicialmente das mesmas. 
Novamente batemos na mesma tecla de sempre.
Enquanto não tivermos educação para todos nossos direitos serão sempre meros detalhes.
Vivemos apenas para deveres, esses sim, cobrados até a última gota de sangue desse povo espoliado de sempre e sem forças para lutar.

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