Mostre-me um exemplo TRIBUNA DE URUGUAIANA: dezembro 2019

19 de dez. de 2019

Tinha que ser? - crônica de Valéria del Cueto

Tinha que ser?

Texto  e foto de Valéria del Cueto

Saindo mais uma. Da ponta dos dedos ávidos para riscarem o caderninho com a BIC dourada que ainda guarda resquícios de seu sotaque francês.

Foi de lá que ela veio e se pergunta como, com tantos assuntos em pauta, a autora do Sem Fim tem tempo para ficar fazendo a árvore genealógica de uma simples e humilde (dourada, tudo bem) caneta.
Me apresso a explicar que sou fiel aos meus apegos e valorizo quem me acompanha e não me deixa na mão. Cultivo amizades com quem escreve, a BIC dourada, e com quem recebe e acolhe as palavras, os caderninhos. Desses, diga-se de passagem, falo sempre. Especialmente ao me despedir amorosamente dos que, preenchidos, estão a caminho da estante das memórias.  Narradas nas crônicas que, confesso, já perdi a conta.

Gosto de coisas novas. Mas me apego a cangas, tênis, óculos e biquinis. Alguns objetos com que, por força do uso, adquiro intimidade. Tento honrar meus companheiros de jornada nos dias bons e nos não tão felizes.

Quer saber? Melhor falar deles do que tentar analisar os acontecimentos.

Queria começar a semana sem precisar registar quem, do alto de sua sabedoria e especialização na realidade pedagógica e educacional do Brasil (sim, o país daquela educação que está na lanterna dos indicadores de excelência... do mundo!), promove o fim da TV Escola e chama Paulo Freire de “energúmeno”.

Com essa bola passando rente a rede só resta enterrar, sem direito a bloqueio, levando ao ponto inquestionável. Que exemplo nos dá com os resultados alcançados por sua prole erudita?

Também adoraria deixar passar o papelão da comitiva ambiental oficial na COP 25. Vergonha perde só para o “êxito” da estratégia do ministro que bagunça o coreto, atrapalha a cúpula, pede dinheiro sem dar garantias e sai do encontro sem um centavo furado. Não foi pior porque o país se fez representar por lideranças e instituições historicamente reconhecidas por atuações relevantes no contexto mundial das mudanças climáticas.

De protagonistas do processo passamos a lanterninhas mequetrefes e mentirosos no quesito ambiental enquanto quase batemos as mil praias atingidas pelo óleo que avança rumo ao sul pelo litoral brasileiro. Apresentamos ao mundo a liberação para a plantação de cana e produção de etanol no pantanal na bacia do alto Paraguai e... na Amazônia! Entre outras proezas.

Enquanto isso, representantes de Mato Grosso acompanham a agonia política de um fenômeno eleitoral encurralado por seus comprovados crimes eleitorais.

E tinha que ser, para nos matar de vergonha, mulher!

Demora tanto para que uma representante do sexo frágil consiga despontar no cenário federal político mato-grossense... Quando aparece já faz logo um strike de burradas (para ser boazinha e maternal é que classifico os crimes da juíza aposentada de forma tão amena). Afinal, os sinais eram claros já ao primeiro ato: jogar a responsabilidade de sua inabilidade política nas costas de uma sequência de marqueteiros que passaram por sua meteórica e atribulada ascensão eleitoral.

Tenho sérias restrições a quem não assume e se responsabiliza por seus atos. Sabe aquele tipo de gente que sempre acha que a culpa é dos outros, capaz de encontrar as justificativas mais estapafúrdias para seus erros e defeitos?

Isso depois de arvorar para si um codinome “de saias”. Foi tanto tempo disparando regras e preconceitos e sendo aplaudida pela plateia deslumbrada que faltou o essencial: estudar e cumprir a lei!

Condenada por unanimidade em Mato Grosso, no upgrade para o STF achou que virar sua metralhadora giratória para a corte e pedir carona na capa do Super Homem poderia poupa-la do cadafalso. Não deu. Tomou um vareio incontestável e perdeu o mandato. Depois, para ficar mais feio e fechar com chave de ouro o conjunto patético da obra, o baú foi fechado com um “áudio juramento” com direito a palavras de baixo calão. E por que não?

Quer saber? Tem o que merece quanto a punição criminal no âmbito da justiça eleitoral. Mas ainda falta. E se a justiça existe, será obrigada a ressarcir os cofres públicos do meu, do seu, dos nossos impostos, pela eleição invalidada.

O próximo passo é coloca-la no panteão inglório como única senadora eleita por Mato Grosso caçada por justíssimas causas.

Tinha que ser uma mulher?

*Valéria del Cueto é jornalista, fotógrafa e gestora de carnaval. Da série “Arpoador”, do SEM   FIM…  delcueto.wordpress.com

Studio na Colab55

10 de dez. de 2019

Mais dia, menos dias - crônica de Valéria del Cueto

Mais dia, menos dias

Texto e foto de Valéria del Cueto

Já que (re)começaram as crônicas fico na função de tentar manter o embalo. Aproveito as frestas de dias de sol que surgem entre as nuvens pesadas das chuvas que, volta e meia, despencam por aqui.

Andamos assim nesse início de dezembro e quem disser que está estranhando é por mero desconhecimento básico de causa. Dezembro sempre começa com chuvas e trovoadas.

É Iansã para uns, Santa Bárbara para outros, dizendo a que veio. Dia 4 foi dia do orixá dos raios e trovoadas. Logo amenizadas pela vinda de Oxum, ou Nossa Senhora da Conceição no Rio de Janeiro (Iemanjá em alguns lugares do nordeste) saudadas e reverenciadas no 8 de dezembro.

As diferenças do sincretismo afro-brasileiro, Oxum e/ou Iemanjá, são fáceis de explicar. Assim como lá São Jorge é Oxóssi e aqui é Ogum. No Rio Oxóssi é São Sebastião, padroeiro da nossa sofrida cidade maravilhosa. Pelo sim, pelo não, sejam quais orixás correspondam aos santos da igreja católica, os ventos, chuvas, raios, trovões e tempestades correspondem ao fim da primavera e início de verão.

No momento, os ecos no entorno são dos felizes alunos que chegam ao fim de mais um ano letivo ou conseguem passar nos exames escolares. Uma deliciosa comemoração ainda em princípio de ciclo. Por isso, pouco notada nos espaços que frequento.

A minha praia ainda está viável nesses dias de muitos planos e expectativas de final de ano. Ainda é possível circular tranquilamente pelas areias do Arpoador e Ipanema.

O que mais se ouve por aqui são conversas em espanhol. Mais de duplas ou grupos de amigos do que de famílias. As férias ainda não chegaram. Lembra? O que mais se vê por aqui são as garrafas térmicas, cuias e bombas. O básico do preparo necessário para os adeptos do chimarrão e do tereré.

Essa é uma das melhores épocas para circular pelo Rio e eles descobriram isso...

Aquele momento em que a cidade se anima e se prepara para receber os visitantes. Antes de ficar entupida na semana do Réveillon.

Até o Natal a gente sobrevive, é mais festa local, em família. Sentida especialmente pelos engarrafamentos na Lagoa Rodrigo de Freitas provocados pela “Árvore de Natal” esse ano com a tag #brilhario.

Mas daí pra frente é um Deus nos acuda! Depois vem as crônicas da perplexidade. Quando parece que não caberá tanta gente assim em nosso cobiçado paraíso do caos urbano.

Paraíso até por ali, diga-se de passagem. Porque, lamentavelmente, o Rio não está nos seus melhores dias. Não dá pra ignorar esse fato e só falar maravilhas de um lugar que não anda tão maravilhoso como poderia e deveria.

Ao menos para quem olha a cidade de dentro. Do asfalto e do morro e não da roda gigante climatizada, a “novidade” que engana os trouxas e desavisados mas, como boa peneira que é, não dá para tapar o sol dos desmontes de nossos equipamentos culturais, a ameaça de fechamento do Museus de Arte do Rio, o MAR, a demissão dos responsáveis pela Cidade das Artes, o fim melancólico e gradativo das Lonas Culturais espalhadas pelos subúrbios cariocas, do Imperator...

O enfraquecimento de nossa rede cultural é tanto que o réveillon da Orla de Copacabana (onde rodas míticas dos terreiros de umbanda e candomblé deram origem a festa da virada, conhecida no mundo inteiro), apresentará ao mundo nessa virada de ano um palco de música gospel. Algo está mudando. Para pior.

Mas, como diz o samba da Mangueira, atual campeã do Grupo Especial do Carnaval do Rio de Janeiro, “A ESPERANÇA BRILHA MAIS NA ESCURIDÃO”. E, se nossa voz se fizer ouvida, “A verdade vos fará (mais uma vez) livres”. Mais dia, menos dias...

*Valéria del Cueto é jornalista, fotógrafa e gestora de carnaval. Da série “Arpoador”, do SEM   FIM…  delcueto.wordpress.com


Studio na Colab55

7 de dez. de 2019

Mangueira 2020 Alcione batiza a Velha Guarda


Mangueira 2020 Alcione batiza a Velha Guarda

Mangueira se prepara para o carnaval 2020 em meio a atividades que revitalizam e reforçam os laços da escola de samba com a comunidade e suas raízes.

Entre outras atrações a noite de sábado, 30 de novembro de 2019, teve a cantora Alcione batizando a Velha Guarda da escola, eliminatória do concurso de sambas de terreiro e a visita de Juliette Binoche, a atriz francesa que passeava pelo Rio. Tudo, claro, na batida da Bateria da Mangueira.

Clique AQUI  para acessar o álbum fotográfico Mangueira carnaval 2020 ensaio de quadra
Mang EnVG 191130 002 Bateria bolo José Campos 70 anos

Samba de terreiro

No Palácio do Samba, a quadra da Mangueira, a noite foi aberta com a primeira eliminatória do concurso de sambas de terreiro. Ela antecedeu o ensaio tradicional da verde e rosa. 15 sambas concorreram e 5 foram selecionados para prosseguirem na competição que terá mais duas eliminatórias nos próximos ensaios.

Esquenta

As apresentações da noite mangueirense foram abertas com o esquenta da Bateria em meio as comemorações dos 70 anos do diretor e mestre dos instrumentos, José Campos.

Batismo

Alcione protagonizou um dos momentos emocionantes da noite participando do batismo da Velha Guarda da Mangueira durante as apresentações dos segmentos da comunidade. A cantora foi escolhida madrinha da tradicional ala verde e rosa.

Como não poderia deixar de ser, a animação continuou com as apresentações das passistas, baianas e alas da comunidade e do 2 casal de mestre-sala e porta-bandeira Débora de Almeida e Renan Oliveira.


Bateria encerra a festa verde e rosa


O grupo Gres Estação Primeira de Mangueira, no FLICKR é o acesso para a coleção de registros da verde e rosa da fotógrafa. Curta nossa página no Facebook e faça sua inscrição no Canal del Cueto no Youtube. Desde 2008 registrando momentos do carnaval carioca.

#quemsambasabe
Ensaio fotográfico  e vídedos de (C)2019 Valéria del Cueto, all rights reserved
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Já seguiu “No rumo do Sem Fim”?

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4 de dez. de 2019

Ser e estar, crônica de Valéria del Cueto

Ser e estar

Texto, foto e vídeos de Valéria del Cueto
Faz um tempo que não passo por aqui.
Andei cansada de correr atrás do que contar e, para quebrar a escrita, dei uma pausa na escrevinhação...
Não foi a falta de assunto que causou a lacuna. Foi o excesso.
A capacidade de filtrar os acontecimentos se exauriu, aliada a rapidez com que o fato realmente importa e deixar se interessar, atropelado por novos acontecimentos.
Os poucos dias, ou horas, entre escrever e publicar viraram séculos na atualidade e no interesse sobre qualquer coisa.
Quando estava indo, (após estabelecer um raciocínio, construir um argumento e desenrolá-lo num texto), o assunto já tinha voltado, não sem antes desandar mexido no panelão que afogou o Don Ratão das cruéis e devastadoras redes sociais.
Assim ninguém vai casar com a Dona Baratinha...


Para retomar o fio do exercício literário semanal é necessário agarrar a ponta da corda que ancora as crônicas do “Sem Fim” que desenrolo há tanto tempo.
É hora de firmar para encarar ao caderninho, mesmo que pouco usado e ainda estranho às voltas que minha imaginação costuma dar. Cada troca de volume é um amigo que não se perde, que vai para a prateleira das lembranças e memórias. Leva um tempo para se acostumar, mais um pouco para se acomodar e, aí, já é quase hora de partir para outro companheiro.
E não adianta fazer como agora, mudando o rumo da prosa. Tem que ser objetivo para manter o prumo!
Recuperar o espaço físico ajuda. O horizonte infinito do mar que circunda as minhas pontas do Leme e do Arpoador, quase ilhas, que me acolhem, aconchegam e dão asas para voar.
Firmar no tempo, a tarde lânguida de uma sexta-feira de primavera. Como no princípio, meio e fim de uma quase aventura.
Depois de fazer um dos exercícios prediletos, caminhar pela areia fofa, até a parte de trás das batatas das pernas parecerem queimar, procurar um lugar. O lugar.
Tentar, sem sucesso, uma aproximação para o mergulho que garantiria o tom lindo o bronzeado, porque a água está estupidamente gelada. Naquela temperatura que chega a dar câimbras.
Me instalei no alto de uma “falésia” provocada pela força e o capricho do humor das marés do Oceano Atlântico.
Num ponto em que a paisagem se derrama em 300 graus de visibilidade.
É só mar do Arpoador até ponta do Morro do Vidigal, com direito a um dia clássico, incluindo os perfis das ilhas do Clube Costa Brava e das Tijucas.
Bem em frente, as Ilhas Cagarras recebem o sol que desenha uma meia sombra. É o “lado oscuro de las islas” a esquerda e a luz solar incidindo a direita realçando os contornos de pedra e paisagens naturais.
Tudo é poesia com filtro polarizador das saudades que me castigaram no período de abstinência literária.
Incomum, mas essencial na busca do olhar amoroso que derramo sobre meus domínios visuais e sensoriais.
Em cima da cadeia de montanhas, composta pelo Vidigal, Dois irmãos, Pedra da Gávea, uma formação de nuvens se arma, o que não garante o dia clássico de amanhã. Tudo pode acontecer, dependendo do lado para onde soprarão os ventos da noite carioca.
Que diferença faz? Nenhuma. O que vale é o agora. O vento fresco que bate na praia temperando a sexta-feira.
Estou e sou. Em paz.
*Valéria del Cueto é jornalista, fotógrafa e gestora de carnaval. Da série “Arpoador”, do SEM   FIM…  delcueto.wordpress.com


Studio na Colab55