Mostre-me um exemplo TRIBUNA DE URUGUAIANA: Fazedor de Ilusões, por Gabriel Novis Neves

8 de abr. de 2015

Fazedor de Ilusões, por Gabriel Novis Neves


Fazedor de ilusões
Um artista plástico capaz de criar uma gigantesca escultura com “curvas infinitas olhando para o mar para despedir-se do sol todas as tardes”, é um fazedor de ilusões.
Entrevistado, ao completar noventa anos de idade, disse que, na sua longa existência, não existe um fato marcante, porque ”todos foram importantes”.
 “A vida é feita de detalhes, desde os mais simples aos mais sofisticados”, completa o mestre.
“Recebi a melhor aula sobre meio ambiente aos setenta anos de idade de um garoto de uns dezessete anos. Eu limpava o meu pincel em um tronco de uma árvore. Ele me repreendeu, dizendo que não devemos fazer isso contra a natureza.”
 Em uma vida longa não existem os melhores anos. “A vida é um usufruir maravilhoso”!
É bom compreender a vida. Saber que o médico poderá ser um taxista. Temos que estar o tempo todo entendendo o que está ocorrendo conosco. 
Sou feliz por ter formado uma família muito linda. E mais feliz ainda por ter tido três filhos e encontrado na medicina uma razão de ser.
 Momentos difíceis foram aqueles das decisões. Sair de Cuiabá para estudar no Rio de Janeiro. Escolher a medicina como a profissão. Pinçar a mãe dos meus filhos.
Os desafios da vida pública. A viuvez traiçoeira. Escrever e publicar artigos diários. 
Confesso que em alguns momentos perdi a minha autoestima. Sou humano.
Sinto dores nos joelhos e na coluna. A idade avançada, beirando os oitenta anos, não me faz sentir-me velho.
Acho um encanto este período.
A minha prioridade hoje é viver com saúde. Diante do espelho peço desculpas pelos meus erros. Sou um gerente das coisas belas, com a minha paixão pela jardinagem.
Sinto uma atração pelo por do sol. Ele nos segue o dia todo – hospital, escola, casa. E, quando se esconde, tenho a sensação que perdi um amigo.
 A noite é o instante do balancete da perda do colega. O que fiz de bom durante o dia? O que deixei de fazer? Agarro-me à vida, pois a morte acaba com o ato da concepção.
 Quando viro para trás para ver o que fiz, tenho torcicolo...
A tristeza aparece por não ter resolvido certos problemas, que agora, com a idade que tenho, percebo tão fáceis seria as soluções.
A vida é curtíssima. Se terminar hoje lamentaria, pois ainda tenho muita coisa para fazer.
Assim vivem os fazedores de ilusões. 

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