Mostre-me um exemplo TRIBUNA DE URUGUAIANA: junho 2015

30 de jun. de 2015

Metade, por Gabriel Novis Neves

Metade 
Chegamos à metade de um ano atípico com o choro da natureza vindo das nuvens descaracterizando o outono, com o superapagão de quarenta minutos na terra da energia elétrica alcançando inúmeras cidades mato-grossenses e outras tantas de Estados vizinhos, com a violência moral e física batendo recordes, não esquecendo que continuamos na liderança do desmatamento na Amazônia. 
Porém, a maior crise desta metade do ano é política e econômica. Ninguém entende ninguém e a tão falada reforma política virou nada. 
O esperado ajuste fiscal ficou reduzido ao parto da montanha! 
Um monte de ações punindo os pequenos como sempre, achatando seus salários e diminuindo postos de trabalho, especialmente na indústria. 
Corte no tamanho do governo com as suas despesas, nem pensar. As instituições que compõem o Poder Constituído só trabalham para aumentar seus inúmeros e absurdos privilégios. 
A conta para saldar ficou para a classe assalariada e pequenos investidores. 
Sabemos que todo crescimento econômico exige esforços, mas de todos os segmentos da população. 
Crescimento com sacrifícios de uma só parcela gera inflação, desemprego, divisão de classes e violência. 
Precisamos pensar no futuro do nosso país com mentalidades renovadoras. 
Do jeito que as coisas caminharam nesta metade do ano, o prognóstico para os próximos seis meses está fadado a graves prejuízos para a nossa economia. 
A esperança de um ano novo melhor é remota, pois, nossos políticos estão somente preocupados com as eleições municipais de 2016, base para aspirações maiores nas próximas daí a dois anos. 
Não temos mais tempo a perder! E os governantes insistem em projetos corporativistas para adiar o nosso tão sonhado desenvolvimento! 

29 de jun. de 2015

Medo, por Gabriel Novis Neves

Medo 
Descia de elevador no meu prédio e logo ele parou para a entrada de uma criança de uns doze anos de idade.
Ela era franzina, sem sinais físicos da puberdade, vestia camiseta e short e sandália de dedo, vendendo inocência. 
Cabisbaixa, “viajamos” até o andar térreo. 
A impressão que a menina me passou é que tinha realizado uma das fantasias da infância – dormir na casa de uma amiguinha. 
Fui criança, pai, avô e sei perfeitamente que, em sua maioria, as crianças têm essa necessidade emocional, puramente cultural. 
A minha surpresa ocorreu quando, ao abrir a porta do elevador no andar térreo, ela me perguntou com olhar e voz de medo: “é perigoso andar na rua”? 
Era uma manhã de domingo, mais ou menos às nove horas, com sol escaldante e pessoas na rua em suas andanças matinais. 
Indaguei onde morava e, para meu espanto, respondeu que era na mesma rua do meu prédio, a uma distância de três quadras. 
Acalmei-a dizendo que poderia seguir tranquilamente para a sua casa, já que o movimento na rua era intenso.  
Gente indo para a missa, outros para a padaria da esquina, sendo ainda grande o número de atletas de final de semana caminhando e correndo pelas calçadas do bairro. 
Ela saiu andando, porém, demonstrando certo medo. Eu entrei no meu carro para visitar um amigo.  
As palavras e a imagem de medo naquela criança despertou em mim um antigo questionamento: criança tem medo? Este medo que nós adultos sentimos ao sair na rua?  
Pude constatar através daquela criança que, sim, as crianças têm medo de andar pelas ruas sozinhas. Apesar de ser de manhã, em uma rua movimentada e ser considerado bairro de classe média alta. 
Lamentavelmente, esta atitude infantil traduz o grau do temor em que se encontra a sociedade em geral.  Ninguém confia em ninguém. 
Depois, uma espécie de remorso tomou conta de mim. 
Apesar da minha vontade, tive medo de oferecer uma carona àquele pequeno ser e ser mal interpretado. Principalmente pelos pais. 
Passei o resto do dia revendo conceitos educacionais e a realidade social a que chegamos, onde impera a violência, especialmente, contra as mulheres e crianças. 
A conclusão é a que venho repetindo nos meus escritos: “a humanidade não é viável”. 
Pobres crianças amedrontadas! Precocemente tiveram de substituir o medo do bicho-papão pelo medo a um simples e pequeno caminhar pelas calçadas de sua cidade! 
Estamos num mundo cruel com uma sociedade alienada. 
Impossível pensar em futuro melhor para nossos descendentes!

28 de jun. de 2015

Tempo do não, por Gabriel Novis Neves


Tempo do não 

Vivemos em pleno tempo do não. Tudo por aqui não aconteceu. 
A violência não diminuiu, a saúde pública não melhorou, a educação vai de mal a pior, a inflação não foi corrigida, a taxa de desemprego não melhorou, a reforma política não foi aprovada, a corrupção não foi dizimada e o ajuste fiscal não ficou como queria o Ministro da Fazenda. 
O “não” tomou conta de todos os espaços da mídia, nada restando para as desejadas e esperadas ações afirmativas. 
Até a FIFA não é mais padrão mundial de ética e transformou-se em centro avançado de corrupção, com a colaboração efetiva da nossa Confederação Brasileira de Futebol (CBF). 
Diante de tantas negativas o jeito é nos contentarmos com promessas que sabemos que não serão cumpridas, como melhores condições de trabalho e salários para todos os trabalhadores brasileiros. 
Os preços dos mercados não param de subir e os impostos também. Antes trabalhávamos quatro meses por ano para sustentar as mordomias do governo. Agora, tudo que se arrecada ele nos toma, proletarizando, cada vez mais, os responsáveis pelas riquezas deste país. 
Não dá mais para suportar os assaltos do governo com os seus pornográficos impostos drenados para o esgoto da corrupção com impunidade. 
O pior é que não vemos uma luz no final do túnel. 
Comissões e grupos de trabalhos são constituídos diariamente para esperar por dias melhores e justificar o não feito aos pagadores de impostos. 
Datas são marcadas para funcionamento de equipamentos sociais indispensáveis à população, só que antes um grupo de alto nível irá estudar e detalhar a possibilidade de liberação de recursos. 
Única coisa que não para é o sofrimento humano diante de tanta injustiça social. 
Brasil “não”! Tão diferente do país que um dia foi “sim” para a esperança!

27 de jun. de 2015

Os emojis, por Gabriel Novis Neves


Os emojis
Estamos nos tornando cada dia mais interessados em destruir tudo o que aprendemos como válido - muito em função da pressa que o mundo moderno demanda.
O alfabeto por nós usado tem vinte e seis letras. Cada pessoa tem, em média, um vocabulário em torno de duas mil e quinhentas palavras.
Com isso contávamos durante séculos, até o aparecimento do mundo digital.
Eis, entretanto, que surge a linguagem pelos emojis, criação brilhante da mente japonesa.
Os pequenos símbolos, que dispensam um mínimo de tempo para a sua confecção, logo se tornaram uma coqueluche no mundo da comunicação através das redes sociais.
Pena que aqui na terrinha não avisaram aos internautas que alguns desses símbolos dizem respeito apenas à cultura asiática, tais como figuras relacionadas aos calendários.
Aliás, talvez pelo excesso de informações, vivemos um processo de saturação do nosso HD, que já não mais comporta tamanho acervo, principalmente com a velocidade com que ele se apresenta.
Talvez por isso estejamos economizando, progressivamente, a nossa capacidade mental, seja na palavra falada, seja na palavra escrita.
Basta lembrar, com tristeza, que, de dez livros vendidos atualmente no mundo, nove são para colorir. Um recorde lamentável, que corrobora essa atrofia mental progressiva.
Nossos antepassados foram muito preocupados em divulgar uma linguagem universal em que todos os povos pudessem se inter-relacionar, o esperanto.
Tornamo-nos tão únicos e tão sós, que já não mais nos interessam as formas tradicionais de relacionamento.
Emoções, para quê?  Olho no olho, para quê?
Tudo rápido e descartável, sem a perspectiva de qualquer envolvimento.
Chegar ao Nirvana apenas através de símbolos e cores, essa é a meta.
Eu e alguns amigos da minha faixa etária continuamos fascinados pela beleza das palavras e, mais ainda, pela riqueza das emoções que elas podem desencadear.
Tudo isso me faz lembrar o grande Raul Seixas e sua belíssima música “metamorfose ambulante”.
Sem essa metamorfose seremos seres em extinção bem mais rapidamente.

26 de jun. de 2015

Educação, por Gabriel Novis Neves

Educação
Nossa visão educacional está fora dos tempos atuais.
Educamos nossas crianças visando apenas a prepará-las para o usufruto, em curto prazo, dos lucros nas suas atividades, o que é um equívoco. 
Priorizar os conhecimentos técnicos e colocando em segundo plano os ensinamentos culturais tão importantes para uma carreira profissional de melhor qualidade e solidez, parece não ser o modelo adotado pelos educadores do século XXI. 
Desejamos que os nossos filhos concluam o mais rápido possível os seus cursos profissionalizantes para, no dia seguinte, tentarem qualquer coisa no competitivo mercado de trabalho. 
Em hipótese alguma admitimos um período de não vontade de trabalhar no sistema conhecido para que esse jovem possa esgotar as suas curiosidades sobre os saberes. 
Isto que é um investimento com retornos garantidos, incalculáveis de serem mensurados e que irá diferenciar profissionalmente a excelência da formação para o trabalho. 
A escolha precoce de uma profissão, e dentro dessa uma especialização stricto sensu que proporcione características acadêmicas de melhor aceitação e destaque social, é um erro. 
A proletarização do ensino superior se faz sentir com essa falsa estratégia de chegar precocemente ao mercado para ganhos com tetos limitados para quem ingressa sem o plus cultural do entendimento mais abrangente. 
As distorções hoje são tão gritantes que muitos jovens bem estruturados na universalidade do conhecimento preferem passar longe do ensino tradicional. 
Necessitamos dar ênfase especial à formação cultural dos nossos estudantes, estimulando-os precocemente a pensar e a buscar novas habilidades, impedindo-os de ingressarem no perigoso grupo dos frequentadores dos profissionais com desvios ocupacionais para baixo. 
A tradicional formação acadêmica nos fornece bons técnicos quando alcança seus objetivos educacionais, porém, desperdiçamos muitos cérebros necessários à humanidade.

25 de jun. de 2015

Porteiras fechadas, por Gabriel Novis Neves

Porteiras fechadas 
Quem já passou por todas as fases do desenvolvimento humano e teve o privilégio de ancorar na faixa seleta dos idosos, sem a Doença do Alemão, lembra-se de tudo que aconteceu na sua vida, embora, poucas recordações estejam disponíveis nas prateleiras do consumo.
Certa ocasião, alguém, só para contrariar o grande poeta Vinícius de Morais, disse que “viver é melhor que ser feliz”.
Uma verdadeira blasfêmia para quem procurou, insistentemente, a felicidade, divulgando em poemas e canções populares a sua verdade liberticida.
Certa ocasião, entrevistado por uma jovem e inexperiente repórter na mesa de um bar, o poeta da canção, já no horizonte da sua despedida, respondendo a uma pergunta sobre o que ele achava do seu estado atual, afirmou que era um idoso e que, felizmente, a juventude era breve.
Apenas um momento de incertezas e descobrimentos, sendo o melhor dele aquele que já passou.
Depois dessa fase de explosão hormonal e sentimentos, tudo fica mais lento e ninguém tem pressa de nada.
É como se estivéssemos na madrugada da vida, sem vontade de ver o novo dia chegar.
O idoso sabe que o futuro somos nós, e o tempo não espera.
Daí o fascínio que esta fase da minha vida me causa.
Isso nada tem a ver com a chamada “melhor idade”, termo pejorativo para mim.
É a fase da compreensão e da doação, em que sabemos que não possuímos o dom de mudar o mundo, muito menos a vida das pessoas.
Nós é que mudamos com a idade.
A vida nada nos dá ou nos deve. Nós é que estamos nela.
É sempre emoção.
Será que escrevo apenas para tornar a minha vida mais excitante?
Pelos descaminhos da vida tentamos, frequentemente, abrir porteiras fechadas que, entretanto, bastava que tivéssemos um pouquinho mais de sensibilidade para compreender que elas estavam totalmente trancadas e que seria em vão o nosso esforço em tentar abri-las.
Aprendemos nessa fase outonal, que tudo que nos encanta deve estar harmoniosamente escancarado.
Não há mais tempo para tentar decifrar o indecifrável e, muito menos, para tentar mudar qualquer coisa que funcione como obstáculo.
É só partir para o futuro, quem sabe qual, mas, sem o compromisso de derrubar as porteiras fechadas dos sentimentos.
Que venham com força todas as emoções verdadeiras, pois elas é que nos darão forças para manter a alegria de viver.
O nosso futuro é hoje!  

24 de jun. de 2015

Novas mães, por Gabriel Novis Neves

Novas mães 
O Dia das Mães, de uma maneira ou de outra, nos remete à origem da vida. 
A maior parte da humanidade, tal como em todas as espécies animais, cumpre basicamente o seu papel reprodutor durante sua passagem aqui pela Terra. 
Daí a tão falada frase de que o sexo é a mola que impulsiona o mundo. 
O macho, com seu papel precípuo voltado para a reprodução em larga escala, procura honrar ao máximo a sua destinação na natureza fertilizando o maior número de fêmeas possíveis durante a sua existência. 
Corroborando isso, a sociedade faz com que o homem se vanglorie de suas conquistas amorosas, tornando-o tão mais admirado e amado em função dessas “qualidades”. 
A mulher, ao contrário, é desvalorizada pelo número de parceiros que ela possa ter tido. Muitas vezes são ferozmente discriminadas.  
Essa é a base da grande hipocrisia que tem atravessado os séculos e mantido as mulheres inferiorizadas e submissas com relação aos homens, detentores de um mundo sem limites. 
Felizmente, nesse século XXI, após anos de lutas pelo seu reconhecimento, a mulher adquiriu uma nova identidade: guerreira, bela, inteligente, sensual, inserida no mercado de trabalho, pronta para todos os desafios, inclusive, a de ser mãe solteira e arcar com todos os ônus de sua prole. 
Os homens devem se orgulhar dessas novas mulheres! Elas já entenderam que, para a harmonia predominar, é necessária a reciprocidade entre o homem e a mulher. 
Era comum que alguns homens, na falta de possibilidades de trocas intelectuais e emocionais mais expressivas com suas esposas, procurassem as chamadas “hetairas”, denominação dada na Grécia Antiga a essas mulheres especiais que, além dos atributos físicos, proporcionavam aos seus clientes momentos de discussões filosóficas e culturais. 
Portanto, desmistificando a imagem da “Rainha do Lar”, aquele ser antigo cheio de submissão e de tristeza, eu quero prestar a minha homenagem às mulheres que com a sua garra e coragem vêm tornando o mundo mais belo e menos preconceituoso. 
Que os novos filhos sejam criados mais leves, mais livres, mais verdadeiros e cada vez menos atados aos ditames sociais inescrupulosos que insistem em deturpar o que há de melhor no ser humano. 
Dessas novas mães, matrizes fundamentais da espécie, surgirão esses novos seres que, com certeza, serão o diferencial para a formação de uma sociedade mais plena e tranquila.  
Queixamo-nos muito de que vivemos em uma sociedade machista, mas quem, senão essas novas mães, poderão mudar essa ideologia, criando filhos que desde cedo aprendam a respeitar as pessoas, independentemente de seu gênero, de sua raça, de sua cor, de suas preferências sexuais ou religiosas. 
No nosso país a cada minuto uma mulher é estuprada, quadro assustador. 
Cabe a nós mudar essa realidade, ainda que inúmeros outros fatores contribuam para essa triste estatística. 
Em vez de estímulos puramente comerciais enaltecendo o Dia das Mães, o que devemos ter em mente é uma campanha extensa e intensa de conscientização quanto ao papel que cabe às novas mães nessa luta por um ser humano melhor. 
Amor e dedicação são atributos inatos das mulheres – esses seres tão privilegiados pela natureza!

23 de jun. de 2015

Ganhos com inteligência, por Gabriel Novis Neves

Ganhos com inteligência 
Vendo uma recente entrevista desse gênio da arquitetura moderna, o espanhol Santiago Calatrava, me dei conta da enorme diferença entre o ganho de capital e o ganho advindo do brilhantismo e da inteligência, enfim, do verdadeiro mérito. 
Calatrava nasceu em Valência, numa família de classe média alta e se mostrou desde pequeno um desenhista compulsivo. 
Teve desde cedo suas habilidades incentivadas e cursou Belas-Artes e Arquitetura. Aos 22 anos, não satisfeito com que havia apreendido, foi fazer Engenharia na Suíça. 
Atualmente tem obras arquitetônicas importantes espalhadas por todo mundo, inclusive no Rio de Janeiro, que em breve será ostentada na zona portuária inovada. 
Ao contrário dos empresários bem sucedidos que conhecemos, Calatrava mostra-se uma pessoa simples, tranquila, apenas encantada com suas obras. 
Estamos mais habituados a vincular as grandes fortunas adquiridas ou herdadas apenas pela habilidade no jogo das atividades financeiras ou pelo uso da mais valia, ferramenta fundamental no capitalismo e, dessa forma, tendemos a não valorizar as verdadeiras fortunas, as advindas, automaticamente, da qualidade do trabalho de cada um. 
Pais modernos têm a grande tendência a dirigir seus filhos para atividades que signifiquem sucesso financeiro rápido, desviando, às vezes, alguns reais talentos de suas aptidões prioritárias. 
Como vivemos na era do “parecer ser”, e não, do “realmente ser”, a maioria dos pais têm mais orgulho em transformar os filhos em celebridades do que verdadeiramente em pessoas encantadas com as suas aptidões, ainda que não tão rendosas. 
Feliz daquele que, sem temer qualquer tipo de sistema, pode sobreviver dignamente das suas habilidades profissionais e tornar-se independente dos lucros de capital e do trabalho alheio.

22 de jun. de 2015

Crise nas maternidades, por Gabriel Novis Neves

Crise nas maternidades
O jornal do Conselho Federal de Medicina em sua última publicação mostrou dados alarmantes com relação ao funcionamento das maternidades brasileiras.
“A baixa remuneração paga pelo Sistema Único de Saúde (SUS) pela saúde suplementar tem levado os hospitais a fecharem as suas maternidades, causando desconforto para parturientes e médicos”.
O levantamento mostra que de julho de 2010 a julho de 2014 foram fechados três mil e quinhentos leitos no país - a maioria em hospitais particulares ou filantrópicos conveniados com o SUS.
Segundo o CFM, fecharam nos últimos anos as maternidades São Camilo (SP), Barra D`Or (RJ) e Vita (PR), todas particulares.
A má remuneração, inclusive de hospitais, é uma das causas do fechamento dos leitos.
A situação atual é desumana para médicos e parturientes.
Enquanto isso, nossos dirigentes têm uma visão totalmente distorcida e autoritária sobre o problema.
Certa ocasião, diante de uma greve geral de médicos reivindicando melhores condições de trabalho e salário, o então governador do Ceará, Ciro Gomes, disse aos líderes do movimento não estar preocupado com a demissão em massa dos profissionais de saúde, pois, médico é igual a sal: “branquinho, tem por toda a parte e é barato”.
Recentemente, conversando com uma autoridade deste Estado sobre a dificuldade do serviço público atrair bons profissionais em medicina, este me respondeu que médico existe em excesso e é uma profissão em decadência, podendo ser contratado por salários irrisórios. 
A verdade é que as maternidades continuam fechando ou diminuindo o número de seus leitos. O poder público não prioriza o investimento em saúde. Ficamos, portanto, numa situação difícil!
O grande prejudicado, como sempre, é a população pobre, que fica jogada e morrendo pelos corredores dos poucos hospitais públicos ou conveniados com o SUS.
A rede privada está exaurida!
O melhor é ter o plano de saúde dos privilegiados do poder, que conseguem ser atendidos nos melhores hospitais do Brasil e do exterior bancados com os impostos pagos pela nossa sofrida população.
Haja injustiça social!

Reforma política, por Gabriel Novis Neves


Reforma política 
Perguntaram ao Presidente Obama quando os Estados Unidos da América do Norte levantariam o embargue econômico a Cuba já que agora o país caribenho é amigo. 
Ele respondeu, diplomaticamente, que tal fato histórico só será possível quando os democratas tiverem maioria no Congresso Americano. 
Assim funciona a política em países democráticos do primeiro mundo. Existe uma ideologia partidária que é respeitada. 
Aqui na terrinha todo inicio de governo fala-se e muito na necessidade de uma profunda reforma política para o Brasil se desenvolver. 
Mensagens são encaminhadas ao Congresso Nacional e todos os seus membros são fanáticos defensores da tão esperada reforma. 
Na hora da votação secreta predomina o espírito conservador e fica tudo como antes e, às vezes, até pior.  
Interessante a incoerência dos nossos partidos nessas ocasiões. 
Muda-se de posição com a maior naturalidade, dando margens para que o eleitor mais atento pense que votações no Congresso tem sempre um preço. 
O que antes era uma contribuição à modernização e ao desenvolvimento do país, agora é atraso. 
Em compensação, aqueles que antigamente eram contrários a tais medidas por serem maléficas ao nosso país, agora são os seus mais ferrenhos defensores. 
O resultado é que continuamos com o modelo político “toma-lá-dá-cá”. Devotos ferrenhos de São Francisco confessam que é dando que se recebe. 
Como quem tem a chave do Tesouro é o governo, este faz e desfaz das nossas frágeis e promíscuas instituições. 
Temos de cuidar com urgência do nosso futuro como nação desenvolvida e competitiva. 
Precisamos reformar a mentalidade de muitos de nossos políticos, que só enxergam os seus umbigos e ignoram os grandes interesses nacionais. 

20 de jun. de 2015

Educação federal, por Gabriel Novis Neves

Educação federal 
Tem toda razão, e o nosso apoio, o senador Cristovam Buarque quando chama a União para cuidar do ensino fundamental das crianças brasileiras. 
“Assegurar educação de qualidade é estratégia fundamental para aproveitar o potencial econômico de talentos e quebrar a desigualdade social” - afirma o senador. 
A maioria das prefeituras brasileiras é constitucionalmente responsável por esse ensino, porém, sem incentivos federais suficientes, não apresenta condições materiais e pedagógicas para ofertar, pelo menos, uma educação aceitável. 
A população pobre, por sua vez, está impedida de acesso às escolas particulares, onde o ensino é de melhor qualidade, pois as suas mensalidades não são compatíveis com suas rendas familiares. 
Se os prefeitos brasileiros conseguirem sensibilizar o governo federal a assumir essa faixa importantíssima da formação dos nossos jovens, com certeza teremos uma nação mais justa, com possibilidades de pobres competirem com os ricos. 
Estamos contemplando um país onde existe uma luta de classes e a violência extrapolou o controle das nossas autoridades. 
O medo é absoluto, tanto nas grandes, como nas pequenas cidades brasileiras. 
Crianças pobres crescem sem perspectivas de uma ascensão social, já que lhes são negadas a ferramenta básica, a educação.
A vida para elas nada representa, a não ser a ilusão do dia vivido, muitas das vezes no mundo do crime. 
“É imoral termos educação com diferença de qualidade em função de renda ou endereço”. 
O Poder Executivo Federal assumir a educação das nossas crianças é política de governo, medida preventiva para evitarmos um conflito de dimensões incalculáveis e resultados desastrosos. 
Não adianta termos uma economia forte com uma educação de péssima qualidade. 
Lutemos com os prefeitos pela adoção federal das escolas municipais! 
Só assim haverá desenvolvimento sustentável e paz nesta nação.

Tá difícil! Pensando bem, quando não foi...

2Carnavalia 1506 009 mãos chapéu
Estamos em junho o assunto da última quinzena do mês  é... carnaval!
Pra quem pensa que a sequencia de maravilhas do mundo apresentadas num desfile de carnaval brota assim, de estalo, uma notícia: não é beeem assim.
De fevereiro para cá já rolou uma enormidade de água debaixo dessa ponte. A janela de contratações e troca-troca de agremiações começa ainda na pista da Sapucaí, no desfile das Campeãs. Uma época de montagem de estratégias e definições de estilos de trabalho para o carnaval seguinte. O vai-e-vem continua, mas sem dúvida, o momento das  surpresas e movimentações espetaculares não costuma chegar ao fim da quaresma.
Clique AQUI para continuar a leitura.
*Valéria del Cueto é jornalista, fotógrafa e gestora de carnaval. Essa crônica faz parte da série “É Carnaval”, do SEM   FIM...  delcueto.wordpress.com 
E3- ILUSTRADO -SABADO 20-06-2015
Edição Enock Cavalcanti
Diagramação Nei Ferraz Melo 

19 de jun. de 2015

Decisão, por Gabriel Novis Neves

Decisão
Conheço várias pessoas que não atendem ao celular. Usam apenas quando necessitam. Respeito esse comportamento um tanto quanto egoísta, embora não compartilhe do mesmo.
Talvez pelo fato de ser médico antigo, onde o profissional de saúde era sempre alcançável e estava à disposição dos seus clientes, adquiri o hábito de atender todas as chamadas telefônicas dos meus clientes, mesmo quando em consulta. 
Sei que este ponto é polêmico, pois poderá demonstrar ao cliente certo desdém para com o seu problema. Para quem chama, o assunto é sempre importante e, às vezes, não o é para quem atende.
Tenho o cuidado de informar às minhas clientes que quando precisarem de mim estarei sempre disponível para um esclarecimento ou orientação que poderá, até, salvar vidas.
Esta é uma prática permanente na minha personalidade. Quando é impossível atender na hora da chamada, assim que posso faço o retorno.
Dia desses tive um problema com um equipamento tecnológico em casa. Chamei o meu técnico do setor que realizou o serviço a contento, deixando a máquina funcionando normalmente.
À noite, o defeito retornou, e como ainda era cedo, tentei por dezenas de vezes entrar em contato com ele para uma orientação. O celular indicava fora da área ou ocupado e quando consegui completar a ligação e relatar o sinistro, o sinal caiu e ficamos definitivamente incomunicáveis.
No dia seguinte comecei novas tentativas, todas sem sucesso. Precisava da palavra do técnico sobre o problema que, para mim, era importante.
Já tinha desistido quando, horas depois, ele retornou o chamado. Ouviu minhas queixas e se comprometeu a fazer outra visita para sanar em definitivo o desconforto da máquina estragada.
Fiquei animado e fui fazer mais um teste no aparelho.
Como por encanto, tudo funcionava normalmente. 
Pelo celular tentei comunicar a novidade que, por sorte minha, ele não atendeu. Desisti e esperei a sua chegada horas depois.
Não disse nada e, ao ligar a máquina, ele verificou que realmente o serviço não estava completo, pois os defeitos objetos da sua vinda ainda permaneciam.
Fez novas incursões pelo aparelho e descobriu outra falha. Resolveu o problema, garantiu o seu funcionamento pleno e a minha tranquilidade por uma suada vitória alcançada.
Na vida nunca podemos ser radicais nas nossas atitudes, ou pouco solidários com aqueles que de nós necessitam

18 de jun. de 2015

Modismo, por Gabriel Novis Neves

Modismos 
São tanto os modismos na sociedade de consumo e da competição desenfreada, que peço atenção especial ao atual uso indiscriminado de anabolizantes, fartamente empregados, especialmente pelos praticantes de esportes. 
Esses fármacos dão a sensação que aumentam a competitividade e ajudam no tratamento das lesões musculares e ósseas. 
Outros se viciam na droga simplesmente por questões estéticas, para aumentar a massa muscular de forma espetacular, dependendo das doses ministradas. 
Como tudo em excesso, é perigoso à nossa saúde, pois podem propiciar lesões graves ao nosso organismo. 
Os anabolizantes são derivados da testosterona, um hormônio predominantemente masculino que atua no crescimento celular e em tecidos do corpo, como o ósseo e o muscular. 
Produzem também inúmeros efeitos colaterais que atacam o organismo como um todo, tanto na área física quanto na emocional. 
O pior acontece entre os adolescentes, pois compromete o crescimento e a maturação óssea, entre outros efeitos indesejáveis. Só com orientação e controle médico essas drogas devem ser utilizadas. 
Infelizmente, o que vemos é o uso indiscriminado dessas drogas nas academias de ginástica, na sua maioria sem controle das nossas autoridades sanitárias. 
Os grandes campeões são submetidos ao exame antidoping e, a cada dia, vemos mais atletas famosos caírem na armadilha do desempenho turbinado visando à conquista de títulos que significam dinheiro e visibilidade social. 
Muitos integrantes dessa elite esportiva receberam fortes punições e outros foram banidos das suas atividades. 
No mundo competitivo, nada mais comum que essa verdadeira praga tenha atingido tantos seres humanos saudáveis. Tudo na ânsia da glória e da fortuna. 
Estamos vendo na clínica um grande aumento das doenças ditas autoimunes, interpretadas pelos psiquiatras como o suicídio do organismo. 
O fato é que não sabemos verdadeiramente ainda ao que relacioná-las. 
Uma coisa é certa, aumentou, e muito, o uso indiscriminado de drogas, não só as ilegais, mas, principalmente, as lícitas, tomadas temerariamente pela humanidade a seu bel prazer. 
Agora, é o consumismo e o modismo do culto ao corpo que agride e compromete organismos perfeitos, pensando seus atores em sair do anonimato pelas performances esportivas e outros produtos do sucesso. 
Nossa sociedade está doente, isto sim, impregnada por falsos valores, necessitando com urgência de cuidados especiais psicológicos. 
Por favor, pensem duas vezes antes de caírem na tentação de um visual pseudossaudável e tido como dentro dos padrões da sedução enganosa! 
Só usem medicamentos com prescrições rigorosamente médicas!