Mostre-me um exemplo TRIBUNA DE URUGUAIANA: 03/27/15

27 de mar. de 2015

Depois, e agora? de Valéria del Cueto


"Saco de lixo como capa para se proteger, um par de velhas havaianas. Na mochila apetrechos. Deles, não chegou a precisar"
Arpoador 150322 005  pescador jogando a tarrafa 2

*Valéria del Cueto é jornalista, fotógrafa e gestora de carnaval. Essa crônica faz parte da série “Parador Cuyabano”, do SEM   FIM...  delcueto.wordpress.com
E3- ILUSTRADO - SABADO 28-03-2015
Edição Enock Cavalcanti
Diagramação Nei Ferraz Melo

TV, por Gabriel Novis Neves


TV

Bastou a, ainda, presidente da República invadir nosso final de domingo pela televisão com a desculpa de homenagear a mulher no seu dia, para muitos moradores promoverem um grande panelaço de dentro de seus apartamentos,  acompanhado por gritos de protestos. 
Outros foram às ruas demonstrar a sua insatisfação com a nossa situação política, econômica e social e os veículos dispararam as suas buzinas. 
Ao meio deste caos a presidente tentava passar pela TV tranquilidade e confiança ao nosso povo. 
Depois que a Lei da Responsabilidade Fiscal foi olimpicamente desrespeitada para garantir a sua reeleição, credibilidade não existe para exigir compreensão, paciência e solidariedade ao pagador de impostos. 
O produto do nosso sacrifício colocado no Tesouro da República foi varrido pelos agentes públicos, em conluio com políticos e empresários inescrupulosos, para o esgoto da corrupção. 
Como ter paciência quando os poderes da República e seus dirigentes maiores estão na lista de suspeitos de destruidores da nossa Petrobras? 
Paciência tem limite! A da nossa gente se exauriu há muito tempo. Só se fala em desvios do dinheiro público neste país, com repercussões internacionais as mais danosas para a nossa combalida economia. 
O remédio indicado é muito forte, podendo o paciente morrer do tratamento. 
Manifestações populares estão programadas em efeito dominó e a guerra pelas redes sociais é intensa. 
O Congresso Nacional, debilitado pelas denúncias do Ministério Público acatadas pelo ministro relator do Supremo Tribunal Federal (STF), produziu efeito curare, semelhante às caças atingidas por flechas indígenas. 
Há uma imobilização geral em momento de crise nacional. 
O céu está cinzento e a nação está parada, não para ver a banda passar, mas estática esperando pela punição aos possíveis responsáveis por esta prejudicial paralisação. 
Até lá, muita coisa será vista pela TV, infelizmente.

E agora? Por Gabriel Novis Neves


E agora? 
Após a divulgação dos nomes que integram a primeira lista dos políticos envolvidos no megaescândalo de corrupção na nossa Petrobras, foi anunciado que uma segunda está em gestação. 
Essa primeira atingiu “apenas” 10% dos senadores e  uma sacola de deputados federais, todos da base de sustentação política do governo - só do PP são 21. 
Cinco dos nossos maiores partidos políticos contribuíram para essa coleta de abnegados representantes do povo. 
Até o PSDB contribuiu com um senador... 
Para os próximos dias teremos a relação da lista de governadores envolvidos. Os nomes de dois deles vazaram para a imprensa. Como sempre, um é do PT e outro do PMDB. 
Uma ex-governadora teve o privilégio de ser contemplada já na primeira lista, assim como ex-ministros de Estado, dando-nos uma dimensão do trabalho de limpeza da Operação Lava-Jato. 
Depois que o líder das “Caras Pintadas” do Collor, agora senador, foi apanhado pela justiça como integrante da quadrilha que saqueou a então nossa maior empresa, o que esperar com relação ao nosso futuro? 
A corrupção existe desde tempos remotos. Aqui no Brasil foi iniciada por Pero Vaz de Caminha. 
Durante séculos ficou em estado latente, até conseguir, recentemente, a sua institucionalização. 
A diferença entre roubar em outros países e roubar no Brasil é simplesmente uma questão de punição.  
Enquanto certas nações prendem suas mais altas autoridades sem nenhuma regalia, temos, para os de “colarinho branco”, o tal “foro privilegiado”. 
Em alguns casos no exterior o castigo é a prisão perpétua, e até a pena de morte. 
Mas, em terras tupiniquins, nossos criminosos são tratados como heróis nacionais. Por alguns dias são recolhidos em presídios em celas especiais, depois acontece uma progressão rápida da pena para a prisão domiciliar e, finalmente, ganham a liberdade plena, comemorada com uma polpuda aposentadoria e, às vezes, até com indenizações generosas. 
Somos mesmo um país diferente: do carnaval, do futebol e do roubo do patrimônio público. 
Como ser otimista em relação ao nosso futuro se as classes dominantes não têm o mínimo interesse em mudar esse “status quo”? 
O desencanto e a certeza de dias piores tomou conta da nação. Teremos meses de blá-blá-blá, e tudo acabará como sempre em uma enorme pizza do Planalto. 
Aproveitando a fraqueza da nossa economia e a incrível desvalorização da nossa moeda, investidores estrangeiros para cá virão comprar o que sobrou do governo populista bolivariano.