25 de abr. de 2015
Temeridade, por Gabriel Novis Neves
Temeridade
Ser torcedor do Botafogo de Futebol e Regatas do Rio de Janeiro é uma temeridade para os portadores de cardiopatias ou maiores de cinquenta anos de idade.
Quando imaginava ter visto tudo em futebol, inclusive acompanhando o Brasil perder em seu território duas Copas do Mundo, a primeira com um público jamais alcançável em jogos de futebol (duzentos mil torcedores) e a segunda pelo inacreditável placar de 7x1, fui surpreendido por um jogo cuja definição só foi possível após interminável cobrança de pênaltis - em que os vinte de dois jogadores participaram para decidir o resultado final da partida em 9x8!
Foram os minutos mais longos que me recordo já ter vivido.
Mesmo sabendo que o importante no esporte é competir, um bom resultado é imprescindível à saúde emocional e física de um torcedor apaixonado.
O clímax da emoção aconteceu quando o bom goleiro do Fluminense foi obrigado a cobrar o último pênalti da segunda série, ou prorrogação do seu time.
Treinado para defender pênaltis, quis as regras do jogo que ele fosse a opção para marcar o gol da vitória ou o de mais uma prorrogação.
Para sorte dos botafoguenses, ele ajeitou a bola na marca do pênalti e bateu um excelente tiro de meta, isolando a bola nas arquibancadas do Estádio Newton Santos!
A vez agora era do nosso goleiro, que durante os noventa minutos regulamentares do jogo não conseguiu defender o pênalti batido pelo nosso adversário, causador da prorrogação para decisão por pênaltis.
Chutou a bola rasteira e com pouca força, muito bem colocada nas redes do adversário. Era o gol que classificava o time da Estrela Solitária para o jogo final do falido e desmoralizado campeonato carioca de futebol.
Eleito o herói do jogo memorável, confessou que nunca havia treinado ou batido um pênalti na sua carreira profissional.
Estava escrita mais uma dessas histórias que só acontecem ao Fogão.
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