Mostre-me um exemplo TRIBUNA DE URUGUAIANA: 08/08/11

8 de ago. de 2011

Os seis médicos plantonistas da grade da enfermaria clínica ainda não receberam junho.

Nota de Esclarecimento da Saúde - Uruguaiana

A Secretaria Municipal de Saúde, por meio do Departamento de Vigilância em Saúde, comunica que na cidade há um caso suspeito de Leishmaniose Visceral Humana, cujo paciente está sob investigação epidemiológica e realizando exames confirmatórios. Também, está sendo realizado inquérito sorológico canino conforme normas técnicas e atendendo demanda espontânea. A Secretaria solicita que a população observe: Limpeza de pátio, recolhendo folhas, frutos e fezes de animais; embalar todo o lixo de maneira adequada e entregar para coleta, não entregar para carroceiros. Providenciar coleira ou outro produto repelente para os cães; colocar tela milimétrica nas janelas; evitar ir ao quintal no entardecer e à noite; e não criar porcos, galinhas, coelhos e outros animais em área urbana.


* O Tribuna colheu junto aos familiares de JF que o serviço de Santa Maria confirmou e está tratando o caso.

Harley Roneidson

texto de Rônei Rocha para sua coluna no jornal Tribuna --



Algo de muito estranho tem acontecido comigo desde que eu completei uma tal idade. Ando tendo sintomas parecidos com aqueles animais selvagens criados em cativeiro que a gente assiste em documentários e filmes. Quando essas aves, lobos e afins escutam passar o seu grupo, querem se juntar a eles e sair voando ou correndo livremente por aí. Eu nunca tive um bando pra chamar de meu, nem time do coração eu tenho, mas agora sinto este estranho fenômeno de querer ir junto - vejam só que originalidade - quando escuto o ronco grave de uma moto. Não qualquer moto, mas uma das grandonas, tipo custom - para quem não conhece, eu explico: são aquelas usadas por homens que começam a ficar velhos e querem tentar recuperar a juventude, o que, obviamente, não é o meu caso. Talvez eu esteja sofrendo de alguma influência genética, já que o meu pai foi a segunda pessoa a ter uma moto em Livramento, lá pelos anos 1940. Talvez seja somente o meu corpo clamando por uma mobilidade muito além das nossas limitações naturais; sentir o vento nos cab… nos olhos; jorrar adrenalina na veia; ter nas mãos a força de muitos cavalos, fazendo a borracha derreter o asfalto; etc. Essas coisas todas que nós os motoqueiros fazemos e sentimos. Não ignorei o chamado, e já tomei a primeira providência: fui numa autoescola e estou aprendendo a andar de moto! Agora, bem a fim de radicalizar, ando flertando com orçamentos de umas lambretas e scooters. Por enquanto, esta crise de meia idade não está me preocupando; nem seria normal passar em brancas nuvens por datas importantes. Prudentemente, já pedi à família que caso eu deixe o resto de cabelo crescer e faça uma colinha ou alguma tatuagem, sejam compreensivos, piedosos, e me interditem rapidamente. Nossa vida toda ziguezagueia em torno de possibilidades e impossibilidades, e penso que só se é livre quando se pode escolher livremente, mesmo que a escolha seja por uma prisão. Às vezes literal. Eu me lembro do relato de foragidos que haviam cometido um crime e acabavam se entregando para poderem, mesmo na cadeia, voltar a se sentir livres. É a falta de liberdade de pensamento que, na maioria das vezes, provoca em nós um desequilíbrio e termina levando a muitas das doenças mentais. Posso agarrar uma moto e sair para desbravar o mundo, mas se eu não puder aproveitar para olhar esse mundo com outros olhos, ao invés de um cavalo de aço, vou ter uma gaiola com rodinhas. Acho que eu iria ficar doente se não pudesse brincar de motoca. Como tenho certeza de que as minhas sócias me darão autorização, de posse deste salvo-conduto, em breve estarei desbravando infinitas highways cheias de acelerações brutais; desafiando as leis da física nesta uma quadra e meia de casa até o consultório. Ou somente lavando a possante nos fins de semana. Com o motorzão ligado, claro, para poder curtir aquele ronco gostoso.

Gatão de Meia Idade - Sigilo eterno