Mostre-me um exemplo TRIBUNA DE URUGUAIANA: PAPAI PREFEITO - de Rônei Rocha

14 de nov. de 2010

PAPAI PREFEITO - de Rônei Rocha

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> o médico psiquiatra e colunista do Tribuna Rônei Rocha tem conferência e conversa com leitores no dia 28 de novembro, às 17h, no Salão Nobre da Prefeitura. o evento faz parte da programação da 34ª Feira do Livro de Uruguaiana.

Três semanas atrás, após a minha coluna sobre educação ter sido publicada no blog do Tribuna, muitos comentários anônimos foram postados, todos obviamente falando a respeito… do nosso prefeito municipal.
Fiquei um tanto surpreso, pois não consegui enxergar uma relação entre o tema da coluna e o que os anônimos estavam escrevendo. Somente pude interpretar que os leitores estivessem aproveitado a oportunidade de expressar livremente o que para eles é importante, sem medo de serem reconhecidos, e, talvez, atacados. Ao mesmo tempo foi uma pequena amostra da paixão que a política é capaz de despertar nas pessoas, num amor e ódio clássico.
Existe uma relação bem íntima entre como nos relacionamos com a nossa família e como iremos nos relacionar com as figuras de poder durante a nossa vida. Caso nossos pais não nos tenham protegido adequadamente, ou, pior ainda, tenham sido injustos conosco, e não consigamos descascar esse abacaxi, provavelmente vamos nos sentir prejudicados cada vez que nos depararmos com outra autoridade. Seja ela injusta ou não.
Deixando de lado a realidade, é isso que explica, por exemplo, porque é tão comum passarmos a ter desavenças com um amigo, com o qual nos relacionávamos muito bem, depois que ele simplesmente se tornou o síndico do edifício  — ou também porque ele mudou quando virou o síndico do edifício.
Os prefeitos estão ocupando uma posição na qual deveriam ser como bons pais, mas muitos de nós queremos ser o filho preferido, e que eles resolvam todos os nossos problemas. Já os governadores e presidentes estão longe demais, e suas ações, embora nos atinjam diretamente, ficam amortecidas pela distância. São como avós que moram longe, só ficamos brabos com eles se realmente fizerem algo de muito grave. Vereadores representariam os irmãos ou primos, dos quais esperamos intimidade e favores.
Isso explica por que os candidatos costumam apresentar-se como pais-heróis, salvadores da pátria que irão promover sozinhos verdadeiros milagres, e, mesmo assim, são eleitos. Mas também explica por que esses mesmos eleitores aceitam passivamente as maiores barbaridades cometidas pelos governantes, limitando-se a falar mal deles. Afinal, parente é parente, e a mamadeira não estava tão fria assim.


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Um comentário:

Anônimo disse...

bó que show tribuna
quem sabe a vanessa não seempolga e conta onde pinta o cabelo heuin?