Mostre-me um exemplo TRIBUNA DE URUGUAIANA: 06/08/15

8 de jun. de 2015

Pensamento escrito, por Valéria del Cueto

Arpoador 150604 010 andaime obra moldura Niterói
Pensamento escrito
Dias antes e a fazeção da semana já começa a interferir na forma de pensar desta cronista.
A busca pelo tema, a escolha da melhor linha a explorar diante das possibilidades das séries do Sem Fim... e suas características. Contemplativas para “Ponta do Leme” e “Arpoador”, carnavalescas da “É Carnaval”, as alegóricas “Fábulas Fabulosas” dedicadas ao incrível noticiário capturado pelo  extraterrestre e as aventuras da floresta e seu reino animal. Tudo vai para o prato para ser pesado na balança criativa.
As possibilidades que vão surgindo começam a ser - uma (sorte grande) ou (quase sempre) muitas - escritas em pensamento, numa caligrafia imaginária no caderninho irreal. É preciso afinidade.
AQUI a continuação do texto
**Valéria del Cueto é jornalista, fotógrafa e gestora de carnaval. Essa crônica faz parte da série “Arpoador”, do SEM   FIM…  delcueto.wordpress.com
E3- ILUSTRADO - SABADO 06-06-2015
Edição Enock Cavalcanti
Diagramação Nei Ferraz Melo 

Sem noção, por Gabriel Novis Neves

Sem noção 
Pragmatismo é quase tão importante para se viver quanto o ar que se respira. 
Entretanto, assim como as pessoas de um modo geral respiram muito mal, a absoluta falta de noção na prática de vida é também muito frequente. 
Não raro nos pedem ou insinuam demandas que jamais sequer deveriam ser pensadas.
Atualmente, depois de muita reflexão, venho lidando bem melhor com tudo isso. Passei também a dar respostas sem noção para as perguntas com as mesmas características. 
Exemplo clássico disso é aquele “amigo/a” que, sabendo de sua próxima viagem, começa a fazer uma lista de pedidos, como se você fosse dono de um container num navio. 
Sabemos que malas para o exterior estão sujeitas à pesagem e que normalmente quem viaja ocupa todos os seus espaços com compras pessoais, já que os preços lá fora são bem mais baixos que aqui. 
Isso tem me acontecido frequentemente e a resposta é sempre a mesma, ou seja, a pura verdade, coisa com que, aliás, as pessoas lidam mal. 
Enfim, há que se fazer com que aqueles, cujo lema de vida é levar vantagem em tudo, consigam se tocar que não estão cercados por um monte de resignados incapazes de praticar a filosofia do “sem noção”. 
Um pouco ligada a pouca educação, outro pouco ao fascínio pela chamada “Lei de Gerson”, o fato é que neste mundo do “sempre se dar bem” tudo é válido, desde que alguma vantagem seja tirada, ainda que dos chamados “amigos”. 
Essa cultura egoísta vem crescendo em todos os níveis, inclusive, na política e, se não nos conscientizarmos disso, em breve voltaremos à era das cavernas e da barbárie.

Mais um, por Gbriel Novis Neves

Mais um 
O Ministério da Saúde selecionou vinte e oito hospitais no Brasil para desenvolver um projeto denominado Parto Adequado. Vinte e três são privados e apenas cinco fazem parte das Maternidades do Sistema Único de Saúde (SUS). 
Trata-se, na sua essência, de um “Estímulo ao Parto Normal”, com organização da Atenção ao Pré-Natal, Parto e Nascimento. 
A taxa de cesarianas de 84% na saúde suplementar e de 40% na saúde pública é alarmante, no dizer do próprio Ministro da Saúde. 
O pior é que não há justificativas clínicas para taxas tão elevadas. 
No Brasil existe uma verdadeira epidemia de cesarianas. 
Quando não há indicação médica, o parto operatório por via alta pode ocasionar riscos desnecessários à saúde da mulher e do bebê. 
Há probabilidade de problemas respiratórios para o recém-nascido e triplica o risco de morte da mãe. 
Aproximadamente 25% dos óbitos neonatais e 16% dos óbitos infantis em nosso país estão relacionados às prematuridades, nos informa o Ministério da Saúde.  
A intenção dos organizadores desse programa é a melhor possível. Mas, para quem conhece a nossa realidade em saúde pública, o seu êxito é quase inviável em termos quantitativos. 
Temos pouquíssimas maternidades, mesmo entre as selecionadas, com poucos leitos disponíveis para atender ao programa e profissionais disponíveis para esse tipo de trabalho, embora com condições técnicas, mas sem valorização profissional. 
O parto normal requer a presença física do médico que realizou o pré-natal e, considerando que a evolução de um parto normal é de cerca de dez horas, a proposta se torna uma utopia. 
Gestantes do SUS muitas vezes não realizam o mínimo de consultas preconizadas pela organização Mundial de Saúde (OMS). 
A rede pública que atende o SUS é totalmente deficitária em número de leitos e recursos humanos. 
As maternidades particulares, sobrecarregadas, não suportam um programa de “Estímulo ao Parto Normal”. 
Finalmente, o crônico problema de remuneração digna aos profissionais das equipes multidisciplinares que darão suporte às gestantes. 
O mal do Brasil é que as coisas começam pelo fim. Antes de oferecer condições para o atendimento médico necessário, criam-se programas com normas iguais de atendimento em um continental país cheio de peculiaridades e desigualdades. 
O programa “Estímulo ao Parto Normal” como outros (Humanização do Parto), é mais um que tem tudo para não dar certo. 
Autoridades! Deem condições de trabalho aos profissionais de saúde e deixem o marketing para divulgar os resultados obtidos!