Mostre-me um exemplo TRIBUNA DE URUGUAIANA: 3a. Guerra Mundial

10 de ago. de 2011

3a. Guerra Mundial

texto de Rônei Rocha

Diz o ditado que, na medicina e no amor, nem sempre, nem nunca. A vida teima em não seguir fielmente uma lógica, e, às vezes, o sentido está onde menos imaginamos. Seria de se esperar, por exemplo, que os maiores marcos na história da saúde mental fossem o descobrimento de algumas medicações, como antipsicóticos ou antidepressivos. Mas não; a descoberta da penicilina foi mais importante, porque passou a curar a sífilis, que, na sua etapa neurológica, era a principal responsável por provocar a loucura nas pessoas. Vai daí que os períodos de maior calmaria nas doenças mentais se passaram durante as grandes guerras. Depois que elas terminavam, o saldo era de muitos milhões de sequelados emocionais entre soldados e a população em geral, mas enquanto duravam os combates a guerra como que promovia quase todos à normalidade. Quem seria taxado de paranóico se o seu vizinho, realmente, poderia estar lhe espionando? Esquizofrênico? Captando um sinal de rádio dentro da cabeça? Que sorte a deste vivente, que assim não precisava ficar tão obcecado em busca das ondas curtas como o restante da população. Mais que tudo, um período de desgraças democraticamente amplas, gerais e irrestritas pode provocar nas pessoas uma sensação, por vezes inédito, de estar em harmonia com o mundo. Durante os grandes conflitos mundiais, o planeta inteiro mergulha num surto de loucura. E já que o louco, por definição, é o diferente, então estaríamos todos normais. Realmente o povo identifica, com certa razão, que debaixo do mau tempo e das pelejas da vida as pessoas não se deprimem tanto. Essa é somente uma das razões pela qual os deprimidos escutam que só estão assim por falta de preocupações reais maiores para ocupar a sua cabeça. No entanto, os que dizem isto, da verdade não sabem um terço, porque a depressão quase nunca é aguda; ela se apresenta como a conta depois de muito tempo maltratando o corpo e a mente. É por estas e outras que, hoje e sempre, tantas pessoas se transformam em um completo exército de um homem só. Querem, à base de muita revolta, fazer do mundo um verdadeiro palco de batalhas, ainda mais belicoso, triste e injusto do que já é; porque assim ele não destoa do seu mundo interior. Verdadeiros trombeteiros do apocalipse, esta gente vive anunciando que a humanidade está perdida, e que, bons mesmo, só os tempos passados. Tempos em que ele nem viveu, convém salientar. Caso alguém tenha o atrevimento de se declarar uma pessoa satisfatoriamente feliz, que se prepare, pois ele a taxará de alienada, sem consciência social ou egoísta. Um John Lennon mal compreendido; podemos dizer que ele é um sonhador; e certamente não é o único; ele espera que um dia todos nos juntemos a ele; e o mundo será como um só. Imagine todas as pessoas vivendo a vida no buraco. Não haverá buraco.

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Mundo dos Livros, Banca da Praça, Café da Praça

Um comentário:

Anônimo disse...

O correto não seria Rônei Rocha (com os dois "r" maiúsculos???). Erro na capa do livro. O dr. não merece isso.