Não faz muito que Uruguaiana viveu momentos de difamação, intriga, calúnia e tribunais. Em momentos assim o Porto Seco torna-se pequeno e inútil. O rio Uruguai e o desenho majestoso recortado pelo manancial um estuário putrefato e desalinhado. O povo afoga-se em águas turvas da dúvida, embrenha-se na esperança e ainda sobrevive. Há sempre uma mão que parece a paterna e entre dedos deixa filtrar feches de luz e promessa de amanhã. E por ser promessa necessita ser cumprida. E para ser cumprida precisa de um sábio com desejo de futuro, generoso com a realidade e recorrer às entranhas do passado sem ser nostálgico ou patético. Antes de tudo respeitoso com os diferentes e destreza diante aos iguais. Quando tudo parecia caminhar para um final feliz, infelizmente parece não haver o tal final. A furiosa ira da intolerância destitui o ar paternal e revela o reflexo infernal de quem mentiu-se, acreditou, sem vergonha, na invenção e, aos poucos, a figura se desfaz. Transforma-se feito duna ao vento mudando de volume, forma e lugar. A citricultura é mais ácida, a vida mais árida e os ovinos não serão abatidos no frigorífico. O rebanho está farto. De que adianta tanta riqueza no momento em que não há clareza de quem dirige e quem deixa-se dirigir? O povo de novo afunda-se na descrença. Seria o DNA? Mal de nascença?Que destino é esse que pune sem deixar ninguém impune? Em qual enfermaria serão internados aqueles que acreditaram que poderia ser diferente? Se um chegou a ser simplório e a ostentar titulo notório de incompetência o que dizer da sanidade que vira demência? Clemência ao povo cansado de chibata, erratas e bravatas. Ele está farto. Um enfado que parece não acabar. Letra de tango. O bolor toma conta. Eles sucedem-se sem sucesso. E todos são convidados a dançar em uma festa sem glamour.
* João Antônio profº. matemática
