Mostre-me um exemplo TRIBUNA DE URUGUAIANA: 09/26/15

26 de set. de 2015

Cine Ópera, por Valéria del Cueto


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Belém 150919 076 Theatro da Paz Festival de Ópera encerramentoCine Ópera

Texto e foto sobre Belém, de Valéria del Cueto
Belém do Pará estava na mira fazia tempo. Só faltava o motivo inadiável para uma nova aventura amazônica. Que tal a estreia do cineasta  Fernando Meirelles, indicado ao Oscar por “Cidade de Deus” e “O Jardineiro Fiel”, na direção de uma ópera? No caso, Os Pescadores de Pérolas, de Georges Bizet, destaque do XIV Festival de Ópera do Theatro da Paz.
Antigamente chamaríamos de combo ou “três em um”, o que hoje é multimídia mesmo. Inclusive geográfica. A exótica ilha do Ceilão onde se passa a narrativa é representada no palco, nas finas telas transparentes de cinema que compõem a cenografia assinada por Cássio Amarante, por planos rodados no Jardim Botânico Amazônico de Belém, o Bosque Rodrigues Alves.

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*Valéria del Cueto é jornalista, fotógrafa e gestora de carnaval. Crônica da série “No Rumo” do SEM   FIM...  delcueto.wordpress.com
E3- ILUSTRADO - SABADO 26 -09-2015
Edição Enock Cavalcanti
Diagramação Nei Ferraz Melo

Infância interrompida

Infância interrompida
As mortes sucessivas que vêm atingindo cidadãos dos países do Oriente Médio e da África vêm horrorizando os habitantes do planeta Terra, mas, não a ponto de mobilizá-los definitivamente contra tanta crueldade.
A foto estampada nos jornais nesses últimos dias da criança síria morta, com o rostinho enterrado nas areias de uma praia turca é, no fundo, o retrato de todos nós - enterrados vivos, cobertos de vergonha.
Ela viajava em uma embarcação precária acompanhada por seus pais e por um irmão. A família tentava fugir da guerra em seu país e de todo os horrores advindos dela.
São imagens que ficam cravadas na nossa memória - tal como a da criança vietnamita nua correndo para o nada após bombardeio aéreo de napalm -, pois trazem à tona a barbárie e a insensatez quando passaportes e fronteiras invalidam a possibilidade de se viver em qualquer país do mundo, no mínimo, com dignidade.
O napalm é um líquido inflável à base de gasolina geleificada. Foi usado no Vietnan para desfolhar a floresta do delta do rio Mekong e desalojar vietcongues. Depois foi lançado diretamente sobre aldeias, onde só havia mulheres e crianças.
Onde estão os tão propalados direitos humanos? Atitudes que contrariam o que apregoam todas as religiões - cujo discurso tanto se distancia da prática.

Fotos como essas escancaram o que há de pior no sistema político-econômico que rege os países ditos desenvolvidos.
Não é possível continuar aceitando que as oitenta e cinco pessoas mais ricas do mundo detenham o mesmo poder aquisitivo dos outros sete bilhões de habitantes da terra juntos. 
Enquanto existir tanta injustiça social e tanta apatia diante do crescente número de desvalidos no mundo, nada acontecerá, a não ser a humilhação que cobre parte da humanidade, esta sim, sensibilizada por rostos enterrados na areia inertes para sempre.
Famílias exterminadas, infância que não se completa, enfim, genocídio consentido por todos nós.
A criança síria morta é o retrato do flagelo humanitário deste início de século.
Cidadãos comuns são expulsos de seus países pelas guerras, pela fome e miséria e passam a vagar pelo mundo, mesmo diante da perspectiva da morte, em busca de uma simples vida de trabalho e de tranquilidade.
Quem sabe tenhamos no futuro um mundo em que todos tenham direito a uma vida digna em qualquer parte do planeta e livres de passaportes ou de fronteiras!