Mostre-me um exemplo TRIBUNA DE URUGUAIANA: outubro 2015

30 de out. de 2015

Placar de futebol, por Gabriel Novis Neves


Placar de futebol 
O julgamento das contas da Presidente da República pelo Tribunal de Contas da União (TCU) teve como resultado um placar pior que o do jogo do Brasil contra a Alemanha na última Copa do Mundo - 8X0.  
Todos os ministros votaram com o relator, poupando o Presidente da Corte de se abster e evitar os 9X0. 
Aliás, nesse mesmo dia, mais duas derrotas sofreu o Palácio do Planalto - uma do Supremo Tribunal Federal (STF), que indeferiu o pedido da Presidente da República de trocar o relator da matéria em julgamento já na prorrogação, e outra, ao não conseguir número de deputados federais em plenário para manter os vetos do executivo com relação ao aumento do judiciário e benefícios aos aposentados, o tal fator previdenciário. 
Parece que na prática não deu certo a terceirização do governo para o PMDB, nem a reforma ministerial do toma lá dá cá. 
O tiro saiu pela culatra, aumentando o número de descontentes na base de sustentação do governo.  
Atravessamos crises políticas de grande intensidade, cujos reflexos são sentidos no nosso dia a dia. 
Serviços essenciais, como saúde, quase totalmente sucateados, greves pipocando em todos os setores das nossas atividades, desemprego e alta do custo de vida com a volta da inflação. Violência em níveis de países em guerra e nossa credibilidade bastante chamuscada pelos desmandos administrativos – essas, a tônica do momento. 
A Procuradoria Geral da República (PGR) e a Polícia Federal trabalham vinte e quatro horas por dia, deixando o juiz Sérgio Moro e sua equipe em regime permanente de plantão. 
Se o tumor da corrupção está em Curitiba, suas metástases tomaram conta de todo o território nacional. 
Faltam cadeias para abrigar tantas autoridades, tornando-se prioridade a construção de novos Centros de Ressocialização. 
Existe uma guerra entre o pessoal das comunidades e periferias - esperançosas com os parcos benefícios adquiridos - com a turma do asfalto - insatisfeita com a paralisia financeira que assola o país.  
Em discurso recente, o ex-presidente da República justifica as pedaladas fiscais pré-eleitorais como benéficas à manutenção dos benefícios sociais do governo. Como se os meios justificassem os fins em qualquer tipo de circunstância. 
Motivo: a ausência de políticas públicas favorecendo os menos privilegiados. Foram vinte e seis milhões em pedaladas fiscais, apenas em 2014. 
Não podemos suportar um governo que não respeita as leis do país, jogando-o na desgovernança. 
Quando isso acontece em futebol, muda-se o técnico, e, na política, o que se faz? 
Essa é a indagação indignada do povo brasileiro!

29 de out. de 2015

Cesarianas, por Gabriel Novis Neves


Cesarianas 
Constato, com pesar, o abusivo e indiscriminado uso de cirurgias cesarianas. 
O Brasil é um dos países recordistas nesse procedimento que determina mês, dia e o horário de nascimento de nossas crianças. 
A cirurgia obstétrica foi uma das grandes conquistas da medicina moderna - quando usada com critérios preestabelecidos através de protocolos internacionais. 
Não obedecidas as normas   protetoras da saúde do binômio mãe-feto, transforma-se em notícias das páginas policiais. 
A mulher, que a princípio foi programada pela mãe natureza para o parto natural, aos poucos viu esse privilégio ser colocado como excepcionalidade na reprodução humana. 
A extração cirúrgica do feto, mesmo antes da data provável do parto, salvou da morte, milhares de mulheres e de recém-natos. 
Para esse aumento incontrolável da taxa de partos cirúrgicos, múltiplos fatores foram determinantes. 
A judicialização da medicina e a remuneração não condizente ao período de trabalho de parto, cuja duração varia de 10 a 12 horas, além da implantação, com sucesso, da ideologia da eficiência tecnológica pelas mídias, foram, com certeza, fatores preponderantes. 
Acrescente-se a isso, o despreparo de muitas das nossas escolas médicas na formação de obstetras, além da desumanização que tem sofrido a medicina nas últimas décadas. 
Em algumas clínicas particulares o parto natural só acontece se a gestante for internada em período expulsivo. 
Nas maternidades públicas a taxa de partos cesáreos é, pelo menos, o dobro da recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS). 
O nosso sistema educacional tradicional básico é um grande incentivador do “parto sem dor”, tido e sabido, erroneamente, como sendo a cesariana. 
Por essas razões, pesquisas entre gestantes demonstram uma maior preferência pelo parto cesáreo, isso sem falar na possibilidade de uma laqueadura das trompas durante a cirurgia, e que acaba se tornando o sonho anticoncepcional de muitas mulheres. 
Para inverter esse quadro equivocado seriam necessárias, não apenas campanhas sazonais, mas,   principalmente, uma abordagem já nos ensinos fundamental e médio - complementadas pela educação caseira. 
Nossos governantes precisam também ter uma visão social para este problema que vem se tornando um flagelo de saúde pública no nosso país. 

27 de out. de 2015

Sequelados digitais, por Gabriel Novis Neves

Sequelados digitais 
A medicina já começa a se preocupar com a nova doença do século XXI - os sequelados da era digital. 
Tudo muito relacionado à imensa solidão que dimensiona o número de amigos pela maior ou menor quantidade de pessoas conectadas virtualmente. 
São pessoas que, para se sentirem permanentemente conectadas, começam a usar de dois a três celulares. Quando, por alguma razão, a conexão não pode ser estabelecida, passam a desenvolver sintomas de abstinência, tais com sudorese e taquicardia. 
Isso já tem sido observado com relativa frequência nos ambulatórios clínicos. 
A tecnologia moderna, apesar de sua absoluta relevância, tem desencadeado inúmeros casos de dependência, exatamente como as drogas ilegais, já que a linha entre o usuário digital compulsivo e o viciado em drogas é muito tênue. 
Crescem também os problemas ortopédicos, em função das quedas daqueles que não abandonam a verificação de suas mensagens nem durante a deambulação.  
Dia desses, numa de minhas viagens ao Rio, durante a encenação de uma excelente peça teatral, cujo conteúdo demandava uma grande atenção da plateia, um senhor ao meu lado conferia neuroticamente as mensagens recebidas, numa total demonstração de compulsividade. 
Fiquei a pensar sobre a gravidade desse fato que se repete em todos os ambientes. 
Isso para os jovens é devastador, já que as nossas mais profundas experiências e emoções estão ligadas ao tato, ao olfato, à audição e à visão. 
São os nossos bilhões de neurônios sensoriais privados de suas verdadeiras funções em virtude de uma enorme perda de tempo em busca de emoções virtuais, na maioria das vezes frustrantes. 
Estamos todos nos tornando cegos em relação às nossas próprias percepções e, portanto, mais suscetíveis a uma visão de mundo vendida pela obnubilação da coletividade.

26 de out. de 2015

Tudo isso e muito mais, por Valéria del Cueto


Belém 150916 139 Ver o Peso vegetal Banca Dona Coló aberta São JorgeTudo isso e muito mais

Texto e fotos sobre Belém, de Valéria del Cueto
Estive na Estação das Docas (de novo!), em Belém do Pará, para assistir ao lançamento, em setembro, do III Prêmio de Jornalismo em Turismo “Comendador Marques do Reis”, no Teatro Maria Sílvia Nunes.
Foi como entrar no túnel do tempo. Ali, há uma década, começava minha paixão pela capital paraense.
Clique no título para ler a crônica
Valéria del Cueto é jornalista, fotógrafa e gestora de carnaval. Crônica da série “No Rumo” do Sem Fim...
E3- ILUSTRADO - SABADO 24-10-2015
Edição Enock Cavalcanti
Diagramação Nei Ferraz Melo

Escrever, por Gabriel Novis Neves


Escrever 

Nos bancos escolares do ensino básico somos obrigados a escrever as tarefas de casa. Na Faculdade de Medicina aprendemos a escrever anamneses, que são a história dos pacientes.  
A queixa principal sempre é o título do artigo. A investigação científica dos sinais e sintomas compõe o conteúdo da matéria, no caso, as informações para o diagnóstico da doença, causa da vinda dos pacientes ao consultório. 
Sempre desconfiei que todo médico, por ofício, é um escritor em potencial. 
Pelos anos de exercício de profissão, esses textos vão sendo aprimorados e cada um desenvolve a sua técnica de passar suas perguntas técnicas ao papel. 
Esses escritos são confidenciais e só por ordem judicial podem ser revelados. 
Publicar anamneses em revistas e jornais, nem pensar! 
Pois bem, alguns psiquiatras especialistas em análise recomendam, para auxiliar na cura da autoestima perdida, a publicação de textos livres escritos pelos seus clientes, uma espécie de catarse dos seus sofrimentos. 
É um remédio amargo expor seus conceitos e opiniões ao domínio público para quem não é profissional em comunicação. 
Como é para recuperar a saúde perdida, com muito esforço alguns “heróis” aceitam essa terapêutica. 
Os primeiros artigos publicados causam um constrangimento pior que a autoestima perdida. 
Adquirido o hábito de escrever e publicar os textos e metabolizar o julgamento dos leitores, o “paciente” torna-se outra pessoa. 
Sente-se útil servindo de ponte entre semelhantes, e o ato de escrever passa a ser uma necessidade. 
Quem escreve modifica a sua própria vida e, às vezes, a de outros. 
Aprendi com a jornalista Valéria del Cueto a colocar no papel, sem nenhuma lógica, tudo que vem à cabeça. 
Nessa fase quanto menos se pensar melhor - diz a minha professora da “Ponta do Leme”. 
A fase seguinte é tentar ordenar aquele lixo em texto final. 
Sempre foi assim, sendo que a única coisa no mundo moderno que mudou foi a velocidade da informação. 
O ato de escrever, porém, produz uma coisa maior na nossa alma, que é a paz.

25 de out. de 2015

Barco à deriva, por Gabriel Novis Neves


Barco à deriva

A situação do Brasil é semelhante à de um barco à deriva no meio de uma forte tempestade e, o pior, sem um timoneiro aparente para conduzi-lo.
A responsável pela navegação não consegue visualizar a gravidade da situação da embarcação com duzentos milhões de atônitos passageiros a bordo. Sua única preocupação é com a própria sobrevivência, coisa inadmissível pelas leis do mar.
Seus auxiliares, ditos de confiança, mesmo vendo o mar bravio, aguardam uma distante, porém, esperada, calmaria. Enquanto isso, o barco está indo a pique.
Triste a situação dos brasileiros que acreditaram em dias melhores, iludidos que foram pelos discursos eleitorais, e, agora, se veem à deriva na embarcação, bem no olho da tempestade, completamente abandonados.
A ausência de uma solução urgente para o gravíssimo problema que vivemos deu origem à desesperança e ao descrédito, que terminaram por impregnar de pessimismo todos nós moradores dessa outrora "ilha da fantasia".
Os detentores do poder veem como saída única para essa terrível crise financeira, moral e ética, impor mais sacrifícios à nossa gente, como novos impostos, aumento dos existentes e ressuscitação de alguns - como o do cheque (CPMF), agora na sua forma moderna de débito e crédito.
Quem sabe isso seria a salvação para cobrir os imensos rombos do governo?
O tão propalado ajuste fiscal não passou de mais um parto da montanha.
Foi tão modificado pela classe política dominante que perdeu seus objetivos. Quase ninguém mais se lembra dele e, muito menos, dele se fala.
A falta de entusiasmo com o governo é evidente, o que atesta o fracasso do plano.
As pedaladas fiscais, condenadas no exercício passado, continuam sendo feitas e, segundo o pensador maior do partido governamental, elas são para o bem dos pobres desta nação.
O que existe de fato neste país é um projeto único para salvar a presidente do processo de impeachment.
O barco está afundando e a timoneira não consegue evitar um possível naufrágio. Não sei como esta nação irá aguentar por mais três anos o sofrimento de uma morte programada.
A economia só tende a piorar, não havendo nenhum sinal de melhoria. A incerteza é generalizada.
É bom lembrar a falta de apoio crescente ao Ministro da Fazenda, chegando ao cúmulo do partido do governo, capitaneado pelo seu proprietário, pedir publicamente a sua saída.
O ideal seria um entendimento político amplo, em que fosse colocado o futuro do Brasil acima de qualquer interesse partidário.
Difícil encontrar estadistas para liderar este processo de salvação nacional!
O que mais se encontra nesses tempos sombrios, lamentavelmente, são os oportunistas sedentos do poder. 

24 de out. de 2015

Deboismo, por Gabriel Novis Neves

Deboismo
Em todo verão, ou com a proximidade dele, surgem nas grandes cidades os modismos e os neologismos, principalmente nas mais modernas, como o Rio de Janeiro. 
Começa, geralmente, nas novelas ou nas periferias e, em poucos meses, toda a cidade está tomada por esses bordões que, em seguida, se espalham por todo o país. 
No momento o “de boa” é o novo bordão, especialmente entre os jovens. 
Dessa forma, já se fala no “deboismo” como antídoto para a grave crise social e econômica que vem atingindo o Brasil. 
Difícil imaginar que diante de tanta preocupação com o futuro possamos ver algumas pessoas “de boa”, a menos que se encontrem sob efeito de drogas ou em total desajuste de suas funções mentais. 
Tudo muito ligado ao modismo digital de postar fotos que transmitam momentos de felicidade explícitos. 
Só serão “seguidos” aqueles que, através de caras, bocas e fotos, conseguirem passar essa sensação de realização e poder totais. Ainda que falsa. 
Pelo andar das coisas, essas “fácies de felicidade”, talvez tenham se estendido às nossas classes dirigentes, numa verdadeira atitude de “deboismo”, enquanto manchetes nacionais e internacionais escancaram o mar de lama  que envolve esses elementos. Muitos deles continuam ocupando posições chave na direção do país. 
Talvez essa alienação generalizada seja mesmo cultivada pelo sistema, uma vez que esses modismos rapidamente são divulgados pelas diversas mídias, contaminando toda uma sociedade. 
Só mesmo uma pequena minoria de cabeças pensantes não consegue atingir esse estado invejável “de boa” num momento tão crítico para as nossas instituições! 
Lamentavelmente!

23 de out. de 2015

gastos, por Gabriel Novis Neves

Gastos 
Enquanto o governo só pensa em criar e recriar novos impostos para cobrir a gastança escandalosa da estrutura do poder, o deputado federal por Rondonópolis, (MT) Adilson Sachetti (PSB), critica veementemente os gastos exagerados dos Poderes e posiciona-se contrário à criação de qualquer novo imposto no país – é o que nos informa a mídia. 
Há necessidade urgente de que sejam criados redutores de estruturas administrativas, os famosos cabides de emprego, antes de, mais uma vez, penalizar o cidadão trabalhador. 
Também é importante estudar a redistribuição de recursos ao Judiciário, ao Tribunal de Contas e ao Legislativo. 
O site que vinculou o protesto do deputado afirma que o judiciário brasileiro é o mais caro do mundo, gastando por ano cerca de cento e vinte bilhões de reais, segundo matéria publicada no Jornal Valor Econômico. 
Aprendi que o exemplo vem de cima, e é o que fez a Presidente da República cortando parte dos seus salários, do Vice e Ministros. 
O mesmo é esperado pelo povo brasileiro com relação aos outros poderes da República. 
A população não suporta mais tanto arrocho sem retorno de serviços, especialmente os essenciais como saúde, educação, segurança, transporte e emprego. 
Aqui, na terra do boi, dezoito frigoríficos foram fechados por falta de matéria prima. Acreditem se quiser. 
O número de empresas de grande porte que estão pedindo recuperação judicial tem se tornado alarmante. 
O reflexo dessa quebradeira é a diminuição da arrecadação, e menos benefícios fiscais para investimentos. 
A denúncia da gastança feita pelo nosso representante no Congresso Nacional é grave, pois o país passa por um momento de grandes dificuldades econômicas e falta de credibilidade – com seus efeitos cascata nos cofres públicos dos poderes estaduais e municipais. 
O toma lá, dá cá parece estar acima dos interesses nacionais. 
Triste terra de Pedro Álvares Cabral!

22 de out. de 2015

Intoxicação social, por Gabriel Novis Neves

Intoxicação social
Sinto que ando meio intoxicado com toda essa encenação social que somos obrigados a fazer durante a vida a fim de que sejamos aceitos como seres normais.
Ela acaba se estendendo para todos os níveis, seja o econômico, o político, o das amizades - nem sempre tão amigas.
Vamos tornando-nos verdadeiros autômatos na arte da convivência, na maioria das vezes frios, cínicos e hipócritas.
Qualquer um de nós tem a percepção exata desse tipo de pessoa que nos cerca nos mais diversos ambientes.
A coisa vai se tornando generalizada até que, num determinado momento, não mais sabemos quem somos nem o que verdadeiramente pensamos.
Daí para a baixa autoestima e a sensação de falta de identidade, é apenas um passo.
Mas, como tudo que não é verdadeiro acaba tendo o seu ponto de saturação, surge o desequilíbrio entre o psíquico e o somático.
Finalmente aprendemos que o nosso corpo dá gritos de alerta antes de adoecer. É a chamada fase funcional da doença
Fazendo parte de todo esse aprendizado mentiroso, a nossa cultura costuma desprezar esses sinais, uma vez que nossos questionamentos comportamentais e dos circunstantes, nunca devem ser levados em conta na fabricação de doenças.
Felizmente, esses conceitos estão sendo revistos, mas ainda me lembro de que na época de estudante a medicina psicossomática era totalmente rechaçada.
No fundo, adoecemos para impedir a nossa loucura, loucura no sentido da dificuldade de vivenciar as nossas ambivalências.
Isso é o que nos diferencia dos bichos que, além de não modificarem a natureza, quando livres, nascem, vivem e morrem.
Quando domesticados, atrelados às nossas leis e distorções sociais, também se tornam, tal como nós, diabéticos, neuróticos, obesos, artríticos, cancerosos.
Imagino que apenas na velhice, quando perdemos a nossa grande utilidade como máquina de gerar lucros, consigamos ter esse insight de quantos anos se perderam durante todo esse teatro de vida e, o que é mais grave, de quantas doenças poderíamos ter nos livrado se não tivéssemos sido obrigados a engolir tantos sapos.
Sim, porque, num determinado momento, eles serão expelidos através da somatização por algum de nossos órgãos de choque.
Quem trabalha em gastroenterologia sabe bem do que estou falando ao tratar de gastrites, colites, úlceras gastrointestinais e, até, de patologias bem mais graves.
Ando preferindo pertencer ao grupo dos chamados egoístas, que apenas dizem e fazem o que querem, mantendo profundo desprezo   pelas condutas condizentes com os códigos sociais preestabelecidos.
Estes, pelo menos, são pessoas bem mais saudáveis, e que pouco ou nada se agridem.

20 de out. de 2015

Anão, por Gabriel Novis Neves


Anão 
Para a maioria da população brasileira passou despercebida a notícia do anão que fez strip-tease em cima de uma mesa de trabalho da Delegacia de Entorpecentes de São Paulo para comemorar o aniversário de uma escrivã. 
No início dos anos noventa tivemos os “Anões do Orçamento” - composto por um grupo de congressistas brasileiros que se envolveram em fraudes com recursos do Orçamento da União, onde apenas seis parlamentares foram cassados, pois eram deputados sem expressão. 
Essa matéria teve grande repercussão na mídia nacional e internacional. 
“A realidade está cada vez mais distante do racional”, interpreta Fernando Gabeira sobre a festa na Delegacia de São Paulo. 
A nossa Presidente, no dia da Independência do Brasil, fez o seguinte pronunciamento amplamente divulgado pelos órgãos de comunicação: “Se errei, isso é possível, mas vamos superar todas as dificuldades”. 
O erro no condicional significa que é possível que Ela tenha errado. Não admite o erro, só uma possibilidade, mesmo olhando para fora do palácio e se ver representada num imenso boneco com nariz de Pinóquio. 
Num momento de crise política-financeira, uma Presidente que foge do encontro com a população, é tão estranha quanto um anão dançando na mesa da delegacia, ou praticando atos não republicanos com o dinheiro do contribuinte. 
No desfile de 7 de setembro ficou isolada por tapumes de aço. Ainda assim, teve a ideia de reduzir os poderes dos militares, logo voltando atrás. 
Eles não estão interessados em salvá-la, muito menos derrubá-la, mesmo tendo ministros sob investigação, tesoureiros e ex-ministros presos. 
A polícia está batendo na porta do Palácio do Planalto pelo Petrolão e verbas de campanha. 
Vivemos numa profunda crise econômica e, diante de tudo isso, a presidente ainda admite que é possível ter havido um erro. 
Realmente não houve erros, e sim, crimes, pois a polícia não se interessa por erros. 
O Brasil necessita, com urgência, encontrar o seu caminho. 
As novas gerações precisam ser poupadas de anos de um retrocesso. 
Não temos comandante em quem confiar para assumir o leme nessa tão falada travessia por mares revoltos.

19 de out. de 2015

Maquiagem, por Gabriel Novis Neves

Maquiagem
Após longa e complicada gestação o governo anunciou a tão esperada reforma ministerial para salvar a nossa economia.
Os cortes foram pouco expressivos se compararmos com os gastos astronômicos feitos nos últimos anos.
Lembra mais uma maquiagem do que medidas de austeridade.
A certeza que ficou para nossa gente foi que houve, de fato, uma enorme barganha política.
Barganha no sentido de conseguirem empurrar goela abaixo do contribuinte mais impostos via aprovação do amestrado Congresso Nacional e exorcizar o pavor do impeachment da presidente pelas pedaladas fiscais, além, de prováveis complicações com a equipe do juiz Sérgio Moro.
Presenciamos um escandaloso toma lá, dá cá, onde qualificações não foram sequer pensadas para preenchimento dos cargos vagos de ministro.
Esse estardalhaço todo em torno do novo ministério teve como único objetivo garantir a permanência no poder do grupo dominante.
Precisamos, na verdade, de um Ministério de Salvação Nacional, e não, de Salvação Pessoal.
Tentar demonstrar que o governo irá fazer economia tirando dez por cento do salário dos ministros, presidente e seu vice, é pura enganação.
O Ministro da Fazenda receitou um corte bem mais acentuado para evitar a criação de novos impostos e a retirada de direitos adquiridos dos aposentados (fator previdenciário).
Controlando a evasão fiscal ficaríamos com o ajuste fiscal dos sonhos, mas o novo Ministro da Saúde tem como prioridade a defesa do renascimento da nova CPMF (imposto sobre os cheques) em cobrança dupla.
Essa troca de ministros não promoverá equilíbrio fiscal, nem melhorará a credibilidade e eficiência na gestão pública. Apenas oito ministérios saíram do organograma do governo, de um total de trinta e nove.
Seus componentes não foram escolhidos por mérito, o que inviabiliza qualquer possibilidade de recuperação da nossa economia.
Houve um arranjo para garantir maioria no Congresso Nacional.
Na República Velha era frequente a formação de ministério de coalizão para enfrentar crises nacionais com a participação da oposição.
Este apresentado é de salvação da pessoa da presidente.
Não perder as esperanças é o que nos resta.
Esperamos que a maquiagem não continue na próxima votação do Congresso. 

18 de out. de 2015

Amor aos porcos, por Gabriel Novis Neves

Amor aos porcos 
Através de uma entrevista com pessoas que criam porcos como animais de estimação, cresceu a minha simpatia por esses bichinhos muito estigmatizados pela sociedade.  
Por exalarem um cheiro forte através de glândulas que possuem em seu corpo, têm a sua imagem ligada à sujeira, embora, ao contrário, sejam extremamente limpos. 
Alimentam-se basicamente de verduras, legumes e grãos. 
Quando em bando, são chamados de vara. Evoluíram dos javalis, domesticados há milhares de anos pelo homem. 
Atualmente o porco é muito usado como companhia por alguns seres humanos mais carentes. 
Sua cabeça de forma triangular e seu focinho cartilaginoso, com seus quarenta e quatro dentes, confere-lhe um ar gracioso que encanta crianças e adultos. 
Tem um período de gestação de cento e doze dias, findos os quais pode parir de seis a doze leitões ou bácoros, e a grande maioria é destinada ao abate, sendo sua carne muito apreciada nos quatro cantos do mundo. 
Livres na natureza os porcos conseguem viver de quinze a vinte anos.
Aprendi, por exemplo, que em contato constante com o ser humano, tornam-se extremamente dóceis e carinhosos, num nível bastante parecido ao dos cães. 
Sua pele reage como a nossa aos raios UV e, após exposição solar prolongada, podem sofrer queimaduras extensas. Com uma visão deficitária, vale-se do olfato apurado, razão pela qual se afeiçoam rapidamente aos seus cuidadores. 
Interessante imaginar que até nas preferências por companhias animais o homem tem mudado tanto, e tão rapidamente.
Impossível pensar numa entrevista como essa há cinquenta anos! 

Carinho e amor não chegam com bússola e podem se direcionar a qualquer ser vivo, seja ele da espécie que for. 
Afinal, somos todos feitos da mesma matéria. 
Realmente, o porquinho “Joãozinho” mostrado na entrevista, além de muito bem tratado, era elegantemente carinhoso com o seu cuidador, mostrando também uma timidez encantadora com os circunstantes. 
Nós sim, cruéis predadores, ainda temos muito que aprender com os nossos irmãos do universo.

17 de out. de 2015

Florestas urbanas, por Valéria del Cueto

Belém 150915 068 Bosque Rodrigues Alves Iara lago amazônia

Florestas urbanas

Texto e fotos sobre Belém, de Valéria del Cueto
Há mais em Belém do que se imagina numa primeira abordagem. A cidade em 2016 comemora  400 anos da sua fundação e foi considerada, na época da áurea do extrativismo da  borracha, de 1890 a 1920, “Paris n’América”. Pensam que é pouco?

Saiba mais em Florestas urbanas

Valéria del Cueto é jornalista, fotógrafa e gestora de carnaval. Crônica da série “No Rumo” do Sem Fim...
E3- ILUSTRADO - SABADO 17-10-2015
Edição Enock Cavalcanti
Diagramação Nei Ferraz Melo

16 de out. de 2015

Andar pra trás, por Gabriel Novis Neves

Andar pra trás
Parece que o governo brasileiro desandou com as suas últimas medidas e intenções para nos aliviar do sufoco financeiro em que vivemos.
Senão vejamos: enviou ao Congresso Nacional um orçamento prevendo um déficit de trinta bilhões de reais, fato inédito na história deste país. Deixou que o Congresso descobrisse as fontes de recursos para sanar essa falta.
Parece que o Ministro da Fazenda está com o seu prazo de validade vencido e já se questiona quando deixará o governo.
Os medicamentos para curar a crise que nos acomete não são aceitos, produzindo um efeito cascata corrosivo nas finanças dos Estados e municípios, atingindo em cheio toda a população.
Perdemos o nosso selo de bons pagadores, o que propicia a fuga de capital estrangeiro e dificuldades enormes de captação de novos. Não somos um país sério.
Já houve grupos políticos que sugeriram como solução o pagamento de uma taxa para o atendimento no SUS.
O núcleo duro do poder - Presidente da República, Ministros do Planejamento, Casa Civil e Fazenda - quer a volta da cobrança do imposto sobre os cheques (CPMF), injusto por atingir linearmente todas as classes sociais.
Para o Congresso Nacional apoiar novos impostos, manter os vetos da Presidente e evitar o seu impeachment, terceirizou o seu governo para o PMDB.
Para limpar a área demitiu por telefone o seu Ministro da Saúde, pessoalmente o da Educação e prepara um remanejamento fisiológico, com extinção de algumas pastas e secretarias com status de ministério para enganar a população da seriedade e comprometimento do governo, enfim, tentando resolver a maior das crises, a da credibilidade.
Desandou por completo a administração pública, uma vez que essas medidas servirão apenas para saciar a fome de poder de grupos políticos.
Até quando este país irá suportar tantos desmandos e demagogia? A situação agrava-se cada vez mais e os sinais de recessão econômica são visíveis a olho nu.
Há um sentimento de frustração generalizado entre nós. O desânimo e falta de expectativa para sair dessa crise não aparecem, por esgotamento dos nossos dirigentes.
O Brasil é grande demais para sucumbir, entretanto, sem liderança, fica difícil uma saída institucional que possa manter o regime democrático por nós conseguido a duras penas. 
Talvez estejamos procurando aquela mola no fundo do poço para revertemos esse quadro sombrio que adoeceu a nossa pátria.
Vamos reaprender a caminhar para frente!

15 de out. de 2015

Erotismo e pornografia, por Gabriel Novis Neves

Erotismo e pornografia
A rica e próspera indústria pornográfica não raro vende os seus produtos como eróticos, o que nem sempre é verdade.
O erotismo está sempre envolto por muita criatividade e delicadeza, enquanto que a pornografia é grosseira e, com frequência, agressiva.
A percepção desse pequeno limiar entre uma e outra é o que distingue as pessoas mais ou menos requintadas na sua sensibilidade.
Plagiando Arnaldo Jabor com as suas considerações entre sexo e amor: A pornografia seria a prosa e o erotismo a poesia. 
“A Casa dos Budas Ditosos” é um livro do falecido escritor João Ubaldo Ribeiro. Foi publicado em 1999 e faz parte da série “Plenos Pecados”. Tem a luxúria como o pecado-tema.
Foi adaptado para o teatro em forma de monólogo - a primeira vez em 2004 e depois em 2015. Encenado pela atriz Fernanda Torres em ambas as apresentações.
O primeiro espetáculo causou muito mais impacto que o segundo, como era de se esperar.
São relatos de uma sessentona que resolve contar suas experiências sexuais vividas durante a revolução sexual dos anos sessenta.
Era muito difícil, após gerações e gerações de repressão, enfrentar aquela nova mulher que tudo queria e que tudo podia.
Na época, a obra foi considerada pornográfica e, após todos esses anos, tornou-se interessante apenas pelo trabalho da atriz, considerado excelente.
Os tempos mudaram, mas, ao que pude constatar através da reação da plateia, é que a repressão continua muito forte.
Risos histéricos e desconfortáveis diante da sexualidade do momento, aberta para todas as suas formas, não me pareceram condizentes com uma sociedade em que as mídias incentivam até o poliamor como forma melhor de relacionamento.
Pessoas que viveram o deslumbramento da ausência da repressão sexual, excessiva até então, experimentaram a total quebra de todos os limites, apelando, inclusive, para o   uso de todos os tipos de drogas do momento.
Muitos não conseguiram reverter esse quadro e se perderam na procura do êxtase perene.
Enfim, a cabeça das pessoas continua reprimida quando o assunto é sexo, ainda sem conseguir distinguir bem o sexo exuberante, praticado sem culpa, da pornografia agressiva, como se diabólica fosse.
Que o João Ubaldo em 1999 tenha sido tumultuado pelo tema, dá para entender, mas, passados quase vinte anos, em que todos os conceitos estabelecidos foram tragados pela modernidade, inclusive, com o aparecimento do amor na era da tecnologia, causa-me espanto essa reação histérica da plateia, mais do que a peça em si. 

14 de out. de 2015

Aniversário da barata voadora, por Gabriel Novis Neves

Aniversário da barata voadora 
Se viva estivesse estaria completando no dia 31 de julho cinquenta e um anos.
Infelizmente partiu deste Planeta muito precocemente, sem ao menos saber do papel que o seu sacrifício desempenhou na minha vida. 
Vítima de politraumatismo ao se chocar violentamente contra o guarda roupa do meu dormitório, não resistiu ao sofrimento.
Foi ela a responsável pela minha permanência definitiva na cidade natal – Cuiabá. 
Aqui nasceram meus três filhos e seis netos. Aqui também descansa minha mulher, há nove anos, no Cemitério da Piedade. 
As oportunidades e desafios que me foram ofertadas, e jamais rejeitadas, por questão até de sobrevivência, tentei da melhor maneira possível aproveitá-las, trabalhando em benefício da sociedade. 
O sacrifício da minha barata voadora fez com que desaparecesse de Cuiabá o preconceituoso e desumano “Hospital Colônia de Alienados do Coxipó da Ponte”, surgindo em seu lugar o Hospital Adauto Botelho, modelo na época. 
A partir do “hospital dos loucos” cheguei à Secretaria de Educação do Estado, quando inseminei as sementes das duas futuras universidades federais (Cuiabá e Campo Grande). 
O ensino fundamental e médio passou por grandes transformações, com a qualificação dos professores e a criação e funcionamento dos “Ginásios Orientados para o Trabalho”. 
Depois, foram onze anos implantando no cerrado do Coxipó o orgulho de uma geração e a admiração e gratidão de todos - “A Cidade Universitária”, com seus professores e servidores valorizados, cursos voltados ao desenvolvimento regional e guardiã da nossa cultura e tradições. 
Outras tarefas desempenhei por seis secretarias de Estado, sempre trazendo inovações tecnológicas. 
A implantação do primeiro curso de Medicina em universidade privada no Estado, com Hospital Universitário próprio e Residência Médica, foram complementadas pela fundação e pela honra de ser o primeiro Presidente da Academia de Medicina de Mato Grosso. 
No mês da barata voadora a Academia Nacional de Escritores Médicos me convidou para ocupar a Cadeira nº 28 como Acadêmico Titular. Convite aceito. 
A indicação foi feita a minha revelia, por colegas de turma de medicina de 1960 da Faculdade de Medicina da Praia Vermelha (hoje UFRJ). 
Para quem não conhece o porquê da minha homenagem à barata voadora, recomendo a leitura de um antigo artigo que escrevi há alguns anos – “A Barata Voadora”, facilmente encontrado no Google. 
Nele conto que, se não fosse a firme decisão da minha mulher tomada no dia do nosso retorno à Cuiabá para início das minhas atividades profissionais como médico generalista, este artigo hoje não estaria sendo escrito, e nada do relatado teria tido a minha participação. 
Foi a decisão de permanecer nesta cidade, mesmo diante do pavor impensável do choque do corpo da barata no guarda roupa, com o tremendo ruído produzido na escuridão e o silêncio da madrugada, o responsável pelo resgate deste ponto luminoso. 
O outro lado fica o sempre mistério do “se”.  “Se” eu tivesse voltado para o Rio de Janeiro diante do pânico da minha companheira, o que teria acontecido em minha vida? 
Não há como se esquecer desta data - 31/07/1964! 
Obrigado, minha barata voadora!

13 de out. de 2015

Coletivo individual, por Gabriel Novis Neves

Coletivo individual
Parece paradoxal esse título, mas é exatamente o que nos passa esse mundo moderno em que, apesar de conectados, estamos a cada dia mais sozinhos.
A necessidade de serem aprovados nas suas ideias e comportamentos leva as pessoas a se exporem através das redes sociais, às vezes, de maneira excessiva.
Fomos tragados pela tecnologia!  O que é uma maravilha! Mas, em alguns casos, pode ser muito danosa!
Algumas pessoas, principalmente as mais jovens, querem estar conectadas durante todo o dia, e já não conseguem ter um pensamento próprio, até porque todas as crenças mudam em muito pouco tempo.
Tudo isso é assustador, uma vez que o número de dependentes digitais só faz crescer em todas as partes do mundo.
A falta total de privacidade, aliada à falta de liberdade de pensamento, já faz parte das pesquisas feitas pelas diversas mídias que catalogam pessoas pelas tribos às quais pertencem - alheias às suas preferências e comportamentos individuais.
Elas apenas seguem prazerosamente o coletivo.
Daí o melancólico termo “seguidores” a esses pobres coitados que, lamentavelmente, “seguem uma determinada pessoa ou um determinado grupo”.
Assusta-me que, inclusive, alguns idosos percam o seu precioso escasso tempo envolvidos em redes sociais e nas banalidades que muitas vezes as acompanham.
O aumento das mensagens recebidas, se levadas a sério, e, portanto, dentro do politicamente correto respondidas, já inviabilizam o tempo para o ócio criativo, esse sim, fundamental para um bom funcionamento cerebral.
Não sou contra a tecnologia, mas é preciso que as pessoas permaneçam lúcidas o suficiente para continuarem utilizando a informática a seu favor, e não, como um fator de embotamento aos seus sentidos, aos seus sentimentos e, principalmente, à sua inteligência.
Continuo duvidando muito da substituição do “olho no olho” ou de um abraço por qualquer outra forma de contato que não priorize preencher o grande vazio que costuma povoar o ser humano.
Todo o resto é pura fuga. 

12 de out. de 2015

Velho de idade, por Gabriel Novis Neves

Velho de idade 
Estou curtindo a minha nova fase de velho. Não sabia que iria compreender tanta coisa nova em tão pouco tempo. 
Por exemplo: aprendi que quando buscamos atividades novas, temos sempre estímulos cerebrais positivos, em que todos os nossos fluidos são revigorados.  
Sou da primeira metade do século passado, onde tudo era simples e as nossas utilidades eram mínimas, como uma caneta, um caderno, um par  de roupas. Os aviões eram bimotores, os bondes tinham estribos, as águas das praias e rios eram transparentes, as moças usavam saias redondas e o casamento era um só, com pessoas de sexo diferente. 
O amor era cauteloso, quase imperceptível, e a reprodução a maior meta. 
O mundo era um planeta gigantesco, no qual havia muito que descobrir. 
Todas as vezes que vejo uma imagem da Terra, uma coisa me intriga – nosso Planeta, como nós, muda de cara a cada fotografia. 
Será que esses milhões ou bilhões de planetas existentes possuem vida semelhante ao planeta Terra?  
Pela lógica devem existir planetas mais e menos desenvolvidos que o nosso. 
A descoberta de tipo de vida nos inúmeros planetas existentes na nossa galáxia será uma tarefa nossa, ou deles? 
Haveria por lá tanta miséria, violência, ignorância e maldade como o existente no modelito Terra? 
Esses seres inimagináveis precisam de tantos artifícios para sobreviver e serem felizes? 
A vida seria eterna? E como seria a comunicação entre eles e os seres de outros planetas? 
São tantas as dúvidas reinantes com relação ao que há fora do nosso mundinho, que seria melhor centrar aqui a nossa atenção e tentar melhorar a nossa qualidade de vida, e não, mantendo na penúria e na infelicidade sete bilhões de seres humanos.

11 de out. de 2015

Educar já, por Gabriel Novis Neves

Educar já 
Aumentar contingentes policiais nas ruas em nada contribuirá para que milhares de jovens, absolutamente sem perspectivas, parem de fazer os famosos arrastões pelas praias do Rio de Janeiro durante os finais de semana ensolarados. 
As autoridades detentoras do poder público precisam vivenciar as ruas, e não, se encastelarem em suas mansões, seus helicópteros, seus jatinhos. 
Moradores da orla da zona sul há muito advertem sobre o aumento da violência, visível a cada verão. 
As periferias que abraçam a cidade dão sinais de que não mais aceitam o estado de abandono e descriminação com que são tratadas há décadas. 
Belos fins de semana são convites ao deleite nas mais belas praias do mundo, até porque, é o único espaço democrático que sobreviveu à fúria da comercialização brutal da cidade. 
As periferias, totalmente abandonadas, suas praias poluídas, piscinas, as poucas existentes, contaminadas, ausência de saneamento básico, enfim, a injustiça social avassaladora. 
Continuamos confiando naquele bom humor carioca, na sua índole pacífica, mas, a realidade mostra que isso está desaparecendo com o agravamento da crise socioeconômica. 
São quinhentos e seis comunidades em busca de entretenimento e diversão a preço baixo. 
A luta de classes, antes despercebida no país, vem visivelmente se acirrando, inclusive através das redes sociais. 
É preciso que o sistema educacional leia imediatamente todos os sinais que a sociedade está mostrando a passos muito rápidos. 
A hora é de ações educativas imediatas, ou mergulharemos todos num grande conflito social de proporções incalculáveis.