Mostre-me um exemplo TRIBUNA DE URUGUAIANA: setembro 2023

19 de set. de 2023

Ainda somos. Ainda... - crônica de Valéria del Cueto



Ainda somos. Ainda...

Texto e fotos de Valéria del Cueto

Buenas que me achego, querida cronista, e vamos ao que interessa pois sei que, por mais humano que ande ultimamente, não posso ser o motivo do atraso da publicação regular dessas crônicas (In)finitas. Seria o fim da picada do Sem Fim que o único frequentador dessas páginas literalmente de outro planeta tenha uma atitude tão característica dos terráqueos: o famoso “deixar o outro na mão”. Destaco que é pelo raio de luar que invade sua cela que lamento a falta de tempo para burilar melhor essa cartinha.

Acontece que os fatos se atropelam e abalroam de uma forma alucinante por aqui. De uma passagem meteórica pela ArtRio, na Marina da Gloria, pra beber da fonte das artes contemporâneas naquela paisagem deslumbrante carioca, vindo das enchentes que assolaram o “Sul Maravilha” (como dizia a iludida Graúna de Henfil), pluctplacteei direto para New York. Aqui, líderes mundiais se reúnem na 78 Assembleia Geral da ONU, com o lema “Paz, Prosperidade, Progresso e Sustentabilidade”. Se quiser acompanhar e ter um choque de (i)realidade é só se ligar no canal da ONU.

Ao contrário dos últimos encontros mundiais, as agendas estão lotadas de reuniões e compromissos brasileiros referentes a temas prementes como a Guerra da Ucrânia, a divisão das riquezas e a erradicação da pobreza, o colapso climático, fontes renováveis de energia, a preservação da Amazônia. De novo é que é o Velho que recoloca o Brasil na foto das pautas essenciais da humanidade.  

Cronista, o planeta está estrilando! Emitindo sinais pra todos os lados que seu esgotamento. Nos continentes e oceanos há indicações desse exaurimento. As emergências climáticas pipocam com força e amplitude. Não precisamos ir longe, geográfica e temporalmente.

Essa semana acaba o inverno e começa a primavera. Depois do junho mais quente, o julho suplantando o mês anterior e um agosto campeão no quesito, a meteorologia alerta que por esses dias as temperaturas serão recordes aí no Brasil. Se no Sul anunciam mais uma “onda de chuvas”, a panela do Planalto Central chia de tão aquecida e irradia seu insuportável calor de mais de 40 graus para o restante do país. Sem o alívio ou pena de quem, apesar dos alertas, anda a devastar a Floresta e o Cerrado acabando com o corredor de nuvens que vem da Amazônia.

Pensa, cara cronista isolada voluntariamente do outro lado do túnel, na diferença de abordagem do Brasil nesses e outros temas perante os governantes globais. Não que adiante muito, já que falar é mais simples que fazer. Mas, convenhamos, já é um avanço.

Enquanto aqui na Terra o pau está quebrando pra todos os lados, num mundo cada vez mais radicalizado em larga ou pequena escala (agora, a República Dominicana fechou suas fronteiras com o Haiti), a exploração espacial avança tão rápida como a velocidade do som multiplicada pela da luz. A Rússia não conseguiu sucesso na sua missão espacial. Já a Índia chegou ao lado escuro da lua. Lembrei muito do dia em que tive o prazer de, por seu intermédio, ouvir “Dark Side of the Moon”, do Pink Floyd. Sabia que lançaram uma versão remasterizada para os 50 anos do grupo? Tão poético...



Também anunciaram a existência de um planeta “com sinais de vida”. O K2-18b é oito vezes maior que a Terra e está logo ali, a 120 anos luz daqui, na constelação, veja só, de Leão. Aliás, assim como quem não quer nada continuam aparecendo evidências de que extraterrestres circulam ou já estiveram no pedaço. Até corpos preservados foram apresentados na Câmara dos Deputados do México!

Cronista, vou parar por aqui. Sei que o assunto parlamentar aguça seu interesse. Mas, parodiando um hino da Portela, composição do saudoso Monarco (aprendi bem) “...se for falar da Câmara dos Deputados brasileira, hoje eu não vou terminar...” E olha que o assunto não envolve corpos de extraterrestres, mas múmias insepultas que assombram a vida política do país. As que tentam deixar o governo federal refém de suas já conhecidas e contumazes falcatruas, como o famigerado orçamento secreto e a distribuição desigual de cargos e ministérios para a aprovação das pautas de interesse popular.

Melhor deixar pra próxima missiva, porque tem assunto pra mais de metro...    

*Valéria del Cueto é jornalista e fotógrafa. Crônica da série “Fábulas Fabulosas” do SEM FIM... delcueto.wordpress.com



Studio na Colab55

6 de set. de 2023

Vai quem quer - crônica de Valéria del Cueto


Texto e fotos de Valéria del Cueto

Não vou nem dar tempo para pensar. É pegar e não largar. Começar a escrever. Como prometi no último texto. Fiquei pensando nessa dificuldade de manter uma produção regular do que escrevo no papel (na cabeça é o tempo todo).

Depois de desistir de encontrar uma causa-mor e com receio de elencar razões tão poderosas que me convençam a, ao materializá-las no papel, largar mão desse que é um dos meus ofícios desde 2004 (se não me falha - o que é possível- a memória, mudei o rumo da prosa. Não chego aos pés da produção sensacional de Gabriel Novis Neves mas garanto um honroso lugar nesse quesito de contação.

Enfim optei por um argumento que, espero, não me leve a nenhuma medida drástica e definitiva. Acontece que no momento estou dando um tiro um pouco mais longo. É um texto com mais do que as duas laudas convencionais do espaço que ocupo e, vez por outra, extrapolo nas páginas do Ilustrado do Diário de Cuiabá.

Cada vez que largo esse trabalho que, diga-se de passagem, vem sendo atropelado por outras missões, mudo o foco e perco o fôlego dessa maratona literária.

Foram algumas paradas para selecionar imagens para as exposições “A força feminina do Samba”, no Museu do Samba, aberta no final de julho; “Artesania Ancestral nos 95 anos da Mangueira”, no CRAB/Sebrae, agora no final de agosto, e a “Mangueira - Carnaval 2023”, no mezanino do Centro de Memória Verde e Rosa do Palácio do Samba. Essa, ainda sem data para a abertura.

Estou concentrada e vendo passar ao longe vários eventos que estão marcando a já iniciada temporada do carnaval 2024.

O mais interessante até o momento é, sem dúvida, a Fênix renascida da escolha do Rei Momo e da Corte Carioca. O que mudou? Pra começar a data da disputa. Saiu de um período cheio de eventos no final do ano para uma época em que há um vácuo na agenda da folia.

A segunda mudança foi a indicação das concorrentes que deixou de ser individual e passou a ser feita pelas agremiações. O povo do samba assumiu disputa e acatou a demanda. Pontaço pra a Riotur. As comunidades vestiram as cores de suas camisas e ocuparam a Cidade do Samba defendendo e torcendo por seus candidatos a Rei Momo, Rainha e Princesas do Carnaval 2024.

Foi um sucesso de público e engajamento nas redes sociais. E, se não rompeu, deixou a bolha carnavalesca em evidência por várias semanas seguidas recheada de mulheres divinas. As eliminatórias e a final transmitidas pelo youtube.

A escolha da corte emenda com as disputas dos sambas enredo que prometem e lotarão as quadras, agitando o mundo do carnaval, até o feriadão de outubro. É o prazo para que as obras sejam definidas e as escolas entrem em estúdio para as gravações oficiais.

Exatamente para fugir dessa agitação é que me isolei no meio do mundo. Também é por isso que me esforço em manter a periodicidade das crônicas novamente. Se não for dessa maneira corro o risco de perder o contato com o mundo exterior, mergulhada no texto e imagens que exigem fôlego de nadador.

No caso atual de nadador com pouca ou nenhuma experiência em tiros longos, como o que me proponho agora. Confesso me dá um certo medinho de morrer nessa praia desconhecida e, por enquanto, inóspita.

O que me salva e segura minha onda são as participações coletivas nas exposições que mencionei, e, informo, ficarão abertas por bastante tempo.

Até o final do ano, no caso da “A força feminina do Samba”, e, esticadas para depois do carnaval, a do CRAB/Sebrae e a do Centro de Memória.

Deixo aqui, caros e fiéis leitores que passarem pela Cidade Maravilhosa, um convite para visita-las. Quem sabe, avisando com antecedência, não saio do meio do mundo para uma visita guiada?

*Valéria del Cueto é jornalista e fotógrafa. Crônica da série “É Carnaval” do SEM FIM... delcueto.wordpress.com

Studio na Colab55