Mostre-me um exemplo TRIBUNA DE URUGUAIANA: 2014

31 de dez. de 2014

O amor na velhice, por Gabriel Novis Neves


Apesar de pouco alardeado, o amor entre pessoas idosas é mais um dos inúmeros preconceitos que envergonham a humanidade.

Sob a perspectiva de uma capa protetora, geralmente mal identificada, amigos próximos cerram fileiras contra qualquer possibilidade de novos encontros afetivos de um idoso.

E ele, já alquebrado pelas perdas naturais que a vida foi lhe trazendo, mostra-se incapaz para buscar novos caminhos que possam aplacar a sua enorme solidão.

Afinal, onde está escrito que amar, ainda que no outono da vida, trás menores satisfações de alegria, saúde e prazer, do que na mocidade?

Muito pelo contrário. Estudos recentes mostram que o desejo acompanha o indivíduo até os dias finais de sua vida.

Talvez por vergonha ou pudor muitos idosos abdiquem desse final prazeroso, e não porque seus amigos passam a reagir histérica e irracionalmente contra as suas pretensões amorosas.

A mesquinharia e a agressividade com o idoso, aumentam os estados depressivos comuns nessa faixa etária.

A natural alegria de ver alguém próximo feliz é substituída pelo rancor e inveja de pessoas que geralmente lidam mal com as suas frustrações amorosas, incapazes de exorcizar as suas próprias inseguranças.

O velho, como nada de muito forte tem a perder, costuma se jogar intensamente nessas relações afetivas tardias, como tábuas de salvação atiradas a um náufrago.

Penso estar aí a razão da imensa inveja dos jovens, na maioria tão centrados em si mesmos e, portanto, incapazes de vivenciar a plenitude do verdadeiro amor.

O genial Shakespeare definiu muito bem em algumas de suas peças esse desprezo oculto pelo idoso, tornando-o um objeto descartável de consumo, apenas valorizado pelos bens adquiridos durante a vida e que justifiquem a sua presença como futuro doador.

Realmente, não é fácil amar e, principalmente, entender que esse sentimento não pode e não deve se confundir com posse.

Entendo que a única forma de amar é querer ver o outro feliz. Toda e qualquer outra forma de amor é apenas dominação e poder e, assim sendo, inválida.

Alguns poucos privilegiados e corajosos, apesar de todas essas cargas sociais, conseguem viver os seus últimos anos de vida impactados por um amor renovado.

Sim, porque o amor é sempre o mesmo, apenas se apresenta de diferentes formas e, portanto, tão belo ou mais que os anteriores.

Esses poucos valentes enfrentem os preconceitos sociais que muitas vezes insistem em rotulá-los de dementes ou esclerosados.

Recebem como prêmio o brilho do olhar, única beleza que nenhuma plástica consegue jamais trazer nessa faixa etária.

Numa sociedade saudável, o nosso grande prazer deveria ser a visão de pais, avós e, até mesmo, bisavós, cumprindo as suas viagens aqui na Terra de uma maneira lúdica e leve, desde que as disposições físicas assim o permitam.

Nunca massacrados por preconceitos imbecis, despidos de qualquer razão.

Talvez nos falte um pouco mais de ciência e de sabedoria para lidar com a alegria e abandonar definitivamente a culpa judaico-cristã que tem massacrado a humanidade por tantos anos.

Amor é, fundamentalmente, respeito ao outro.

“Posse e dominação” configuram apenas “mesquinharia” e “desamor”.

“Viva e deixe viver" - esse deveria ser o lema de todas as pessoas bem intencionadas.

Gatão de Meia Idade - saia justa

30 de dez. de 2014

Um lugar, por Gabriel Novis Neves

Diante do quadro de violência que tomou conta do nosso país, idealizamos sempre encontrar um lugar onde possamos viver com tranquilidade e paz. 
O número de vítimas fatais ocorridas pela violência urbana é equivalente, ou maior, do que o de muitos países em guerra. 
Impressionante as estatísticas de morte por arma de fogo.  Tornamo-nos prisioneiros desse terrorismo. 
Há pouco tempo, uma morte violenta em nossa cidade era comentada durante meses. Este ano, só na Grande Cuiabá, já tivemos quase quinhentos óbitos decorrentes da violência urbana. 
A maioria das desgraças acontece com jovens envolvidos com o tráfigo e com o consumo das drogas ilícitas produzidas em quantidades industriais pelos nossos vizinhos. 
São mortes inúteis, de inocentes. Mas, condizentes com o descaso de um país que não protege as suas fronteiras internacionais. 
Adultos embrutecidos não percebem a gravidade da situação por absoluta falta de sensibilidade e educação social. 
O mundo está violento. O Brasil faz parte da lista dos países mais violentos do planeta. Ocupa um triste lugar entre os vinte e cinco países que possuem a maior taxa de homicídios por ano. 
O povo está cansado, muito cansado e alarmado.  Não à toa que nossa imaginação insiste em voar para longe, para um lugar onde possamos viver em harmonia e sem sobressaltos.  
Viver de sonhos. Parece que nossa vida se tornou uma eterna utopia. Fazemos de conta que não pertencemos a esse mundo da violência e da desigualdade. 
Mas, na vida real, a sensação é de que navegamos sem rumo, onde nenhum vento nos é favorável. 
Há vontade até de se fazer um pacto com a solidão, na vã tentativa de se proteger da violência. 
“Nenhum tempo e nenhum lugar nos agrada como o tempo que não existe, e o lugar em que não estamos”. Marquês de Maricá. 

29 de dez. de 2014

Gatão de Meia Idade - saia justa

Miguel Paiva está fazendo um site e digitalizando seu acervo. 
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#2014thebest

Tribuneiros
Aqui os melhores melhores de 2014 selecionados para o  @no_rumo do Sem Fim
A lista vai ficar nessa postagem e também no alto a direita do painel do blog. Ela se atualiza automaticamente. Divirta-se!

Em 2015 é força e fé!

ArpoadorÉ o desejo para o ano que começa no Sem Fim...
@delcueto e você,  sempre @no_rumo

Compreender, por Gabriel Novis Neves

Certa ocasião, o cartunista Ziraldo disse que para entender um idoso, só outro idoso. 
Em razão disto, chamou dois outros idosos, os jornalistas e escritores Zuenir Ventura e Luis Fernando Veríssimo para juntos escreverem uma peça de teatro mostrando o lado divertido da idade avançada. 
 “Somos três velhinhos interessantes, que estão escrevendo um musical sobre a velhice”, disse Veríssimo. 
Creio que eles estão se despedindo da velhice, pois a próxima etapa poderá ser - na pior das hipóteses - a senilidade, preocupante pela proximidade com a finitude. 
Lembrei-me do poeta amazonense Thiago de Melo, que lamenta ter crescido. Não se conforma em seguir o ciclo vital e ter se tornado um adulto. 
Em um dos seus poemas exaltou a sinceridade da criança, que sempre confia em outra criança. 
Ela ainda desconhece a praga social da hipocrisia. Na sua pureza, se gostar de alguma coisa fala e, se não gostar, fala também. 
Quando uma criança diz, ao se despedir de outra, que querem se encontrar no outro dia, pode ter certeza que este encontro acontecerá. 
No mundo adulto esse desejo quando manifestado em simples despedidas de um encontro casual, falamos o conhecido chavão - “amanhã nos falamos”. 
Quem promete e quem ouve, sabe que isso não é para valer, e temos dito. 
Se adultos não compreendem que leis foram feitas para serem cumpridas, o que esperar de compromissos menores? 
Até há pouco tempo uma lei proibia os nossos governantes de gastarem mais recursos que os arrecadados com impostos e taxas. 
Bastou uma eleição acirrada para que o governo estourasse com as nossas reservas do Tesouro Nacional. 
A solução para a infração cometida jamais seria aceita por crianças. 
Os adultos então fizeram uma negociata e, para “não quebrar o Brasil”, outra lei foi aprovada às pressas pelo Congresso Nacional. 
Só entende político, outro político! 
Esta é a realidade em um país onde há leis que pegam e outras não. 
A Lei da Responsabilidade Fiscal perdeu o seu prazo de validade, para satisfação dos poderosos. 
E o pagador de impostos desistiu de ter voz, pois não é compreendido pelos responsáveis por esta nação. 

28 de dez. de 2014

Estrutura Metal, ensaio fotográfico de Valéria del Cueto

Rio 140716 013 Estrutura ferro desmontada vertical
Grandes eventos demandam a montagem de palcos, estruturas e tendas.
Em Copacabana, Rio de Janeiro Brasil, os espaços públicos constantemente são ocupados por peças dessas gigantescas infra-estruturas. As festas do Réveillon, grandes shows e outros evento movimentam o dia a dia dos moradores”.
Este é o caso dessas imagens, feitas em frente a um dos grandes hotéis da orla. , ensaio de Valéria del Cueto, de 16 de setembro de 2014, no FLICKR.
Mais de "Estrutura Metal" AQUI para delcueto.wordpress.com
@delcueto para @no_rumo

Gatão de Meia idade - Expressões


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Apatia, por Gabriel Novis Neves


Apatia 
Estado patológico, a apatia, geralmente, é o grande precursor das profundas depressões. 
O povo brasileiro, diante das denúncias de corrupções praticadas por alguns dos nossos governantes e agentes públicos, encontra-se desencantado, descrente e impotente. 
Todos esses estados da alma levam à apatia. O povo brasileiro está apático, pois há anos está vivenciando esta situação. 
O mais desalentador é que, apesar de todas as denúncias oferecidas pelo Ministério Público, as possibilidades de uma punição a contento ainda são bastante tênues. 
O governo insiste em blindar seus altos executivos e políticos da base aliada – como o que está acontecendo com a presidente da Petrobras. 
As mídias, todas, sinalizam que a ruptura deste modelo corrupto de governar, ainda vai continuar sendo, por um bom período, um pesadelo para a população. 
A credibilidade nos poderes estabelecidos há muito desapareceu, e nos sentimos todos numa nau à deriva. 
Já não confiamos em nada nem em ninguém, numa situação de extrema insegurança. 
Nem a figura alegre do Papai Noel, símbolo das nossas fantasias infantis, consegue levantar o astral diante de tantos medos e incertezas que nos esperam em 2015. 
Os brilhantes técnicos financeiros nos atiram em economês, presságios os mais assustadores. 
O povo, coagido pelas incertezas, limita-se a tomar conhecimento dos escândalos de corrupção com um balançar negativo da cabeça, não querendo acreditar no que é dito. 
Diante dessa enorme rede de corrupção montada pelo governo, só resta ao povo a indignação e a revolta, ou a apatia. 
Ao que parece, a população perdeu a energia para se indignar e o desânimo para se revoltar. 
Só restando a apatia. É, o povo está doente! 

27 de dez. de 2014

Temporal causa prejuízos em Uruguaiana.



Neste sábado, dia 27/12, desde o início da madrugada, após um intenso temporal que teve ventos de 90km horários e chuva de 150 milímetros em menos de 2 horas, o prefeito Luiz Augusto Schneider, acompanhou equipes da Prefeitura Municipal de Uruguaiana, do Corpo de Bombeiros e da Defesa Civil em auxílio aos desabrigados. Muitas árvores caíram, faltou energia elétrica em vários pontos da cidade e inúmeras casas, garagens e lojas comerciais ficaram totalmente alagadas. Na manhã deste sábado, o prefeito Luiz Augusto Schneider esteve no Morro do Piolho, Cidade Nova, Vila Júlia, Cabo Luiz Quevedo, Nova Esperança, e nas imediações das escolas CNEC e Elisa Ferrari Valls. No final da tarde, muitas residências ainda estavam sem energia elétrica. Auxílio e informações pelos telefones 3414-0000 ou 9622-9765. (Fotos: Ivete de Carvalho – Assessoria de Imprensa – Prefeitura Municipal de Uruguaiana).

Gatão de Meia Idade - Expressões



Temporal em Uruguaiana - Fotos.







Fotos do Temporal em Uruguaiana - 27/12/2014.








Fotos do Temporal em Uruguaiana.








Antagonismo, por Gabriel Novis Neves

Charles de Gaulle dizia que “em política ou se trai o país ou o eleitorado”. 
Perplexa com os últimos acontecimentos envolvendo a Petrobras, a população trabalhadora brasileira chegou à conclusão que o exercício do poder é incompatível com a ética e a moral. 
Triste, mas, infelizmente esse é o sentimento geral após a divulgação das primeiras confissões dos envolvidos no assalto à estatal e beneficiados com a delação premiada. 
A promiscuidade entre agentes públicos e empresários se estende a todos os contratos de obras existentes no Brasil. 
A propina está institucionalizada e sua viabilidade é trabalho sofisticado de profissionais qualificados na arte de roubar, afirma didaticamente o Ministério Público através de gráficos. 
O programa de desvio de recursos públicos, até a entrega aos favorecidos das suas cotas, era executado nos seus mínimos detalhes por especialista nessa tarefa. 
O marginal responsável pela chegada do mimo às mãos dos felizardos espalhados por este país, inclusive no exterior, era chamado como passageiro do “voo da alegria” pelos insaciáveis “sortudos” sugadores do erário público. 
Pela delação premiada ficamos sabendo das mais variadas estratégias montadas pelos receptadores do dinheiro ilícito. 
Méritos para o entregador da encomenda, pela sua discrição, profissionalismo. Nunca foi barrado em nenhum aeroporto nacional ou internacional com toda aquela muamba. 
Só foi possível apanhar esse personagem com a delação dos seus chefes. 
Com a certeza que temos agora das ramificações do esquema criminoso contaminando todas as obras públicas desta nação, e do desinteresse do governo em exterminar com a impunidade, fica claro que política só se faz sem ética e moral. 

26 de dez. de 2014

Gatão de Meia Idade - Expressões



Mentira, por Gabriel Novis Neves

Com a expansão da delação premiada a mentira voltou a ser o assunto do dia. Seu “Santo Padroeiro” aqui no Brasil prega o “eu não sabia”. 
Aposentou, inclusive, uma antiga expressão de grande prestígio na época da “Inquisição”, que era “jurar de pés juntos que não fui eu”. 
O ser humano mente inúmeras vezes por dia, afirmam os estudiosos em neurologia. 
Muitas mentiras não contêm maldade ou intenção de enganar. 
Citarei apenas uma: a do médico que mente ao seu paciente quanto ao diagnóstico e prognóstico de certas patologias incuráveis pela medicina científica. 
Esta é chamada de mentira humanitária. A mentira médica tentando amenizar as dores do paciente é mais frequente entre os latinos que saxônicos. 
Sou contra a mentira que nunca ajuda e, no caso citado, considero uma traição ao nosso fragilizado semelhante que sabe da gravidade do seu caso e percebe que o doutor está mentindo no seu otimismo para protegê-lo. 
Mentiras inocentes são empregadas para evitar possíveis constrangimentos. 
Mas, há as covardes, criminosas e tantas outras inventadas por esse “bicho” tão difícil de ser compreendido que é o ser humano. 
A situação fica grave quando o mentiroso passa a acreditar nas suas próprias mentiras. 
Entre a mentira e a ficção vivem crianças, adultos e certos profissionais como artistas, escritores e historiadores. 
Entre os mentirosos sinceros estão os sonhadores e utópicos. Na prática suas mentiras não funcionam. 
As pessoas mentem tanto, que a verdade parece um fenômeno exótico, arcaico, ultrapassado. É quase um defeito no mundo atual. 
Nas Operações da Polícia Federal que varrem o território nacional, o objetivo maior dos transgressores das leis é de enganar o povo. 
No momento o “eu não sabia de nada” está vencendo a verdade para o mal desta nação saqueada e dilapidada na sua honra por políticos, agentes públicos e corruptores do capital. 
Até quando a mentira será a moeda deste país? 
A sociedade civil continua como “o cego que não quer ver”. 

25 de dez. de 2014

Gatão de Meia idade - Expressões




Gatão de Meia idade - expressões

Dezembrol, por Gabriel Novis Neves


Dezembro 
Assim como as pessoas, os meses também apresentam suas peculiaridades. 
Dezembro é o mês das festas de confraternização onde, quase sempre, reina a hipocrisia. Nunca se finge tanto como nos últimos dias do ano. 
São votos de felicidades pra cá, abraços de alegria pra lá, troca de presentes sempre elogiados com sorrisos forçados. 
Beijinhos de Judas, abraços de tamanduá e palavras sem compromissos com a realidade reforçam o falso cenário de solidariedade com decoração tradicional. 
A festa do amigo oculto e o décimo terceiro salário são instrumentos para alegrar o consumismo induzido pela mídia. 
Cuiabá tem onze mil pessoas com renda mensal inferior a setenta reais - considerado pelo governo federal como de extrema pobreza. Não contando vinte e cinco mil e quinhentas vivendo com recursos do Programa Bolsa Família e outras tantas já cadastradas e na fila de espera para receberem o benefício. 
No mês em que os cristãos comemoram o nascimento de seu Cristo Jesus, a ajuda mútua entre pessoas inexiste. 
Para alguns, dezembro é mês de alegria e comemorações. 
Para mim, período de tristeza por observar tanta futilidade com aspecto de deslealdade. 
Devemos ser iguais sempre, e não apenas artificialmente caridosos no mês-rei do consumismo. 
A melancolia me maltrata neste período do ano, pois fica exposta a desigualdade entre as diversas camadas da nossa sociedade. 
A reflexão necessária nesses dias ficou profanada pelo consumismo das promoções do comércio, com fundo musical das músicas natalinas. 
O roliço profissional Papai Noel de barbas brancas, roupas e gorros vermelhos, carregando sacos de presentes, completam a alegria dos empresários e a ilusão das crianças. 
Dezembro deveria ser um mês sagrado, e não apenas de idolatria ao consumismo inconsequente e profano. 
Os vendilhões da felicidade um dia foram expulsos do templo por Cristo. 
Nesse dezembro o que me encantaria mesmo seria vislumbrar dias com menos mentiras e mais realizações, coisas das quais o nosso país anda tão ressentido. 
“... ponde no coração do homem a compaixão e a caridade!” – assim rogava Cáritas. 
Que o Papai Noel não traga presentes, mas traga ESPERANÇA. 

24 de dez. de 2014

Futilidade, por Gabriel Novis Neves


Futilidade 
Segundo Houaiss, futilidade significa superficialidade, insignificância. Mas, o que seria do mundo sem esse substantivo feminino? 
Leio em uma revista na sua página nobre, uma entrevista que é uma verdadeira homenagem a pessoas que possuem esta qualidade. 
Tudo relatado pela papisa do Botox no Brasil. O texto é tão grotesco que logo associei à matéria paga. Ao iniciar a leitura o meu desejo foi de virar as páginas amarelas. 
Lembrei-me do folclórico “Guaporé”, personagem da nossa infância. Ele era famoso entre a gurizada. A história era contada por uma ilustre educadora cuiabana. 
Por isso “aguentei” ler toda a matéria, mas somente depois de ter liberado muita adrenalina, produzida pela agressão sofrida pelas minhas suprarrenais, e pude assim aferir o grau de insignificância da reportagem. 
Entre os predicados da entrevistada está o orgulho de não revelar a sua idade, peso, altura, e confessa que não se deixa ver sem maquiagem, nem pelo marido. 
Desde os treze anos de idade ela só usa sapatos de salto alto. Que belo currículo, hem? 
Conta “causos” de consultório, onde sempre se faz aparecer como heroína. Nunca errou na sua profissão. 
Ela Justifica as críticas que recebe como correção em tratamentos mal sucedidos realizados por outros colegas. 
Recebe “bombas” de todo o país para “dar um jeito” e, muitas vezes, é impossível restaurar o erro cometido por outros. 
Considera-se o centro do universo e cita nomes de clientes famosos para impressionar o leigo e dar uma pista dos seus honorários com a sua arte de enfiar Botox em corpos humanos com bom cartão de crédito. 
Nesse show de futilidade só faltou dizer que ela corrige os erros cometidos por Deus ao fazer o homem e a mulher. 
Na verdade esse espaço em revista de grande circulação mostra a tentativa de universalizar a beleza, tornando o seu mercado bastante atrativo agregando inúmeros interesses comerciais. 
Infelizmente, explorar a vaidade de incautos foi sempre um negócio muito rendoso. 
Mais uma vez cabe aos pais e ao sistema educacional darem à sociedade o substrato para a formação de pessoas seguras e com discernimento, afim de que não se deixem influenciar pela crueldade das diversas mídias, logicamente alimentadas por interesses financeiros. 
Verdadeiros monstros deformados por essa ânsia desenfreada da juventude perdida vão povoar as várias gerações que nos sucederão. Aliás, já estamos começando a ver isso no nosso diário. 
A busca do ego condescendente é a única saída para o inevitável desgaste das nossas carcaças. 
O mais importante mesmo é cuidar da parte emocional e não somente da estética, compromisso maior de qualquer profissional de saúde. 
Quem sabe um dia novos rostos serão criados em impressoras 3D, quando a autoestima de alguém estiver ligada apenas a razões tão fúteis. 

23 de dez. de 2014

Gatão de Meia idade - Express!oes




Dia Histórico, por Gabriel Novis Neves


Finalmente, depois de uma sucessão de conflitos, guerras, matanças e ódios, um ótimo dia histórico para a humanidade nesse tumultuado século XXI. 
O presidente dos Estados Unidos, Obama, em meio a uma forte crise de desaprovação ao seu governo, proferiu um de seus mais belos discursos em prol da suspensão dos embargos econômicos e humanitários à bela ilha cubana do Caribe. 
Horizontes de prosperidade são abertos para Cuba, que há cinquenta e quatro anos sobrevive a um dos maiores cerceamentos econômicos já vistos. 
De parte do presidente cubano, Raúl Castro, houve uma proposta de atualização do sistema de desenvolvimento socialista da Ilha. 
Todas essas negociações entre os dois países ocorreram, fundamentalmente, graças à intervenção do Papa Francisco e do governo do Canadá. 
Realmente, mais que merecido o Premio Nobel da Paz para o Sumo Pontífice em 2015, que desde março próximo passado mantinha negociações sigilosas com as duas nações. 
Entre as medidas anunciadas estão a permissão de viagens entre os dois países, estabelecimento de embaixadas e término dos embargos econômicos. 
Nada mais promissor para ambos os povos, isso sem falar no afastamento de famílias inteiras que, em busca do sonho americano, formaram seus vínculos, deixando para trás seus entes queridos e suas raízes. 
Parabéns aos dois mandatários! Um, da maior potência do planeta, e o outro, de uma pequena ilha perto de Miami, cujo povo foi condenado ao segregamento e à dificuldade de sobrevivência por tantos anos. 
Graças à capacidade de leniência desse alegre povo caribenho, ele se manteve, apesar de todas as dificuldades e privações, num bom nível de saúde e de educação. 
Parabéns, não somente aos cubanos, mas a toda a humanidade nesse dia histórico! 
Coincidência ou não, o novo acordo entre os povos foi proclamado no dia do aniversário dos 78 anos do nobre Papa Francisco. 

22 de dez. de 2014

Gatão de Meia Idade - expressões


Último mês, por Gabriel Novis Neves

Dezembro. O mês das festas natalinas.  Mês em que comemoramos o nascimento de Jesus, o Cristo do Planeta Terra. 
Mês de esperanças renovadas e de paz; de entendimento e de harmonia. 
Mês das festas de confraternizações. Mês da fraternidade. Mês em que todos se irmanam para socorrer aos mais pobres. 
Mês que tem o dia 25 como sua data maior. É Natal, palavra que significa “nascimento”. 
No entanto, infelizmente, o que vemos é a exuberância, não do sentimento religioso que as datas sagradas deveriam despertar em nós, mas sim, dos embrulhos e sacolas recheados de presentes. 
Ser lembrado em dias especiais da nossa existência com o afago de alguma lembrança faz bem ao nosso ego. 
No Natal, entretanto, observamos a vitória retumbante do consumismo, cobrado e aceito pela maioria da nossa população. 
Não somos contrários a um pequeno mimo às pessoas queridas para marcarmos nosso carinho e amizade em datas importantes. 
O difícil é concordar com essa verdadeira euforia de materialização do período do ano que deveria ser de reflexão e humildade. 
Neste instante ficam mais evidentes as desigualdades e injustiças sociais. 
Pouco ou nada para muitos e tudo para poucos. E pensar que o Cristo nasceu em uma manjedoura para nos ensinar a abnegação e a simplicidade. 
Há quem diga que a fé se perdeu nas engrenagens da civilização e que a ciência na terra apagou a luz espiritual. 
As pessoas mais informadas e estruturadas relatam enorme desconforto emocional com essas manifestações pagãs. 
E a mídia comenta que o movimento no comércio está sendo superior ao do ano que se findou, mesmo diante da crise econômica internacional e com perversos reflexos em nosso país. 
Com pesar, mais uma vez constato que dezembro se transformou no mês das compras e dos presentes. 
São poucos os que ainda relembram o cântico de esperança de Jesus: “Glória a Deus nas Alturas e paz na Terra aos homens de boa vontade!”. 

Gatão de Meia idade - as profissões de Sandrão

21 de dez. de 2014

Se alguém dissesse..., de Valéria del Cueto

Nações vizinhas e beligerantes fariam um acordo depois de verem  cumpridas exigências que se julgavam impossíveis serem atendidas para a reaproximação
Lapa 14111901 004 graffiti árvore lixoTexto e foto de Valéria del Cueto
Era uma vez na mais profunda selva selvagem, na América Central, onde repousam os restos imortais da civilização Maia.  Foi descoberto no século XIX, um muro de previsões baseadas nos espetaculares calendários da lendária civilização para o ano correspondente a 2014. A descoberta foi logo descartada por suas “imprecisões”....
Em busca de explicações para o que estava vendo e precisava transmitir para a cronista ensandecida (ainda guardada do outro lado do túnel), Pluct, plact, o alienígena, as resgatou no banco de informações do Universo. Diziam as previsões:
*Valéria del Cueto é jornalista, fotógrafa e gestora de carnaval. Essa crônica faz parte da série “Fábulas fabulosas”, do SEM   FIM... delcueto.wordpress.com

ILUSTRADO TER A A S BADO     NOVEMBRO  2009