Mostre-me um exemplo TRIBUNA DE URUGUAIANA: fevereiro 2018

26 de fev. de 2018

Mangueira carnaval 2018 desfile de domingo

Mangueira carnaval 2018 desfile de domingo

A verde e rosa foi a sexta agremiação  a desfilar no Grupo Especial das Escolas de Samba do Rio de Janeiro, na noite de domingo, 11 de fevereiro de 2018.

Com o enredo "Com dinheiro ou sem dinheiro, eu brinco", do carnavalesco Leandro Vieira, ficou em quinto lugar na classificação do Grupo e carimbou seu retorno à pista da Marques de Sapucaí , no Sambódromo Darcy Ribeiro, no desfile das Campeãs.

Ensaio fotográfico (C)2018 Valéria del Cueto, all rights reserved, para carnavalerio.com
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[embed]https://www.flickr.com/photos/delcueto/albums/72157690858271422[/embed]

Obrigado,  Meninos da Mangueira, ritmistas, diretores e mestres!  Junto com Rafaela Bastos, construímos uma nova página dessa  história.

O grupo Gres Estação Primeira de Mangueira, no FLICKR é o acesso para a coleção de registros da verde e rosa da fotógrafa.

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17 de fev. de 2018

Beija-flor campeã, Tuiuti vice “O quilombo da favela é sentinela da Libertação!”

CARNAVAL DO RIO: Estética realista, críticas ácidas, sambas de arrancarem lágrimas dos olhos. O título é de Nilópolis. Paraíso do Tuiuti surpreende.

Beija-flor campeã, Tuiuti vice

“O quilombo da favela é sentinela da Libertação!”

Texto e fotos de Valéria del Cueto

Dessa vez minha bola de cristal não vai errar. Informa que a TV Brasil atingirá, na noite desse sábado, a partir das 21:15h, sua maior audiência do ano, quiçá da década! Sintonize a emissora estatal para assistir ao espetacular Desfile das Campeãs do Grupo Especial do Carnaval do Rio de Janeiro de 2018.

Na Sapucaí, começará o ano eleitoral. Ao vivo e a cores para quem quiser acompanhar. Vem por aí tiro, porrada e bomba pelos os usurpados, ou ainda não, “direitos constituídos”. Depois de apanhar durante todo o ano de 2017 o povo do carnaval dá o recado em seu campo de jogo. No templo do carnaval, a Passarela do Samba, da síntese dos anseios populares, vem a catarse.

A primeira escola a desfilar será a Mocidade Independente de Padre Miguel. Ela veio ali, na ponta da apuração, até que as notas de fantasias deram a rasteira que a levou à sexta posição. Sua passagem, com seu samba num andamento um pouco lento para os especialistas, embalou a passagem da Santíssima Trindade, Nehru, Dom Hélder, Chico Xavier pelo Sambódromo e gerou belas imagens sob um dramático amanhecer carioca.


Com a verde e rosa aconteceu o contrário. Fotografando a bateria testemunhei os esforços dos meninos da Mangueira para darem conta do recado. Fantasias de bate-bola incluem máscaras tradicionais. Elas dificultavam a comunicação visual entre ritmistas, diretores e os Mestres Rodrigo Explosão e Vitor Art. E aí, foi superação. Do calor da indumentária à falta de elementos essenciais para a direção musical: o olhar e expressão para incentivar os componentes.


O carnavalesco Leandro Vieira ao interpretar a personagem não considerou a “persona” do ritmista. Gabaritou em fantasia, mas em bateria e comissão de frente perdeu. Teremos, certamente, uma ótima apresentação! A crítica carnavalizada e irreverente ao prefeito Crivella acertou em cheio. Se torna mais relevante no desfile de hoje depois dos temporais e outros problemas que colapsaram o Rio nos últimos dias. Ser o Judas do desfile é pouco, de acordo com os cariocas, diante da atuação do alcaide que está em viagem ao exterior.


A quarta colocada foi a Portela. A saga dos judeus que vieram para Pernambuco e, expulsos, fundaram New York, remete à crise dos refugiados pelo mundo e conta histórias de superação e pirataria. A carnavalesca Rosa Magalhães perdeu pontos em alegoria e fantasia. A comissão de frente e o samba também...

O Salgueiro bateu na trave com as “Senhoras do Ventre do Mundo”. É aqui que Mato Grosso entra no carnaval 2018. O quilombo do Quariterê é citado no enredo e no samba. É um dos lugares onde ecoam saberes representados por Teresa de Benguela, uma das heroínas quilombolas. Foi justo nesse último quesito que perdeu um décimo e botou o campeonato nas mãos da Beija-flor. A belíssima alegoria da Pietá Negra marcou o desfile.


A surpresa do ano foi, sem dúvida, a volta por cima do Paraíso do Tuiuti. De vilã do ano passado, graças a um dos acidentes que marcaram o carnaval de 2017, à unanimidade foi um longo caminho. Que passou pelo samba encomendado ao compositor Moacyr Luz e parceiros. Ele garantiu, no desempate, o inesperado vice-campeonato. A crítica contundente, a abertura impactante de sua comissão de frente e a - cereja do bolo -  o vampiro Temer tirando os direitos dos trabalhadores, atingiram em cheio o imaginário popular, sintetizando a insatisfação coletiva.


Embalada por um belo samba, o mais acessado nas mídias sociais, a Beija-flor, mais uma vez, arriscou uma mudança estética. Teatralizou, de forma realista e explícita as mazelas brasileiras. Descarnavalizou sua leitura. Não eram foliões, ou componentes de escola desfilando. Era eu, ou qualquer outra pessoa, ali. Vivendo a realidade. Nua e crua. Poderia ser você em qualquer das situações retratadas. Assim mesmo, sem fantasia...


 Para encerrar, um registro do passado dançou na bola de cristal de madame Valéria. Imaginem se Luciano Hulk tivesse virado enredo como chegou a ser cogitado lá pelo meio do ano? Ui...

*Valéria del Cueto é jornalista, fotógrafa e gestora de carnaval. Da série “É carnaval”, do SEM   FIM...  delcueto.wordpress.com

Transmissão: TV Brasil, 21:15h 
Ordem dos desfiles:
Mocidade Independente
Mangueira
Portela
Salgueiro
Paraíso do Tuiuti
Beija-flor.


Edição Enock Cavalcanti
Diagramação Luiz Márcio – Gênio

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15 de fev. de 2018

De volta ao passado - 2018 Uruguaiana BR

Sábado (17) meia-noite atrase o relógio em uma hora e receba de volta o que lhe foi tirado no ano passado. Em 2018 o Horário de Verão começará apenas em 04 de novembro. Motivo: eleições - 1º e 2º turnos. 

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11 de fev. de 2018

No axé, um canto de amor. Reaje, Rio!

Carnaval, resistência cultural
No axé, um canto de amor. Reage, Rio!

Texto e fotoa de Valéria del Cueto

Se o ano passado era crise, esse ano é perplexidade e arrependimento. O mundo do samba, declaradamente, ajudou a eleger seu principal algoz, o prefeito Marcelo Crivella.

Tem um quesito que as escolas são doutoras - e a cada ano aprimoram mais. A gestão do processo de produção carnavalesca envolve recursos e rubricas específicas de desembolso do início do segundo semestre em diante.

O corte na subvenção da prefeitura, sem aviso prévio e em cima da hora do repasse da primeira parcela da verba das escolas de samba (que só chegou no final do ano), foi apenas o prenúncio do desastre anunciado. A largada, dada com a fase inicial de produção nos barracões comprometida. Imaginem os efeitos nos grupos de Acesso. Eles só viram a cor do dindim oficial no dia 15 de janeiro, a menos de um mês do carnaval. Não adianta anunciar, no dia 11 de janeiro, R$ 38,5 milhões de patrocínios. Não há dinheiro que compre o tempo perdido de produção na gigantesca máquina da indústria do carnaval carioca de 2018.

O atraso piorou com a interdição da Cidade do Samba pelo Ministério do Trabalho, por mais de 30 dias, no último trimestre de 2017. Nesse período as escolas deveriam estar a pleno vapor produzindo fantasias, alegorias e carros. Para finalizar, nada de ensaios técnicos na Sapucaí. No lugar, a volta dos que não foram: foi anunciada com pompa e circunstância pela Riotur a Arena do Carnaval, na Barra da Tijuca. O “blocódromo” da Barra da Tijuca foi adiado 15 dias antes da folia e transferido para julho, acredite. Faltou gestão. Perdeu, Rio...

Mas o samba faz, essa dor dentro do peito ir embora”, então, vamos brincar mesmo com uma “atravessada” dessas...

Domingo de maratona: 7 agremiações

O poeta mato-grossense Manoel de Barros e suas miudezas embalaram o campeonato da Série A do Grupo de Acesso de 2017. É missão da comunidade da Serrinha abrir o desfile do Grupo Especial apresentando “O Império do Samba na Rota da China”, do carnavalesco Fábio Ricardo. “Deixa o povo cantar, matar a saudade do Império Serrano”.

Com “Academicamente Popular”, enredo de Jorge Silveira, a São Clemente avisa: “Hoje quem chorava vai sorrir!” e viaja pelos 200 anos da arte acadêmica na Escola de Belas Artes, fonte de tantos talentos do carnaval carioca.

O povo do samba é vanguarda popular”, ensina a Vila Isabel. “Corra que o futuro vem aí!” é o tema de Paulo Barros. O carnavalesco garantiu na apuração o campeonato de 2017 à Portela. Ele começa do fogo pré-histórico para imaginar onde chegaremos.

Não sou escravo de nenhum senhor...” avisam os compositores do belíssimo samba encomendado da Paraíso de Tuiuti. Jack Vasconcelos, seu carnavalesco, pergunta: “Meu Deus, meu Deus, está extinta a escravidão? A escola tenta superar a tragédia com seu carro alegórico ano passado.
Com “Vai para o trono ou não vai?” a Grande Rio homenageia Chacrinha. “Eu não vim para explicar, eu vou te confundir” é a dica do que esperar da estreia de do Mago Renato e Márcia Lage na escola de Caxias.

Leandro Vieira lançou o desafio: “Com dinheiro ou sem dinheiro, eu brinco”! E a Mangueira, sendo “mestre-sala na arte de improvisar”, responde batucando que “se faltar fantasia alegria há de sobrar, bate na lata pro povo sambar”.

A manhã vai chegar com a Mocidade Independente de Padre Miguel, protagonista de um episódio conturbado na Liga das Escolas de Samba, a Liesa. O que acabou, depois da abertura das justificativas dos jurados de 2017, lhe dando, também, o título de campeã, dividido com a Portela. E aí, “Padre Miguel chamou Shiva pro carnaval” no enredo de Alexandre Louzada “Namastê... A Estrela que habita em mim saúda a que existe em você”. “Pela tolerância entre os desiguais”, Altay Veloso e Paulo César Feital lideram o grupo de compositores que evocam “Nehru, Dom Hélder, Chico Xavier” em busca do “triunfo do bem e da fé”.

Maioria das campeãs desfila na segunda

Um coração urbano: Miguel, o Arcanjo das Artes, saúda e povo e pede passagem”, da Unidos da Tijuca, abre a segunda noite na Sapucaí. Num refrão, a intenção de dar a volta por cima e novamente protagonizar um carnaval: “As lágrimas de outrora já não rolam mais, se rolarem é de emoção”, referência ao segundo acidente com carro alegórico no desfile de 2017.

Vixi Maria lá no meio do caminho tem pirata no navio” para atrapalhar a viagem dos judeus de Pernambuco para Nova Iorque. Derrepentemente, “De repente de lá pra cá e dirrepente de cá pra lá...” a campeoníssima Rosa Magalhães vai atrás do título, dividido com a Mocidade no último carnaval. Madureira avisa, em alto e bom som, que “Lá vem Portela, é melhor se segurar, coração aberto quem quiser pode chegar”.

A União da Ilha canta o “Brasil bom de boca”, enredo de Severo Luzardo que “põe lenha no fogão, o aroma está no ar” para levar para a avenida “uma receita impossível de esquecer. Duas pitadas de amor, eu e você juntando a fome com a vontade de vencer”.

A mesma vontade que dá ao Salgueiro “calor que afaga, poder que assola”, para beber na fonte dos enredos africanos. Com “Senhoras do Ventre do Mundo” Alex de Souza busca na “herança que vem de lá, na ginga que faz esse povo sambar”, as raízes do melhor carnaval salgueirense.
Cahê Rodrigues “gira a coroa da Majestade Imperial”, no enredo “Uma noite real no Museu Nacional”. Da Imperatriz Leopoldinense para a Imperatriz Leopoldina, uma homenagem aos 200 anos de sua chegada ao Brasil e da criação dessa importante Instituição Cultural que ajuda a sacramentar: “samba de verdade, identidade Nacional

O dia raiará sob o arco da Apoteose com a Beija-flor e sua comissão de carnaval botando o dedo na ferida: “Você que não soube ensinar, você que negou o amor, vem aprender com a Beija-flor!”. Seu enredo é “Monstro é aquele que não sabe amar. Os filhos abandonados da pátria que os pariu”. E tenho dito!

*O samba fala por si. Os textos em itálico foram pinçados das letras das composições das respectivas escolas.

**Valéria del Cueto é jornalista, fotógrafa e gestora de carnaval. Da série “É carnaval”, do SEM   FIM... delcueto.wordpress.com

Ordem dos desfiles:
Dom: Império Serrano, São Clemente, Vila, Paraíso do Tuiuti, Grande Rio, Mangueira e Mocidade
Seg: Tijuca, Portela, União da Ilha, Salgueiro, Imperatriz, Beija-Flor

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7 de fev. de 2018

Mocidade carnaval 2018 ensaio técnico. Fotos e vídeo de Valéria del Cueto

Mocidade carnaval 2018 ensaio técnico

A Mocidade Independente de Padre Miguel foi a primeira escola de samba a passar pela Sapucaí na temporada que antecede o carnaval de 2018. Não aconteceram os tradicionais ensaios técnicos das agremiações nos finais de semana de janeiro, supensos esse ano. Houve apenas o teste de som e luz com as campeãs do Desfile do Grupo Especial das Escolas de Samba do Rio de Janeiro, Mocidade Independente de Padre Miguel e Portela, no domingo, 04 de fevereiro.

Após a cerimônia ecumênica e a lavagem da pista de desfiles pelas baianas de todas as escolas, a verde e branca de Padre Miguel abriu a pista.  Apresentando o enredo do carnavalesco Alexandre Louzada, “Namastê... A Estrela que habita em mim saúda a que existe em você”, a comunidade da Vila Vintem desfilou apioada por suas torcidas e o público presente no Sambódromo do Rio de Janeiro. Mestre Dudu conduziu a bateria "Não Existe Mais Quente". Veja o vídeo.

Mocidade carnaval 2018 ensaio técnico - fotos

Ensaio de Valéria del Cueto, para carnevalerio.com

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Mocidade carnaval 2018 ensaio técnico
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4 de fev. de 2018

Do Arpoador, fevereiro no Rio de Janeiro, por Valéria del Cueto


Do Arpoador, Rio de Janeiro verão 2018.

É fevereiro no Rio de Janeiro. Início do mês do carnaval, os sinais vem do céu e da terra. Do Arpoador, dois finais de tarde clássicos. O primeiro dia e o de Iemanjá, 02 de fevereiro.

Se a natureza tem algo a nos dizer e manda recados perceptíveis aos nossos sentidos, haverá muito a se estudar para concluir a mensagem enviada nos dois primeiros dias de fevereiro de 2018.

Lá pelas quatro da tarde, tudo era nublado, com nuvens pesadas vindas do sul. Mas a barra para aquele lado, estava clara. O que prometia que o pôr do sol fosse literalmente um visual.

Não deu outra em nenhum dos dois dias. No dia de Iemanjá, 02 de fevereiro, com o acréscimo visual do barco com as oferendas para a orixá saindo do Arpoador.

Como não havia areia na praia, por causa do movimento das marés, esse ano a festa foi apertada e acabou tomando a calçada do Arpoador. Preferi assistir de longe, na Pedra do Arpoador, depois de dar um tempo na Praia do Diabo.

Essa opção rendeu imagens interessantes já que o barco, o Posto 8 e o reflexo dos últimos raios de sol nos vidros dos prédios acabou na minha linha de "enquadramento e  disparo. 

 O ensaio fotográfico e os vídeos são de Valéria del Cueto para @no_rumo do Sem Fim

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Além das fotos, os vídeos que mostram o ambiente local.



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2 de fev. de 2018

Ninguém me tira, crônica carnavalesca de Valéria del Cueto

Ninguém me tira

Texto e fotos de Valéria del Cueto

Passando rapidinho. Que nem o sol andou fazendo nesse estranho verão carioca. Vai e volta entre nuvens e chuvas do céu do Rio de Janeiro. Bem de acordo com o(s)humor(es) da entidade que regerá o ano da graça de 2018. Falo de Iansã, a rainha dos ventos. Tá puxado! É quase carnaval e falta tudo. Saúde, segurança, educação e dinheiro no bolso. Sobra humor.

Antes de chegar na praia cruzo com muitos “empreendedores”. Carregam nas mãos placas de isopor recobertas por película prateada. Cada placa –são várias empilhadas– comporta quatro recipientes de... quentinhas! Como desembarco tarde no pedaço e vejo vários vendedores andando no sentido contrário deduzo que o horário de almoço terminou. Se dirigem ao ponto de encontro para o acerto de contas da féria do dia.

Na areia permanecem outras ofertas para alegria dos turistas que consomem de tudo um pouco: picolé, camarão, caipirinha, pau-de-selfie, óculos fajutos, queijo coalho, cigarros, cuscuz, brincos e pulseiras, biquínis, cangas, açaí...

Tudo que procuro é um espaço na praia superlotada. Não paro, nem penso. Embico para o lugar onde há lugar. É aqui, da Praia do Diabo, que conto as últimas sobre o Rio e o carnaval. Apropriado, não acha?

2018 já é o um verão inesquecível. Esse é o verão da falta. Para começar, dos ensaios técnicos da Sapucaí. Que falta estão fazendo na alma foliã da cidade! Olha que Deus castiga quem ousa interferir e inventar moda na festa que é do povo. Para o povo.

A segunda ausência é por falta de que mesmo? Não é de dinheiro. O que faltou para o feijão com arroz dos ensaios para maior espetáculo da terra na Passarela do Samba Darcy Ribeiro sobrou para a nova invenção anunciada e, depois, adiada da Riotur, do Prefeito Crivella.

A Arena do Carnaval no Parque dos Atletas, na Barra, onde blocos e escolas se apresentariam nas manhãs de carnaval, subiu no telhado semanas antes da folia.

A cereja do bolo do carnaval 2018, o blocódromo, foi transferida para julho. Ficamos sem Arena, sem os ensaios técnicos e com o dindim guardadinho na conta da cidade até julho. Uma nova forma de gerir recursos. Tipo uma roda quadrada para ser empurrada no meio da guerra conflagrada e da pobreza no Rio. Pelo menos ninguém mais vai esperar o prefeito para entregar a chave da cidade a quem de direito no Reinado de Momo.

Dá para adiantar algumas tendências da temporada. Aquela que será lembrada como “o ano em que a Rede Globo tentou provar por A+B que carnaval bom mesmo é... o de São Paulo!”. As vinhetas dos sambas das escolas cariocas do Grupo Especial são de chorar. Se equiparam a pobreza requentada da recatada Globeleza do ano passado. Nivelaram por baixo.

Nas ruas o sem dinheiro se reflete na simplicidade (o que incentiva a criatividade) dos adereços mais vendidos. Tiaras de flores? Old fashion. O hit são os arcos de cabelo com chifrezinhos de Unicórnio. Singelos saiotes de tule colorido com mais ou menos glitter e purpurina estão nas cinturas ou se transformam em outros adereços, como golas e perucas.

No quesito musical não há pobreza. Crivella é quase pule 10. Pau a pau com o “Libertador”. É Mato Grosso na fita e nas imagens, aguardem. O Ministro Gilmar Mendes, é o muso lacrador. Está em quase todas. Em algumas, como astro principal. “Alô, alô Gilmar, eu tô em cana, vem me soltar... Eu roubei, eu roubei, eu roubei, não estou preso atôa... Mas no mundo não há quem escape, de uma conversinha boa!”, explica o lendário João Roberto Kelly, autor de pérolas carnavalescas como “A cabeleira do Zezé”, numa uma singela marchinha, das várias que o citam e homenageiam. Entre tantos, um refrão caiu na boca do povo: “Ô seu Gilmar, ô seu Gilmar, tá soltando todo mundo, só não solta o Beira-mar”.

Essa é a autêntica irreverência carnavalesca. A que tira sarro de seus desafetos: o que solta e o que se empenha, numa cruzada “evangelizadora”, em tentar dobrar o indomável espírito folião carioca. Não vai rolar. Aguarde as ruas, não perca a Passarela do Samba...

*Valéria del Cueto é jornalista, fotógrafa e gestora de carnaval. Da série “É Carnaval”, do SEM   FIM... delcueto.wordpress.com

As marchinhas citadas

João Roberto Kelly e "Alô, alô, Gilmar"

Boca Nervosa canta " Alô Gilmar"

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1 de fev. de 2018

É tão delicado e sonoro que embala o ser como n'um balanço de bebê - Uruguaiana



Eu venho de lá, onde o bem é maior. De onde a maldade seca, não brota.
De onde é sol, mesmo em dia de chuva e a chuva chega como benção.
Lá sempre tem uma asa, um abrigo para proteger do vento e das tempestades. Eu venho de um lugar que tem cheiro de mato, água de rio logo ali e passarinho em todas as estações.
Eu venho de um lugar em que se divide o pão, se divide a dor e se multiplica o amor. Eu venho de um lugar onde quem parte fica para sempre, porque só deixou boas lembranças.
Eu venho de um lugar onde criança é anjo, jovem é esperança e os mais velhos são confiança e sabedoria. Eu venho de um lugar onde irmão é laço de amor e amigo é sempre abraço. Onde o lar acolhe para sempre, como o coração de mãe.
Eu venho de um lugar que é luz mesmo em noite escura. Que é paz, fé e carinho. Eu venho de lá e não estou sozinho, “sou catador de lindezas”, sobrevivo de encantamento, me alimento do que é bom, do bem. Procuro bonitezas e bem querer, sobrevivo do que tem clareza e só busco o que aprendi a gostar.
Não esqueço de onde venho e vou sempre querer voltar. Meu lugar se sustenta do bem que encontro pelo caminho, junto a maços de alfazema e alecrim.
Assim, sou como passarinho carregando a bagagem de bondade, catando gravetos de cheiro, para esquentar e sustentar o ninho…
Talvez a vida tenha feito você acreditar que este lugar não existe. Te digo: tem sim, é fácil encontrar.
Silencie, respire, desarme-se, perceba, é pertinho… Este lugar que pulsa amor é dentro da gente, é essência, está em cada um de nós. Basta a gente buscar.”  Rita Maidana


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